Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Incêndio criminoso na redação da Tribuna do Povo

Repórteres Sem Fronteiras condena veementemente o ato que levou ao incêndio que acabou por destruir a sede da redação do bimestral Tribuna do Povo, ocorrido no dia 9 de abril de 2007, em Várzea da Palma, no estado de Minas Gerais (Região Sudeste). A entidade espera que os autores do ocorrido sejam rapidamente identificados. O episódio tem semelhança com um outro incêndio ocorrido no estado de São Paulo há menos de dois anos.

‘O incêndio criminoso da redação da Tribuna do Povo nos faz lembrar, com pesar, um outro incidente que provocou a destruição da sede de um diário e de duas estações de rádio em Marília, no estado de São Paulo, em setembro de 2005. Esses veículos pagaram um preço alto por críticas regulares que vinham fazendo à administração do prefeito local. Não se pode descartar a hipótese de que o incêndio de agora tenha as mesmas motivações, já que a Tribuna do Povo também atuava na mesma linha editorial. De qualquer forma, esperamos que as autoridades identifiquem rapidamente os autores desse episódio’, declarou Repórteres Sem Fronteiras.

A sede da Tribuna do Povo, publicação bimestral situada em Várzea de Palma (300 quilômetros ao Norte de Belo Horizonte), foi seriamente atingida por um incêndio na manhã do dia 9 de abril. O ocorrido destruiu principalmente o mobiliário da redação e os computadores. Felizmente, não havia ninguém no local na hora do incêndio. Um morador vizinho ao prédio alertou a polícia. Ao chegarem ao local, os policiais encontrarem galões de combustível. A perícia concluiu que se tratava de um incêndio criminoso. Os encarregados de investigar o episódio, no entanto, não têm pistas sobre os possíveis envolvidos.

Políticos absolvidos

Fundado e dirigido por Dirceu Marques de Oliveira e Artur Nascimento, que se encontravam fora da cidade no momento do incêndio, Tribuna do Povo denunciou inúmeras irregularidades na gestão de fundos públicos na cidade de Várzea de Palma.

Em Marília, as suspeitas de irregularidades levantadas pela imprensa local contra homens públicos da cidade, incluindo o ex-prefeito Abelardo Camarinha, foram apontadas como o principal motivo para o incêndio criminoso que atingiu, no dia 8 de setembro de 2005, o Diário de Marília e as estações de rádio Diário FM e Dirceu AM. No dia 25 de janeiro de 2006, a justiça do estado de São Paulo condenou os três acusados a 12 anos de prisão. Abelardo Camarinha e seu filho Vinícius, deputado pelo estado de São Paulo, que acabaram absolvidos, organizaram uma operação para impedir a circulação do Diário de Marília no dia 3 de outubro de 2006, data marcada para as eleições gerais no país.

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