Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O ouvinte de rádio e a cidadania

O rádio foi, é e será sempre um instrumento de consolidação da cidadania, de fortalecimento da luta popular e de concretização de um processo de geração do conhecimento, sendo por isso digno de respeito e consideração por outras mídias que se considerem modernas ou pelos atores da comunicação e do relacionamento entre os indivíduos. As mensagens radiofônicas têm papel vital no alcance das demandas populares e na caracterização das mensagens a favor de uma nova ordem na qual os que fazem o rádio sejam ouvidos, considerados e acreditados.

Do outro lado da emissão radiofônica, sempre há pessoas de todas as idades que querem, com certeza, que este fale sua linguagem e respeite seus desejos de crescimento e melhoria do modo de vida para todos. Os que fazem o rádio precisam compreender a força dos que o ouvem e abrir canais para que os ouvintes de rádio possam opinar sobre os aspectos negativos ou positivos da programação, buscando sempre comunicação verdadeira e adequada aos anseios da sociedade, que sempre tem no rádio um companheiro da lida cotidiana.

Questionamento e crítica

O ouvinte de rádio precisa se engajar na luta por um processo comunicativo verdadeiro, honesto e comprometido com as lutas populares, exercendo sempre poder de crítica, questionando anomalias na programação, rechaçando programas de baixaria e exigindo respeito aos que usam este meio de comunicação. O rádio deve ser voltado para cidadania e por isso o ouvinte de rádio tem de buscar neste meio a concretização dos seus interesses e de toda a coletividade. É preciso promover um processo de organização dos usuários de comunicação em busca de programações sérias, comprometidas e realistas que não bestializem quem ouve rádio nem se transformem em espetáculos de baixaria, mensagens discriminatórias e subserviência aos poderosos.

A posição passiva do ouvinte tem de ser questionada, pois a informação deve ser sempre verdadeira, respeitosa e baseada nos objetivos plenos da comunicação cidadã. É preciso que o ouvinte deixe de ser um mero receptor de mensagens radiofônicas e adote uma postura crítica, reflexiva e questionadora, participando ativamente da programação e dando sempre sua opinião a respeito das idéias que venham através das mensagens do rádio. Claro que esta postura só pode ser efetivada se o rádio abrir espaços para a crítica e der oportunidades para o questionamento, a dúvida e a crítica.

Nova ordem

É claro que o papel do ouvinte é sempre questionar o rádio e procurar fazer com que este tenha mensagens que sejam adequadas aos dilemas da sociedade e falem a linguagem do povo sem apelos popularescos nem agressões ou discriminações. Não podemos aceitar que o ouvinte seja um mero ‘escutador’ de rádio, pois seu papel vai sempre mais além. O ouvinte do rádio tem importância na construção deste meio de comunicação e merece ser respeitado, acreditado e, sobretudo, ouvido em suas reivindicações e desejos por um rádio cidadão e respeitoso.

É preciso acreditar no poder de organização dos ouvintes que antes eram apenas um grupo de usuários de rádio, porém hoje já formam uma massa organizada que procura lutar por um rádio melhor e mais democrático. A comunicação democrática é um caminho para a melhoria da sociedade e para o desenvolvimento de um país melhor e mais justo. O papel do ouvinte cresce de importância no momento em que sabemos que as modificações no rádio vêm por aí, melhorando suas emissões e fortalecendo a construção de uma nova ordem no mundo radiofônico pautado na interatividade cidadã e na busca de uma programação de qualidade não só técnica, mas, sobretudo, pautada nos anseios populares.

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Professor e vice-presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará