Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O marxismo e a ecologia

O filósofo transforma a natureza, segundo Marx. E é pelo trabalho. O ontológico homo faber. Mas, com a anarquia essencial, que é a anarquia de mercado, fracasso da sua ‘auto-regulação’ e, hoje, crime financeiro, estamos não só à mercê do aquecimento global, mas das pesquisas das empresas privadas.

Estas, no estilo do decifrador do genoma, que abandonou o Estado para lucrar com os meios de produção privados da revolução tecnológica, já estão colocando em risco o planeta ou, quiçá, partes menos seletas dele…

A entrevista ao Milenium dada por Silvia Ribeiro, em torno do FSM, é digna da boa mídia.

Algumas das pesquisas em geoengenharia, obstadas pela ONU, não só pelo seu interesse no lucro, mais do que na salvação de todo o planeta, são de considerável risco.

Inclusive porque o clima já nos parece mesmo algo incontrolável ou previsível pela percepção do cidadão comum e os serviços de meteorologia.

Como da autocrítica de Fukuyama, percebe-se que o enfraquecimento dos Estados-nação está a determinar circunstâncias ameaçadoras.

Valor positivo do socialismo global

Não só a da barbárie antecipada pela heterodoxia de Rosa Luxemburg e o militarismo devido à acumulação do capital.

Cogita-se colocar espelhos na lua para refletir a luz solar e esfriar a Terra. Ou lançar nanopartículas de sulfatos na estratosfera, embora não se saiba, depois de obturar os buracos de ozônio, como deter a chuva tóxica.

Também se andou fazendo ‘a fertilização oceânica’, isto é, nanopartículas de ferro nos mares para aumentar o plâncton e, pela fotossíntese das algas, diminuir o dióxido de carbono e – é de pasmar – vender os créditos!

A ‘lógica’, a ‘ética’ e a ‘estética’ do capital, no antagonismo com o Estado-nação e o trabalho, estão a nos levar à barbárie no terreno do desequilíbrio ecológico.

É importantíssimo que a sociedade civil se torne consciente de que as pesquisas da geoengenharia devam ser bem controladas pelo Estado, enquanto democracia representativa.

Não chegaria a dizer que já temos ‘armas climáticas de destruição em massa’, mas estamos tão longe disso? Quando já se desviam furacões de um lugar para outro, não cabe perguntar para onde eles vão ter?

O essencial, porém, é a percepção do valor positivo do socialismo global como um caminho abandonado por pseudo-soluções que visam ao lucro empresarial privado mais do que à necessidade humana e à sua segurança.

Não seria assim?

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Médico, Rio de Janeiro, RJ