Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Justiça ou vingança?

Pela segunda vez, a direção da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) junta-se à turba para gritar vingança, e não justiça. A primeira, quando a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por maioria, decidiu que não havia sido comprovado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro o dolo eventual para a ação que resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade. Por isto, mudou a acusação contra os marginais que cometeram o crime e determinou que fossem soltos.

Agora, quando o Ministério Público do Rio recorre dessa decisão ao STF e ao STJ, a diretoria da ABI emite nota de apoio à ação do MP, arvorando-se em profunda conhecedora do Código Penal e juntando-se ao “mata e esfola” dos promotores e dos setores conservadores da sociedade. Pelo visto, a diretoria da “Casa dos Jornalistas” quer vingança; não que seja feita justiça, de forma racional, e não emocional.

O que mais impressiona é que em nenhum momento a ABI se pronunciou quanto ao fato de Santiago Andrade não estar usando equipamentos de proteção individual, que deveriam ter sido fornecidos pela emissora de TV.

É claro que os democratas querem que seja feita justiça e que os criminosos sejam punidos, de acordo com a lei. Nem mais, nem menos. Ninguém em sã consciência pode defender a absolvição destes dois marginais, cuja ação resultou na morte de Santiago Andrade.

Os pitbulls da PM do Paraná

Com este comportamento, só falta, agora, a diretoria da ABI defender a redução da maioridade penal e se juntar à “bancada da bala” para a mudança do Estatuto do Desarmamento. A ironia é que esta diretoria foi eleita em uma chapa denominada Vladimir Herzog.

Triste ABI, toda uma história, que vai de Prudente de Moraes, neto, Barbosa Lima Sobrinho a Maurício Azêdo, para chegar hoje a uma diretoria conservadora e, como não poderia deixar de ser, profundamente acrítica com relação às demissões e a cada vez maior precarização do trabalho dos jornalistas, além de omissa quanto aos pitbulls da PM do Paraná atacando coleguinhas.

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Marcus Miranda é jornalista