Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Menos restrições e mais avanços

A recente ‘discussão’ de dois ministros do Supremo Tribunal Federal, transmitida ao vivo pela TV Justiça, colocou em questão a legitimidade do atual sistema de transmissão das sessões do STF.

Em artigo publicado na seção ‘Tendências e Debates’ da Folha de S.Paulo (02/05/2009), Carlos Mário da Silva Velloso defendeu que as transmissões devem continuar, desde que editadas, visando a ‘preservar’ os membros da corte para que esta mantenha sua ‘dignidade’. Já Gustavo Binenbojm, em artigo publicado logo abaixo ao de Carlos, argumenta que as transmissões permaneçam como estão e promovam assim uma maior compreensão do público leigo sobre os temas da casa.

Certamente, não foi devido apenas a transmissão pela TV Justiça que a calorosa discussão ganhou notoriedade. Além de não possuir uma audiência relevante (comparada aos demais canais de televisão), entre outros fatores, o sinal não chega à grande maioria dos televisores brasileiros, ou seja, a repercussão não se deu pela transmissão do canal, mas sim, pelos outros meios de comunicação que repercutiram o fato (e, provavelmente, o repercutiriam mesmo sem a existência do veículo de comunicação do STF).

Mais acesso e conteúdo

A TV Justiça é um dos grandes avanços da democracia no país. Basta ver que apenas no Brasil os julgamentos deste tipo de corte são transmitidos ao vivo. Esta transmissão dá ao telespectador a possibilidade de emitir seu juízo de valor sobre os acontecimentos e conhecer melhor os ‘meandros’ de uma das instâncias superiores nacionais. Além disso, esta transmissão garante uma maior transparência da casa. Assim, colocar em questão esta transmissão é retroceder na concessão democrática.

Dada esta ‘notoriedade’ do STF, os debates devem avançar em como aprimorar a abrangência e a audiência do canal para que mais pessoas possam ter acesso e compreender aquilo que a TV Justiça transmite – e não em restringir ou não o seu conteúdo.

Há alguns anos, o Supremo Tribunal Federal deixou de ser um universo paralelo exaltado e incompreensível para os leigos. Para alguns este fato causa certo incômodo, pois ao retirar a máscara, sobra apenas o ser humano e estes não querem perder sua ‘imagem’. Assim, a ação da TV Justiça é extremamente válida por elucidar e promover o acesso à Casa, mas é preciso que o debate avance no acesso e em um maior didatismo do conteúdo para que o Supremo esteja cada vez mais acessível ao cidadão que é a razão de ser de todo o Estado.

Não é tempo de restrições, mas de avanços.

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Coordenador de Comunicação da Prefeitura de Várzea Paulista, Jundiaí, SP