Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornalistas foram investigados por serviço secreto

Funcionários do serviço secreto alemão (BND) investigaram ilegalmente durante anos a vida particular e profissional de jornalistas, segundo um relatório confidencial de 170 páginas preparado pelo ex-juiz do Supremo Tribunal Federal Gerhard Schäfer e apresentado em um comitê parlamentar que investiga o órgão.

O relatório de Schäfer também revelou que o serviço secreto pagou a jornalistas para espionarem seus colegas. O BND estava especialmente interessado em editores da revista Der Spiegel. Schäfer citou o nome de cinco jornalistas que forneceram informações sobre seus colegas de trabalho de forma voluntária ou sob interrogatório. O serviço secreto também monitorava constantemente lugares freqüentados por estes jornalistas, como restaurantes. De acordo com o ex-juiz, a prática era ‘claramente ilegal, desproporcional, e constitui um ataque à liberdade de imprensa’.

Um jornalista da revista Stern, que trabalha atualmente para o jornal Süddeutsche Zeitung, foi seguido em janeiro e fevereiro de 1996; um repórter da revista Focus foi investigado por anos; e um editor do jornal Südwest Presse também foi vigiado pelo órgão. A casa do jornalista Erich Schmidt-Eenboom, que publicou um livro em 1993 sobre o BND, era constantemente monitorada.

Jornalistas-espiões

Um ex-repórter da Focus recebeu US$ 400 mil entre os anos de 1982 e 1998 para fornecer informações de outros jornalistas. A revista confirmou ter demitido um funcionário no ano passado por espionagem. ‘Estamos surpresos que o BND tenha um esquema de vigilância de jornalistas dentro da Alemanha’, afirmou um porta-voz da Focus sobre o órgão criado há 50 anos para operar no exterior.

O BND admitiu na semana passada que o órgão cometeu erros. ‘O ex-presidente do BND August Hanning e seu sucessor, Ernst Uhrlau, tiveram encontros com jornalistas há seis meses e reconheceram que erraram’, informou um porta-voz do serviço secreto. A Associação de Jornalistas da Alemanha (DJV) afirmou que as revelações do relatório são ‘escandalosas’ e pediu a divulgação do documento. ‘É inaceitável que um relatório com este conteúdo seja mantido a portas fechadas’, argumentou o presidente da DJV, Michael Konken. Informações da Deutsche Welle [12/5/06].