Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Keila Jimenez

‘A EPTV, uma das mais importantes afiliadas da Rede Globo, está preparando uma programação especial para a comemoração de seus 25 anos no ar.

Entre os projetos da aniversariante – que atinge 292 municípios espalhados pelo interior de São Paulo e Sul de Minas Gerais – há um documentário que merece toda atenção.

Batizada de A Caminho do Ouro, a produção da EPTV irá acompanhar durante dois meses uma equipe que vai percorrer, a cavalo, o caminho que o Bandeirante Anhangüera fez no desbravamento do sertão até a chegada a Goiás Velho.

‘Serão ao todo 1.200 km percorridos a cavalo por uma equipe de oito pessoas’, conta o gerente de Jornalismo da EPTV, João Garcia. ‘A saída será no domingo de manhã, do Pátio do Colégio, em São Paulo’, continua ele. ‘Eles irão dormir na estrada, andar pelo mato e chegar ao destino final, em Goiás, em maio.’

Inpe – Segundo Garcia, percorrer essa trajetória histórica só foi possível graças a uma parceria da EPTV com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, (Inpe) que, por meio de dados e relatos históricos, reconstituiu, via satélite, o possível caminho percorrido por Anhangüera.

‘Ao que tudo indica, eles chegaram o mais próximo possível do caminho oficial’, conta Garcia, da EPTV. ‘Vamos mostrar como está esse trajeto hoje e contar um pouco sobre o que os Bandeirantes enfrentaram naquela época’, continua.

‘Creio que é uma das melhores formas de comemorar o aniversário da EPTV, pois estaremos mostrando a força do pioneirismo paulista.’

Segundo Garcia, A Caminho do Ouro será exibido na EPTV em junho, em programetes diários de 5 minutos e, mais adiante, em um especial.

‘Tenho certeza de que captaremos um bom material e o documentário poderá até emplacar no Globo Repórter.’

Outros programas e shows em comemoração ao aniversário da afiliada da Globo estão previstos para ir ao durante o ano.’



TV & CRÍTICA
Nelson Hoineff

‘Existe crítica televisiva?’, Jornal do Brasil, 10/03/04

‘Uma resposta satisfatória à pergunta acima certamente não pode ser dada a partir da leitura dos jornais brasileiros. Mas existe a busca por um pensamento televisivo, por menos que os espectadores possam acreditar. Aldo Grasso, crítico de televisão do Corriere della Sera, tem uma explicação para isso: ‘A grande inquietação da crítica televisiva nasce de uma dificuldade lógica insolúvel: o substantivo ‘crítica’ se refere a uma atividade que se exerce normalmente no campo estético; o adjetivo ‘televisiva’ indica a presença de uma matéria que parece haver perdido toda conotação estética’.

Lá na Itália, onde Grasso escreve, faz-se uma péssima televisão – que Fellini se encarregou de ridicularizar em filmes como A doce vida, Os palhaços e Ginger e Fred – mas pensa-se televisão com mais vitalidade que na maioria da Europa. Críticos como Sartori, Casetti, Caprettini e o próprio Grasso (autor de uma importante história da televisão italiana) indicam que é possível construir pensamentos consistentes sobre bases instáveis.

Chamar de instável a base sobre a qual se assenta o nível médio da televisão brasileira é bastante generoso. Pensa-se pouco – e mal – a televisão que se faz no país. O resultado tem sido igualmente desastroso para a arte e para o negócio televisivo. Quarta-feira passada, por exemplo, José Luis Datena foi à loucura com o baixo resultado de seu programa na Bandeirantes e exibiu publicamente o medidor do Ibope. Antes de sujeitar a emissora a uma pesada multa, conseguiu revelar ao público que seu show não estava passando de 1,7 ponto de audiência.

Por linhas tortas, estava provando que os programas policialescos do horário de acesso estão disputando, ao contrário do que muitos acham, faixas bem estreitas de público – e menores ainda do bolo publicitário.

Enquanto o apresentador desnudava o próprio Ibope, a Globo anunciava seus resultados financeiros. A rede ficou com 78% de todo o bolo publicitário para a TV, muito acima do seu share de audiência. A leitura é óbvia: o anunciante de um veículo altamente massificado já não está em busca só da quantidade de consumidores. Quer é saber onde está encostando a sua marca.

A popularidade de uma programação, como mostram os fatos da semana passada, não é diretamente proporcional à sua capacidade de ser ruim. O povão não compra. Os anunciantes também não. O que está sustentando essa mentira é o medo de ser diferente, o pavor da possibilidade de fazer melhor.

Assim como a resposta do público não se prende à banalidade do que lhe é oferecido, a atividade crítica não pode ser exercida a partir dos padrões emanados do próprio veículo. Se fosse assim, Sergio Mallandro, que é líder em sua emissora, seria um modelo de avaliação estética. A questão é: a dificuldade lógica a que se refere Aldo Grasso está sendo compartilhada pela crítica brasileira? As evidências não são muito envaidecedoras para a crônica cotidiana de TV. Haverá então razões de preocupação. Pior que uma televisão malfeita é a crença de que a mediocridade esteja na natureza do veículo – e não na cabeça de quem está fazendo mau uso dele.

Nelson Hoineff participa hoje da mesa sobre televisão dentro da série ‘A arte da crítica – A crítica do Rio de Janeiro em debate’, no CCBB, às 18h30′



Cecilia Giannetti

‘A TV em debate’, Jornal do Brasil, 12/03/04

‘Os convidados para o debate de anteontem no seminário A arte da crítica – A crítica no Rio de Janeiro em debate apontaram, involuntariamente, um paradoxo: reunidos no CCBB para discutir a crítica de TV, acabaram expondo uma lacuna. O colunista Artur Xexéo, o crítico de cinema Wilson Cunha, a jornalista Amélia Gonzalez e o diretor de TV e teatro Mauro Mendonça Filho conduziram um diálogo centrado mais na programação dos canais do que na crítica de televisão.

– A gente falou mais de TV do que de crítica – riu Xexéo.

A necessidade de um olhar mais crítico sobre a telinha foi lembrada por Wilson Cunha, que dirige o canal Multishow, da Globosat. Segundo ele, o lugar dessa análise costuma ser pouco valorizado:

– Os jornais dedicam mais espaço às colunas que à crítica. Falam mais sobre quem dormiu com quem do que sobre o que é feito na TV.

O público que lotou o CCBB cobrou resenhas mais incisivas, ‘menos anedóticas que os textos publicados sobre o Big Brother’, como pediu alguém pelo microfone. Para Xexéo, os tempos são outros e não há demanda por essa linha crítica:

– Hoje, as pessoas são mais cínicas e supérfluas ao lerem e nós somos mais cínicos e supérfluos ao escrever.

A editora da Revista da TV, de O Globo, Amélia Gonzalez, relativizou a importância da análise:

– Não acho que a crítica de TV é uma coisa que colabora muito, mas é necessária. Eu faço, mas não é elaborado, não é ensaístico.

– A crítica de cinema é mais atuante, talvez porque consiga ser mais independente – avaliou Mauro Mendonça Filho, que já dirigiu o programa Fantástico e diversas telenovelas. Mauro fez ainda o mea-culpa da classe artística:

– A TV é feita por artistas, mas, às vezes, eles próprios não consideram arte o que é produzido em TV.

Hoje, às 18h30, os debates têm a música popular como tema. Participam: Arthur Dapieve, Hugo Sukman, Lobão (leia abaixo texto crítico), Tárik de Souza, do JB, e Marcelo Janot, curador do ciclo junto com Carlos Alberto Mattos.’



NBR NA TV A CABO
Daniel Castro

‘Governo quer obrigar Radiobrás no cabo’, Folha de S. Paulo, 11/03/04

‘A Casa Civil enviou ao Congresso Nacional na semana passada projeto de lei que obriga as operadoras de cabo (são 199 funcionando) a veicular um canal do Poder Executivo, ‘para a documentação e transmissão de atos e matérias de interesse do governo federal, a ser operado pela Radiobrás’.

O canal, o NBR, existe desde 1998, mas só é veiculado por 16 das 43 operadoras da Net. Como não está previsto em lei, o NBR ocupa a vaga do canal educativo e cultural reservado para os ministérios da Educação e Cultura. Por isso pode ser tirado do ar pela Net. Com a aprovação do projeto de lei, a Radiobrás obrigará as demais operadoras a transmiti-lo.

O projeto de lei muda a Lei do Cabo, de 1995, que já havia sido alterada para a inclusão do canal do Judiciário. Aumentará para sete os canais obrigatórios no cabo _hoje, estão previstos o dos Legislativos estaduais e municipais, da Câmara dos Deputados, do Senado, do Judiciário, das universidades e o educativo e cultural.

Em 2001, o Ministério da Cultura lançou seu canal, o Cultura e Arte (hoje suspenso), e entrou em conflito com a Radiobrás. A Net se recusou a transmitir o Cultura e Arte, porque já exibia o NBR.

Operadores ouvidos pela Folha argumentam que não há mais espaço para canais. ‘É só a regulamentação de uma situação de fato. É razoável que o Executivo tenha seu canal’, diz Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás.

OUTRO CANAL

Prevenção A Globo já negocia com William Bonner, editor e apresentador do ‘Jornal Nacional’, a renovação de seu contrato, que só vence no final do ano. A emissora está escaldada depois que perdeu Carlos Nascimento, a quem só procurou na véspera do vencimento do contrato, para a Band.

Prestígio 1 Na Record, o superintendente comercial, Walter Zagari, acaba de ter seu contrato, que só venceria no final de 2005, renovado até dezembro de 2007. Igual tratamento tiveram os diretores comerciais Hilton Madeira, Elian Trabussi e Gilberto Martins.

Prestígio 2 Alguns números explicam a renovação antecipada (tratamento só dado a grandes estrelas) da cúpula comercial da Record. A emissora cresceu 18% em 2003. E vai fechar o primeiro trimestre com receita 22% superior à do mesmo período de 2003.

Xô, PCC O ‘Troféu Imprensa’, do SBT, deste ano não terá a categoria ‘melhor apresentador de TV de 2003’. É justamente nela que concorria, nos anos anteriores, Gugu Liberato.

Casa Olga Bongiovanni fechou ontem com a Rede TV!. Irá apresentar o ‘Bom Dia Mulher’, ao lado de Ney Gonçalves Dias. O projeto que a Record tinha para ela, o ‘Vida ao Vivo’, ficou para maio.’