Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalista é baleado em Oaxaca

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o ataque a tiros contra um jornalista mexicano que havia recebido ameaças de morte vinculadas à sua investigação sobre o assassinato, no ano passado, de um jornalista norte-americano durante violentas manifestações de rua na cidade de Oaxaca, no sul do país.

Na noite de terça-feira, um indivíduo não identificado disparou duas vezes contra Misael Sánchez Sarmiento, jornalista do diário Tiempo, de Oaxaca, em frente à sua residência nos arredores da cidade, que fica 520 quilômetros a sudeste da Cidade do México, informou ao CPJ o diretor do jornal, Wenceslao Añorve. Sánchez, que ficou ferido na mandíbula e na perna esquerda, se encontrava em condições estáveis após uma cirurgia.

Sánchez cobre a área política e participa de uma equipe de investigação do diário. Havia recebido ameaças de morte em novembro de 2006, depois de noticiar sobre o assassinato, ocorrido no mês anterior, do jornalista norte-americano Bradley Will, documentarista independente e repórter do site Indymedia.Will foi assassinado enquanto cobria um enfrentamento entre ativistas e agentes do governo na capital provincial.

Manifestação de professores

Añorve afirmou que desconhecia qual havia sido o motivo do ataque, mas acredita que esteja vinculado ao trabalho jornalístico de Sánchez. A polícia local e a procuradoria de justiça de Oaxaca estão investigando o incidente, acrescentou.

‘Condenamos o ataque a Misael Sánchez Sarmiento’, declarou Joel Simon, diretor-executivo do CPJ. ‘Instamos as autoridades de Oaxaca a investigar profundamente esta agressão e a apresentar à justiça todos os responsáveis.’

O Tiempo é um jornal pró-governo que criticou o grupo antigovernamental de esquerda Assembléia Popular do Povo de Oaxaca (APPO), que enfrentou, no ano passado, as autoridades locais durante um conflito que manteve a cidade paralisada durante meses.

O conflito começou em junho, quando as autoridades locais usaram gás lacrimogêneo para reprimir uma manifestação de professores em greve. Essa ação motivou os ativistas de esquerda a saírem às ruas para exigir a destituição do governador de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz. Ambas as partes do conflito atacaram os meios de comunicação enquanto realizavam a cobertura dos distúrbios. O conflito alcançou seu auge com o assassinato de Will, em outubro.

Medidas concretas

Desde o ano de 2000, seis jornalistas foram assassinados em represália direta por seu trabalho, enquanto o CPJ continua investigando as circunstâncias que cercam outros 12 assassinatos. Além disso, outros cinco jornalistas estão desaparecidos desde 2005, sendo que três deles desapareceram somente neste ano.

Em 9 de maio, uma delegação do CPJ se reuniu com o embaixador mexicano nos Estados Unidos, Arturo Sarukhan Casamitjana. A delegação instou o governo federal do México a adotar medidas concretas para proteger a liberdade de imprensa e a processar os responsáveis pelos crimes contra jornalistas. [Nova York, 13 de junho de 2007]

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo