Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista espancado e morto em praça pública

O jornalista Ajuricaba Monassa de Paula foi assassinado entre 17h e 18h de segunda-feira (24/7), no município de Guapimirim, interior do estado do Rio de Janeiro, num incidente com o vereador Osvaldo Vivas, a quem ele vinha acusando de práticas irregulares.


Monassa discutia com um irmão ou primo do vereador, Alfredo Vivas, na praça onde fica o Clube Central, o principal da cidade, quando Osvaldo Vivas interveio na discussão e passou a espancá-lo com extrema brutalidade. Faixa-preta de luta marcial, Osvaldo Vivas só cessou a violência quando Ajuricaba Monassa, de 73 nos, tombou exangue na praça, onde foi submetido a técnicas de ressuscitação. Removido para o Hospital de Parada Modelo, distrito do município vizinho de Duque de Caxias, Monassa não resistiu aos ferimentos.


Ajuricaba Monassa, que faria 74 anos no dia 5 de novembro, foi técnico de Comunicação Social do Ministério do Trabalho, no qual passou depois, por concurso público, a inspetor do Trabalho. Ele iniciou a vida profissional muito jovem, no começo dos anos 1950, no jornal Imprensa Popular, diário mantido no Rio pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Depois, trabalhou em diferentes publicações.


No começo dos anos 1980, a convite de Leonel Brizola, participou dos atos de fundação e estruturação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), cujo Diretório Nacional integrou. Há cerca de dez anos radicou-se em Guapimirim, onde se dedicava ao comércio, mas sem abandonar a antiga militância e a preocupação com a coisa pública. Ele deixa viúva e dois filhos adolescentes do segundo casamento, além de um filho do primeiro casamento. Seu corpo foi sepultado na tarde de terça-feira (25/7), no Cemitério Bananal, em Guapimirim.


A ABI enviou mensagem à governadora Rosinha Garotinho pedindo a sua intervenção pessoal para apuração das circunstâncias da morte de Monassa e a responsabilização penal do vereador Osvaldo Vivas e seus parentes, em face dos riscos de, por influência política, o caso ser abafado e os matadores ficarem impunes. ‘Aqui em Guapimirim a barra é muito pesada’, disse um amigo de Ajuricaba Monassa, ao pedir que a ABI reclame a apuração do incidente.


Ajuricaba Monassa ingressou na ABI em 28 de julho de 1981, tendo como proponente Henrique Miranda, de quem fora companheiro no jornal Emancipação, criado pelo PCB para a campanha ‘O petróleo é nosso’.


Apelo à governadora


O apelo da ABI à governadora fluminense Rosinha Garotinho foi feito em telegrama do seguinte teor:


‘Encareço o interesse pessoal de Vossa Excelência junto à Secretaria de Estado de Segurança Pública para apuração do assassinato do jornalista Ajuricaba Monassa de Paula, vítima de brutal espancamento por parte do Vereador Osvaldo Vivas numa praça pública do município de Guapimirim, na tarde desta segunda-feira, dia 24. Teme a ABI que o crime seja abafado e os matadores de Ajuricaba Monassa fiquem impunes, porque, como disse um companheiro de Monassa ao pedir a intervenção da ABI junto a Vossa Excelência, ‘a barra em Guapimirim é muito pesada’. Cordialmente, Maurício Azêdo, Presidente da ABI.’

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