Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mônica Bergamo

‘O jornalista Carlos Nascimento está deixando a TV Globo. A informação foi confirmada ontem à noite à Folha por um assessor da emissora. O destino do jornalista será a TV Bandeirantes, onde ele apresentará o ‘Jornal da Band’, principal produto jornalístico do canal, que vai ao ar às 19h35. O valor do contrato não foi revelado.

Nascimento era um dos jornalistas mais identificados com a imagem da TV Globo, onde trabalhava desde 1977. Atualmente dividia a apresentação do ‘Jornal Hoje’, na hora do almoço, com Sandra Annenberg.

De acordo com a emissora, o contrato de Nascimento venceu, e as duas partes decidiram não renová-lo. A negociação foi amigável e a emissora estaria de ‘portas abertas’ caso o profissional, algum dia, decida voltar a seus quadros.’

 

Daniel Castro

‘Globo adia mudança de Faustão para SP’, copyright Folha de S. Paulo, 29/01/01

‘Já havia até data marcada, 11 de abril, mas a mudança definitiva do ‘Domingão do Faustão’ do Rio para São Paulo só deverá ocorrer em 2005. O principal mo tivo é a falta de infra-estrutura pa ra abrigar a produção em SP.

O assunto foi discutido em en contro da cúpula da emissora an teontem. Principal patrocinador da mudança, o apresentador Fausto Silva concordou com o adiamento. Mas, em seu esforço para melhorar sua imagem em São Paulo, a Globo irá trazer o programa para a cidade mais três ou quatro vezes neste ano. A pró xima poderá ser em março, no 15º aniversário do ‘Domingão’.

O adiamento ganhou força após a realização do programa em São Paulo no último domingo, pelos 450 anos da cidade. O estúdio fi cou pequeno demais para um programa com tantos elementos (auditório, banda, bailarinas e muitos convidados), mas não é esse o principal problema. Faltam em São Paulo, principalmente, ca marins e espaço para guardar ce nários. No último domingo, hou ve reforço de equipamentos vin dos do Rio. O balé teve que im provisar camarim em um hotel.

Em 2005, o ‘Domingão’ já será mais viável em São Paulo porque a Globo irá construir um novo prédio no Brooklin. As priorida des serão as garagens, um depósi to para cenários e novos cama rins. Um novo estúdio, ideal para o porte do ‘Domingão’, porém, só deve ficar pronto em 2007.

OUTRO CANAL

Oscar Distribuído pela Miramax, da Disney, que tem contrato de exclusividade com o SBT, ‘Cidade de Deus’ será exibido na TV aberta pela Globo em meados de 2005. É que a Globo Filmes é co- produtora do longa, e o contrato prevê exclusividade para a Globo. Antes, no início de 2005, vai passar no canal pago HBO.

Tesoura A Globo não poderá voltar a exibir o desenho japonês ‘Yu- Gi-Oh!’ em sua grade infantil matinal, que será reformulada em março. Anteontem, o Ministério da Justiça classificou a animação, a pedido do Ministério Público, como imprópria para menores de 12 anos (inadequado para antes das 20h), por conter ‘violência leve’.

Nem aí O SBT vem ignorando portaria do Ministério da Justiça, que classificou a novela mexicana ‘Menina, Amada Minha’ como inadequada para antes das 20h. A novela está indo ao ar às 18h.

Faz um 23 As cenas de ‘Celebridade’ que serão gravadas hoje na São Paulo Fashion Week não passam de merchandising da Forum. O dono da marca vai pagar para aparecer (ele mesmo) na Globo.

Profano A Rede TV! vendeu para a Brahma, por R$ 1,2 milhão, sua primeira cota de patrocínio do Carnaval de 2004. O acordo prevê reportagens de Amaury Jr. no camarote da cervejaria no Rio. Mas só a Record poderá transmitir ao vivo do local.’

 

Keila Jimenez

‘Globo prevê aumento no faturamento’, copyright O Estado de S. Paulo, 2/02/04

‘Aniversário de São Paulo, Olimpíada, Carnaval, não faltam eventos para aquecer comercialmente o cofrinho da Globo. O ano mal começou e a emissora já vendeu cotas de patrocínio dos maiores eventos que transmitirá esse ano. Com isso, prevê crescimento em faturamento no primeiro trimestre em relação à 2003.

Para a Olimpíada de Atenas – que será realizada em julho – a Globo já tem suas cinco cotas de patrocínio vendidas, cada uma, pela bagatela de R$ 18 milhões. Os desfiles de Carnaval também vão muito bem. A Kaiser comprou uma das maiores cotas de patrocínio dos desfiles transmitidos pelo canal, por R$ 11,2 milhões.

Os eventos esportivos estão garantidos comercialmente. O pacote do futebol:

que engloba as transmissões do Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana, entre outros, já está tomado por anunciantes.

Alpargatas, AmBev, Banco Itaú, Coca Cola, Telesp Celular compraram as cotas do pacote futebol por R$ 67,5 milhões. O pacote dá direito a inserções nos 90 jogos que a rede irá transmitir de fevereiro a dezembro deste ano.

A Fórmula 1 chega em 2004 com algumas novidades. A competição terá duas etapas a mais – de 16 provas passou para 18 – e a data do Grande Prêmio do Brasil foi alterada. A prova em Interlagos não será realizada mais no início do ano, e sim em outubro, encerrando a temporada. Banco Real, GM, Petrobrás Schincariol e Tim compraram as cotas de patrocínio do evento, cada uma, por R$ 31,5 milhões.

Na semana passada começou o Festival de Verão de Salvador, shows que irão reunir os grande nomes da música baiana. Além de compactos dos shows, a Globo transmitiu links ao vivo do evento. O espetáculo rendeu à rede quase R$ 5 milhões em cotas de patrocínio.

‘O ano começou muito bem para a Globo e para todos os veículos de uma maneira geral. O primeiro trimestre deste ano deverá ter crescimento real sobre o mesmo período de 2003’, diz o superintendente geral da rede, Octávio Florisbal. O executivo ressalta que, em ano de Olimpíada, é nítido um aquecimento comercial nos veículos de comunicação. O mercado, em geral, prevê algo torno de 5% e 10% de crescimentos em investimentos em TV este ano. ‘Claro que gera novas receitas e temos de aproveitar essa oportunidades’, diz Florisbal.’

 

NET QUESTIONADA
Daniel Castro

‘Universidades vão à Anatel contra a Net’, copyright Folha de S. Paulo, 30/01/01

‘Canais universitários, comunitários e legislativos de vários Estados brasileiros, entre eles São Paulo e Rio Grande do Sul, estão em pé de guerra com a operadora de TV paga Net, a maior do país.

Entidades representativas desses canais públicos ameaçam até entrar na Justiça. Anteontem, a diretoria do CNU-SP (Canal Universitário de São Paulo) _que veicula programação produzida pela USP, PUC, Mackenzie, Unip, São Judas, Unicsul e Uniban_ decidiu, antes de apelar à Justiça, entrar com representação contra a Net na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

O motivo da discórdia é a mudança, sem aviso prévio, da posição dos canais. No início do mês, a Net mudou o CNU-SP do canal 15 para o 7. O Canal Comunitário, que ocupava o canal 14, passou para o 6. No 14 e 15, a Net passou a abrigar os chamados canais eventuais, que ela aluga a empresas.

O problema principal é que os canais 6 e 7 sofrem interferências. O 6 é usado em muitos condomínios para circuito interno de TV.

‘Não contestamos o direito da operadora mexer nos canais, mas ela tem obrigação de levar nosso sinal com qualidade’, diz Gabriel Priolli, da ABTU (Associação Brasileira de Televisão Universitária).

A Net afirma que ‘está em negociações com os canais e avaliando quais são as suas reivindicações, a fim de adequá-las para chegar a uma alternativa satisfatória para ambas as partes’.

OUTRO CANAL

Língua solta

O jogador Romário vai virar apresentador de TV. Marlene Mattos, diretora artística da Band, se reuniu com o craque nesta semana. As negociações estão avançadas. Outra aquisição de Marlene será Preta Gil, filha de Gilberto Gil. Com ela, só falta assinar o contrato, para um programa semanal ‘irreverente e polêmico’.

Vem aí

Abril não será mês apenas de estréias na programação das emissoras. Na Globo, aguarda-se para esse mês a definição do novo organograma da emissora, com o provável retorno (definitivo) de Marluce Dias da Silva, afastada para tratamento médico. No SBT, a expectativa é de que em abril sai o nome do novo vice-presidente.

Pontapé

A cúpula da Globo começa a discutir na próxima terça-feira a programação que irá estrear em abril. Os pilotos de humor exibidos no final de ano serão avaliados.

Boicote 1

Telespectadores escreveram para a Record ontem para reclamar da falta do sinal da emissora na DirecTV (operadora de TV paga via satélite) durante o ‘Cidade Alerta’ de quarta-feira.

Boicote 2

A Record saiu do ar (só na DirecTV) bem no momento em que era anunciada uma reportagem sobre a decisão unilateral da operadora de não mais transmitir as redes Mulher e Família, ambas da Igreja Universal. A DirecTV não se pronunciou.’

 

Consultor Jurídico

‘Cobrança suspensa’, copyright Consultor Jurídico, 28/01/01

‘A operadora de TV por cabo Net deve suspender a cobrança de ponto extra e de custo adicional por decodificadores extras de seus assinantes. A empresa também deverá manter a transmissão sem codificação dos canais abertos e apresentar planilhas de custos e de evolução das mensalidades da Net e da BTV (incorporada pela Net). A decisão é do juiz substituto da 3ª Vara Federal de Blumenau (SC), Edilberto Barbosa Clementino.

O juiz concedeu em parte a liminar solicitada pelo Ministério Público Federal em ação civil pública ajuizada contra as duas empresas, a União e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Ele fixou multa de R$ 1 mil em caso de descumprimento para cada um dos pontos concedidos e determinou o prazo para implantação das medidas. O fim da cobrança do ponto e do decodificador extra deveria ser cumprido em dez dias, enquanto a transmissão dos canais abertos e a apresentação das planilhas, em 15 dias.

A Net e a BTV também deverão dar ampla divulgação à decisão através de, no mínimo, cinco inserções diárias dentro de sua programação, em horário de expressiva audiência e durante 30 dias.

O MPF ingressou com a ação na Justiça Federal de Blumenau com o objetivo de cassar as concessões de operação das duas operadoras ou obter uma declaração de caducidade das permissões. Também pediu que as empresas fossem obrigadas a vender a parte da Net que foi a BTV – de modo a restaurar aos assinantes as possibilidades de contratação nos termos e condições anteriores à venda – e que a União e a Anatel assumissem a prestação direta do serviço após a cassação.Conforme o MPF, a Net teria comprado de forma dissimulada a BTV, passando a deter o monopólio da TV a cabo no município catarinense.

O juiz entendeu que não existe razão plausível para que seja cobrado separadamente ponto extra no endereço destinatário do serviço. ‘Não há acréscimo de custos, exceto o de instalação, facultando-se à empresa tão somente a cobrança do custo relativo a disponibilização de material e mão-de-obra para a execução do serviço de instalação do ponto extra’, afirmou. Também não é possível a cobrança de decodificadores extras, pois sua utilização ‘é efetivada em benefício do fornecedor do serviço e não no interesse do consumidor’. Os canais abertos e a TV Senado, a TV Câmara, a TV Justiça e a TV Furb não podem ser codificados.

Quanto à apresentação das planilhas, o juiz considerou que é necessária a demonstração documental dos critérios utilizados para fixação da tarifa cobrada pelos serviços, levando-se em consideração os princípios da publicidade e da modicidade, que regem a prestação dos serviços públicos. O juiz ordenou ainda a citação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para fazer parte do processo, uma vez que os demais pedidos do MPF dizem respeito à atuação da autarquia federal. (TRF-4) ACP 2003.72.05.006266-5/SC.’

 

TV CULTURA
Leila Reis

‘‘Temos o maior acervo de pensamentos sobre o séc. 20’’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/01/01

‘A TV Cultura completa 35 anos cheia de gás. Aumenta o tamanho do Jornal da Cultura, cria uma rede de repórteres-estagiários para cobrir melhor o Interior, experimenta transformar teses universitárias em programas, lança DVDs, etc. O presidente Jorge Cunha Lima fala dos planos da Cultura e diz que ‘gosto não se forma pela demanda, mas por meio da oferta’.

Estado – Quais são as novidades deste ano?

Jorge Cunha Lima – A partir do dia 9, o Jornal da Cultura passa a ter uma hora de duração e incorpora o programa do Luís Nassif, que apresentará também uma revista aos sábados. Diário Paulista será voltado exclusivamente para a Capital e Interior de São Paulo. Em parceria com a Unesp, estamos montando uma rede de repórteres-estagiários para mandar reportagens pela internet.

Estado – A Cultura vai demitir?

Jorge – Não vamos diminuir o quadro, mas ampliar nossa rede de informação.

Essa foi a solução encontrada porque não podemos nos dar ao luxo de contratar profissionais na atual conjuntura.

Estado – Em termos de orçamento, este ano será mais folgado do que 2003?

Jorge – 2003 não foi tão desregulado quanto pareceu. Os ajustes foram feitos e entramos este ano mais organizados.

Estado – O que a Cultura está programando para o aniversário de 35 anos?

Jorge – O Cartão Verde volta com o Juca Kfouri. A partir de julho exibiremos os 26 vídeos premiados no projeto DOCTV que estão em produção. Galera terá mais dez novos episódios. Continua a parceria com a Imprensa Oficial na série Contos da Meia Noite, faremos mais 30 programas com outros atores:

Raul Cortez, Rodrigo Santoro, Fernanda Montenegro, Beatriz Segal, Paulo Autran. Eles serão lançados em DVD com o texto impresso dos contos brasileiros. Com a CPFL estamos gravando os eventos do Balanço do Século XX e os Paradigmas do Século XXI para transformá-los em programas. Eles constituem hoje o maior acervo de pensamentos sobre o século 20 em TV e será transformado em DVD e VHS.

Estado – O papel da Cultura não é experimentar?

Jorge – É, por isso estamos fazendo piloto de um programa em cima de teses produzidas na Unesp. No Brasil, tese é um negócio secreto, só acessível a meia dúzia de privilegiados. Nossa missão, como TV pública, é fazer uma programação voltada para a formação crítica do homem. Nossa produção tem de privilegiar a informação, a cultura e a educação. Alguém tem de produzir conhecimento através da arte.

Estado – Essa não é a preocupação da rede aberta?

Jorge – A TV comercial é muito coerente em se dedicar só ao espetáculo – no jornalismo, na política, na violência – afinal, ela é submissa ao mercado (audiência). A TV pública tem de ser independente tanto do poder quando do mercado para cumprir a sua missão.

Estado – A Cultura não se importa com a audiência?

Jorge – Só um idiota faz culto do traço (menos de um ponto de audiência).

Nós registramos três ou quatro pontos de média no ibope, audiência igual às TVs públicas do mundo inteiro.

Estado – Quando criticadas, as emissoras alegam que dão o que o telespectador pede. O senhor concorda?

Jorge – O gosto não se produz por meio da demanda, mas pela oferta. Temos de oferecer qualidade. A Constituição define a função de todas emissoras. Todas têm a mesma responsabilidade de ser educativa, moral e cultural.

Estado – A reprise dos infantis vai continuar?

Jorge – Nossa grade infantil agora irá das 9 às 19 horas. Reprise não é problema para o público infantil, segundo os pedagogos. Além disso, queremos atender dois públicos: os que estudam de manhã e os da tarde. O Mickey tem 75 anos, todo mundo gosta de assistir os seus desenhos.’

 

MM Online

‘TV Cultura define nova equipe comercial’, copyright MM Online (www.mmonline.com.br), 29/01/01

‘Paulo Cesar de Araújo, diretor comercial da Fundação Padre Anchieta (TV e Rádio Cultura) desde novembro de 2003, definiu a equipe de executivos que ficará sob seu comando. As novidades na TV Cultura são Marcia Soter, que já atuou na Editora Abril e na HBO; André Almeida, ex-Editora Abril, Double Click, Globo.com e HBO, e Valquiria Rezende, que passou pela TV Manchete, Editora TRIP e Editora D´Avila.

Agostinho Amato, que acumula experiência em empresas como Rede Tupi de TV, Rede Record de TV, Rede Manchete de TV e Rádio América de S. Paulo e Rádio Nova FM, trabalhará com as Rádios Cultura AM/FM, Sinfônica Cultura, Teatro e Museu da Casa Brasileira. Para a coordenação sênior da diretoria comercial foi contratada Marina Novais Santos, ex-Editora Abril, Double Click e HBO. E no planejamento de marketing publicitário assume Luiz Fernando da Silva Jr., que já passou pela TVA e Canal Futura.’

 

DA COR DO PECADO
Luiz Carlos Merten

‘‘Da Cor do Pecado’ estréia com sabor de cinema’, copyright O Estado de S. Paulo, 28/01/01

‘Ela é linda – mas isso você já sabia. Taís Araújo foi a jovem Xica da Silva na novela da Manchete. Faz agora história como a primeira protagonista negra de uma novela da Globo. Taís tem a cor do pecado na nova novela das 7. Logo na abertura de Da Cor do Pecado, Reynaldo Gianecchini, de máquina fotográfica a tiracolo, encontra Taís, que dança nas ruas de Lençóis, no Maranhão. Essa abertura daria uma comparação interessante com o novo filme de Carlos Reichenbach, se As Garotas do ABC já tivesse estreado.

O filme também se abre com uma cena em que outra negra esplêndida dança, só que nua. Na novela, Taís – que se chama Preta – está vestida. Troca olhares com Gianecchini, que se chama Paco. Preta olha com vontade. Paco baixa os olhos, num recato quase feminino. Há aí uma inversão dos papéis tradicionais.

Da Cor do Pecado já mostrou a que veio logo no primeiro capítulo. Preta tem uma banquinha que vende ervas medicinais na rua. Paco é botânico.

Interessa-se pelo assunto. Quando ele cheira uma erva na banca, a dançarina das ruas surge diante dele. Preta não tem só a cor, tem também o cheiro do pecado. A atração é imediata. Mas existem problemas – Paco, na verdade, é rico, filho do poderoso Lima Duarte. E, no Rio, bem longe do local onde a dupla inicia seu romance, Giovanna Antonelli, estreando como vilã – filha de Maitê Proença! – , trama para ficar com o ricaço. Ué, estamos na novela das 7 ou das 8? Giovanna e Tuca Andrade repetiram na segunda-feira a outra dupla formada por Cláudia Abreu e Márcio Garcia em Celebridade. A ambição e a falta de escrúpulos são as mesmas, até a falta de camisa do cafajeste metido a gostoso é a mesmíssima. Você já notou como não existe novela das 7 sem machão mostrando os músculos? Qual é a explicação? Os maridos ainda não chegaram em casa, após o trabalho, e a Globo investe no que supõe que sejam as fantasias femininas? Vale tudo para atingir a audiência. Mas a emissora já foi mais cuidadosa. Não costumava ter no ar, ao mesmo tempo, duas novelas com sub-enredos tão idênticos.

João Emanuel Carneiro é o autor de Da Cor do Pecado, Matheus Nachtergaele tem crédito de co-autor e ambos trabalham sob a supervisão de Sílvio de Abreu. Carneiro formou, com Marcos Bernstein, a dupla de roteiristas de Central do Brasil, o filme famoso de Walter Salles que colocou Fernanda Montenegro no Oscar. Central propunha uma viagem de descoberta do Brasil, em busca da identidade (e da ética) do País que se reconstruía, após a hecatombe da era Collor. Da Cor do Pecado – a música famosa de Bororó serve de fundo para os créditos – vai tratar agora de racismo na sociedade brasileira. Preta é pobre, uma filha do povo. Não será bem aceita pelo pai de Paco, que vai achar que se trata de uma cavadora de ouro – posto já ocupado por Giovanna Antonelli.

Os estereótipos estão todos lançados. Assim como a protagonista tem a cor do pecado, a novela tem uma cor social. A fiscalização irrompe no meio dos ambulantes, como ocorre todo dia nas grandes cidades, e é o que aproxima a dupla romântica no primeiro capítulo. Como a novela das 7 tem de ter humor, já deu para ver que João Emanuel Carneiro escolheu o núcleo da família pobre para provocar o riso do público. Pobre é sempre divertido nas novelas (mas Lima Duarte teve uma sugestiva fala, de quem já foi pobre, para dizer que não tem graça nenhuma viver na exclusão). Rosy Campos tem todos aqueles filhos pugilistas – mas, espera aí, um deles, o que se chama Apolo, não é de novo o Gianecchini? Que confusão é essa?

Humor também marcou a participação do co-autor do folhetim. Matheus Nachtergaele faz o falso pai de santo. Aliás, a cena dos búzios foi das mais interessantes. As pessoas iam se revezando na frente de Nachtergaele (que não aparecia). Revelavam seus desejos mais secretos, uma após a outra. Êpa, já vimos esta cena. Em Central do Brasil, as pessoas também se sucediam diante de Dora (Fernanda Montenegro) para contar suas histórias, procedimento repetido por Hector Babenco para apresentar os presos de Carandiru, que também desfilavam diante do médico. O cinema, sempre o cinema, é a fonte de inspiração das novelas da Globo.’

 

Esther Hamburger

‘‘Da Cor do Pecado’ evita inquietações’, copyright Folha de S. Paulo, 28/01/01

‘Bárbara, a personagem de Giovanna Antonelli em ‘Da Cor do Pecado’, a nova novela das sete que a Rede Globo estreou anteontem, se parece com a Maria de Fátima, da velha ‘Vale Tudo’, e muitas outras vilãs.

Por que a fórmula tem que ser repetida exaustivamente, com tão pouca variação? A vilã pobre que pretende subir na vida casando com o mocinho rico.

Ela mantém um caso de amor verdadeiro com um tipo meio gigolô que aceita o jogo sujo e é cúmplice das inúmeras armações contra a mocinha, também de origem humilde, mas honesta.

O Paco de Reynaldo Gianecchini promete mais um ‘beija-flor’, para usar a expressão certeira com que Edson Celulari uma vez definiu os papéis masculinos em novelas, muitas vezes menos interessantes que os femininos.

Ele é o romântico botânico que procura viver de seu trabalho em defesa da preservação da flora, negando a fortuna e a empresa do pai Afonso -por sinal, um Lima Duarte no clássico papel de poderoso, conservador, autoritário e insensível.

Escrever novela não é fácil: combinar os diversos ingredientes da fórmula em doses certas; repetir o suficiente para que os espectadores reconheçam o gênero, mas não demais para que não se encham; manter um nível de atividade que segure o pique de capítulos diários e escrever um capítulo por dia -cerca de 30 páginas- durante cerca de seis meses.

‘Da Cor do Pecado’ é a primeira novela de João Emanuel Carneiro, roteirista que vem do cinema. O repertório do autor aparece nas paisagens escolhidas pelo protagonista; na disposição de enfrentar o tabu do preconceito racial levando a frente uma clássica paixão à primeira vista pela Preta maravilhosa de Taís Araújo; no chalé de madeira transado no meio da mata com energia solar e viveiros de plantas; no amor nas dunas desertas do Nordeste ensolarado e na negação sofisticada do dinheiro como projeto de vida.

Falta à novela ir mais fundo no que ela oferece de diferente. Um Paco de carne e osso não se deixaria enganar facilmente pela maquinação interesseira de mocinhas vulgares. Por que não embarcar nas inquietações diferenciadas desse personagem? Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’