Monday, 18 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Impunidade ameaça liberdade de expressão

Um ano e meio após o assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, no interior de São Paulo, familiares relatam ameaças. A suspeita é de que a pressão que sofrem na cidade esteja relacionada à sua atuação nas investigações.

Logo depois do assassinato de Barbon, em 5 de maio de 2007, sua casa foi atacada e sua esposa, Kátia Rosa Camargo, recebeu diversas ligações silenciosas. Em fevereiro de 2008, depois de dar entrevista a uma emissora de TV nacional, Kátia recebeu uma ligação na qual lhe disseram para que se calasse ou teria o mesmo destino do marido. No dia 12 de novembro de 2008, Kátia foi despedida de seu emprego de secretária na Rádio Primavera, de Porto Ferreira. No mesmo dia, minutos depois, o jornalista João dos Reis (conhecido como Jota Reis) também foi demitido. Após o assassinato de Barbon, Reis foi responsável pela cobertura do caso na rádio Porto FM, onde trabalhava como repórter. Com o tempo, porém, foi proibido de noticiar o caso e foi transferido para um programa musical até ser finalmente demitido. Kátia e o advogado da família, Ricardo Ramos, acreditam que a demissão esteja relacionada à sua atuação nas investigações sobre o assassinato de seu marido.

Medo e autocensura

Luiz Carlos Barbon Filho trabalhava para a rádio Porto FM e escrevia nos jornais Jornal do Porto e JC Regional quando foi assassinado com dois tiros em um bar próximo à rodoviária da cidade. Segundo sua esposa, há algum tempo Barbon recebia ameaças de morte por telefone e e-mail. Na época do crime, ele investigava um esquema de roubo de cargas na região de Porto Ferreira que envolvia autoridades locais. Cinco homens, dos quais quatro são policiais militares, são acusados pelo crime e encontram-se detidos. Dois deles apresentaram recurso e os outros três serão levados a julgamento perante júri popular, que ainda não foi marcado.

A Artigo 19 expressa solidariedade com a família de Barbon e pede aos investigadores que garantam que todos os responsáveis pelo crime sejam levados à justiça e que suas motivações sejam reveladas. A impunidade em casos de violência contra jornalistas leva ao medo e à autocensura e, a menos que tais crimes sejam rapidamente investigados e julgados, a liberdade de expressão permanece sob ameaça. A Artigo 19 pede também às autoridades que investiguem todos os aspectos do crime para que a segurança dos que demandam justiça seja garantida.

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Artigo 19 é uma organização independente de direitos humanos que trabalha em diversos países na proteção e promoção da liberdade de expressão e do direito à informação. Seu nome vem do artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante a liberdade de expressão