Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista é inocentado de crime

O jornalista mineiro José Cleves da Silva, acusado pela polícia de ter matado a sua mulher em dezembro de 2000 – em um flagrante crime contra a liberdade de imprensa (uma arma foi colocada no lugar do assalto para incriminar o então repórter do jornal Estado de Minas, segundo conclusão da Justiça), finalmente teve o seu drama encerrado.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, dia 27 de agosto, provimento ao agravo de instrumento impetrado pelo Ministério Público contra a absolvição do jornalista à unanimidade de votos, em abril de 2006, pelo 1º Tribunal de Júri de Belo Horizonte, e determinou o arquivamento em definitivo do volumoso processo, com mais de 1.600 folhas.

Cleves era, à época do assalto, pela terceira vez consecutiva, finalista do Prêmio Esso de Jornalismo, região Centro-Oeste, com reportagens denunciando a corrupção policial. O jornalista foi indiciado em cinco dias de investigação pela polícia, que enviou à Justiça um revólver ‘encontrado’ próximo ao local onde ocorreu o assalto dois dias depois e que teria sido utilizado pelo repórter para matar a sua mulher, mãe de seus cinco filhos.

Uma reportagem do Fantástico, que foi ao ar no dia 21 de janeiro de 2001, com a versão da polícia, foi exibida no dia do julgamento ‘como prova do crime’, segundo a acusação, mas o advogado do jornalista, Marcelo Leonardo, derrubou a tese de homicídio, provando que o revólver foi ‘plantado’ no local para incriminar o réu.

Corrupção policial

Houve, na verdade, segundo a defesa de Cleves, dois depósitos do revólver: um no dia 12, sobre pedras, e outro no dia 19, sobre um pano preto utilizado pela polícia para insinuar que o repórter usou uma luva para apagar as provas do crime. A segunda foto substituiu a primeira no laudo de levantamento do local. O pano desapareceu do processo.

Conhecido por suas denúncias contra a corrupção policial, Cleves é autor do livro Distrito Zero, que narra a execução do repórter policial do Correio Braziliense Mário Eugênio, por policiais civis e militares do Exército, em 1984. O assalto ocorreu à véspera do lançamento do livro.

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Jornalista, professora de Fotojornalismo