Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Para ombudsman da Folha, jornalistas são arrogantes


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas. 
 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 22 de setembro de 2009 


 


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA


Folha de S. Paulo


‘Jornalistas são arrogantes e não querem ser melhorados’


‘NONO OMBUDSMAN da Folha e há 18 meses no cargo, Carlos Eduardo Lins da Silva, 56, afirma que os jornais e jornalistas são arrogantes, prepotentes e não aceitam contestações. ‘Não gostam de ouvir críticas, em nenhuma hipótese, e não querem ser melhorados’, disse o jornalista, sabatinado ontem durante duas horas em São Paulo por quatro entrevistadores: o colunista da Folha Marcelo Coelho, as jornalistas Eleonora Gosman, correspondente do jornal argentino ‘Clarín’, e Verónica Goyzueta, correspondente do espanhol ‘ABC’, e Eugênio Bucci, professor da ECA-USP e colaborador de ‘O Estado de S. Paulo’.


Durante o evento, realizado para lembrar os 20 anos da criação desse cargo no jornal, Lins da Silva falou sobre o dia a dia da atividade, sua independência em relação à Direção do jornal e à Redação, apontou erros da Folha e defendeu a criação de mecanismos de autorregulamentação pelos veículos de comunicação. ‘Ou os jornais se autorregulam para melhorar ou eles vão ser regulados por alguém, e vai ser muito pior para todo mundo.’ Cerca de 90 pessoas acompanharam a sabatina no Teatro Folha, em São Paulo.


FHC x Lula


‘Muitos leitores acham que a Folha foi mais condescendente com o governo Fernando Henrique Cardoso do que com o governo Lula. Essa é uma resposta que só pode ser dada por meio de um trabalho acadêmico, científico, metodologicamente e comprovadamente constatado. Fica-se muito no terreno das impressões. […] Na minha impressão, a Folha era muito dura com o presidente Fernando Henrique também. Ele tinha sido colunista da Folha durante muitos anos antes de se tornar presidente. […] Quando deixou a Presidência, tinha tanto ressentimento em relação à Folha que foi ser colunista do ‘O Estado de S. Paulo’.’


Credibilidade


‘O que mais fere a credibilidade do jornal não é o tipo de crítica que ele recebe, mas o tipo de erro que comete. Se o jornal comete erros graves, a sua credibilidade paga. As críticas não são tão importantes quando são dirigidas por questões ideológicas ou por condicionamentos partidários. Parece-me que é muito pequeno o impacto desse tipo de crítica sobre a credibilidade do jornal no conjunto da sociedade. Mas quando o jornal comete erros graves, que podem ser imputados a posicionamentos ideológicos, acho que a credibilidade se fere.’


Dilma


No caso do dossiê [da ministra] Dilma [Rousseff] fiz sugestões muitos concretas. Foi um caso polêmico, muito controvertido e nenhuma delas foi atendida. [Foi a situação] da reprodução de uma suposta ficha da ministra Dilma do período em que ela era militante de um movimento revolucionário no regime militar. Essa foto foi publicada na primeira página da Folha como se fosse verdadeira. Depois a Folha disse que não tinha como provar que era verdadeira, mas também não tinha como provar que era falsa. […] Na minha opinião, é um dos dois erros mais graves que a Folha cometeu ao longo desses 18 meses.


Gripe


O outro [erro], mais grave ainda, é o da gripe A (H1N1). Há exatamente dois meses, a Folha, em chamada de primeira página, disse: ‘Em dois meses, trinta e tantos milhões de brasileiros devem estar infectados e 4,4 milhões devem estar internados’. Isso baseado em um modelo matemático que não era alimentado por dados a respeito dessa gripe, mas sim de outras gripes do passado. Esse acho que esse foi o erro mais grave que a Folha cometeu nesse meu período [como ombudsman]’.


Pressa e preguiça


‘80% dos erros que saem no jornal podem ser atribuídos a três fatores: pressa, preguiça e ignorância. E acho que isso não tem muito como mudar, a não ser com um controle firme do comando da Redação.’


Autorregulamentação


‘Os jornais, a imprensa, os jornalistas são arrogantes, prepotentes, não gostam de ouvir críticas em nenhuma hipótese e não querem ser melhorados. Se a imprensa não se autorregular, ela vai ser regulada por alguém e será pior para ela.


Por que o ombudsman, que é uma forma modesta de autorregulação, não se dissemina no país e no mundo? Porque os jornais e a imprensa não gostam de ser reguladas nem por si próprias. A autorregulação é uma premência para a liberdade de imprensa.


Futuro do impresso


‘Não tenho dúvida de que sim [que o jornal impresso sobreviverá na era on-line]. Acho que todos esses apocalípticos que já marcaram a data de quando o último jornal impresso irá circular estão errados, assim como todos os que diziam que o rádio ia acabar quando a TV chegasse estavam errados, assim como os que diziam que a TV ia acabar quando a internet chegasse estavam errados.


Os meios vão se adaptando, mudam de papel e de nicho no mercado. É claro que o rádio hoje não é o mesmo da Rádio Nacional, quando todo mundo se sentava ao lado do aparelho para ouvir o Francisco Alves. Mas o rádio hoje vive seus melhores momentos, encontrou seu nicho, que é o rádio no carro, o rádio em casa, de manhã.


O jornal impresso também vai encontrar o seu nicho. […] O importante é que o jornal sobreviva. Porque a gente corre o risco de viver numa sociedade em que os fatos não têm mais importância, só as opiniões têm importância.’


Novo projeto


‘O modelo que a Folha adotou em 1984 não é mais o de hoje. O papel do jornal impresso mudou completamente nesses anos. O que a Folha precisa é de um novo projeto para o século 21, que priorize a profundidade, a complexidade do tema, que concorra com a mídia eletrônica, com análise, profundidade e autonomia na investigação. Não vejo mais nenhum sentido em o jornal sair com manchetes, 23 horas depois de o fato ter acontecido, para ‘informar’ ao leitor que o avião da Air France caiu. […] Teve o caso da morte do Michael Jackson. A morte dele não deveria ter sido manchete para um jornal como a Folha. Foi um erro. […] Acho que o jornal está num momento de indefinição e de incerteza em relação a seu futuro e titubeia às vezes naquilo que ele é.’


Ombudsman


‘Muita gente não entende, de fato, qual é a função do ombudsman. Muitas vezes recebo mensagem de leitor, com críticas à Folha, que termina assim: ‘Com a palavra, o representante da Folha’. Não sou representante da Folha, sou representante do leitor. Eu nunca falo em nome do jornal, não posso. Mas ser representante do leitor não significa que eu tenha de ser adversário do jornal, como muitos me cobram, porque o leitor não é inimigo do jornal.’


Distância


‘Minha relação com a Redação é muito distante. Eu não trabalho na Redação, e esse é um dos pontos importantes da condição de ombudsman, para não ser objeto da pressão diária dos colegas. Trabalho, a maior parte do tempo, na minha casa. Vou à Folha duas vezes por semana para atender leitores ou fontes que querem falar comigo. Portanto, a pressão que eu sinto da Redação é pequena.’


Independência financeira


‘Também concordo que, em princípio, pelo menos, os governos não deveriam anunciar, pagando. Acho que eles podem pedir a colaboração dos veículos, em situações como campanhas de vacinação, de calamidade pública e assim por diante. Esse é um problema concreto, que ameaça menos as grandes empresas do que as pequenas. Mas acho que a mesma situação ocorre quando um veículo fica dependente de poucos anunciantes particulares, porque os particulares também podem exercer o mesmo tipo de pressão. A situação ideal é ter uma diversificação de fontes de receita bastante grande, de modo que não dependa de um ou dois anunciantes, sejam eles públicos ou privados.’


Diploma


‘O diploma eu sempre achei que é uma falsa questão. Não há necessidade de uma formação de quatro anos em escola superior para alguém ser jornalista, é totalmente irrelevante.’’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Surpresa


‘A informação correu no final da tarde no Brasil, das manchetes de Folha Online e BBC Brasil ao intervalo da Globo, ‘surpresa’, ecoando a entrevista de Manuel Zelaya à Telesur em que ele confirmou que estava na embaixada e agradeceu Lula.


Antes, Zelaya já havia entrado ao vivo num canal hondurenho, por telefone, em transmissão cortada pelo ‘governo golpista’ _como descrito pela Globo News, de início. A transmissão foi ato de ‘terrorismo midiático’, segundo o presidente golpista. Na escalada do ‘Jornal Nacional’, depois, ‘Tensão em Honduras’.


Descreveu o governo, antes golpista, como tendo ‘o apoio dos militares, do Judiciário e do Congresso’. No ‘Jornal da Band’, Zelaya foi deposto por ‘golpe militar’, ponto. Enquanto isso, manchete on-line do hondurenho ‘El Heraldo’, que defende o golpe, ‘O presidente de Honduras chama o Brasil a entregar Zelaya’.


POR TELESUR, CNN, AL JAZEERA


O ‘New York Times’ destacou o retorno na home page recorrendo não à Telesur, mas a uma entrevista de Zelaya à CNN. Depois priorizou outra, dada por ele à Al Jazeera.


E citou a ‘confusão’ de boatos na capital, onde ‘muitos veículos’ apoiam o governo ‘de facto’. Ressaltou as reações conflitantes de Hillary Clinton e Celso Amorim, ela ainda pelo ‘diálogo’ buscado por Oscar Árias, ele pela mediação via OEA.


Também o ‘Wall Street Journal’ deu na home, mas com a Telesur e sublinhando a descrição de Hugo Chávez, de que ‘Manuel Zelaya viajou por dois dias, através de rios e montanhas e arriscando sua vida’.


No espanhol ‘El País’, foi manchete tarde e noite, com a ‘firmeza’ do presidente deposto etc.


QUEDA DE BRAÇO


Na manchete final do Valor Online, ‘Com ajuda da Vale, Bolsa tem nova máxima’. A alta ‘foi atribuída à notícia’ publicada no próprio jornal ‘mostrando que o empresário Eike Batista não desistiu de entrar para o grupo de controle da mineradora’.


Em outro portal econômico, Exame, o destaque era um post relatando que Lula segue em campanha contra Roger Agnelli, executivo indicado pelo Bradesco para comandar a Vale. Refere-se a ele como ‘traidor’, pelas demissões na crise e por não investir em aço.


A disputa chegou à Bloomberg, em reportagem ouvindo críticas à pressão de Lula, dos fundos brasileiros Mercatto e Opportunity, mas também que investir em aço é bom conselho, do inglês Nomura Securities.


FÁCIL DE COMPRAR E VENDER


Por ‘WSJ’ e ‘Financial Times’, ‘NYT’ e ‘El País’, ecoou o detalhamento da oferta de ações a ser realizada pelo banco Santander, na filial brasileira. A operação, a maior na história do país, faria do Brasil o segundo maior mercado de IPOs no mundo.


Foi o desempenho da filial brasileira que levou a revista ‘Euromoney’ a eleger o Santander como ‘top bank’ da Europa, sublinhou o ‘NYT’.


No ‘FT’, a coluna Lex já saiu ontem com uma primeira avaliação, postando que ‘o Brasil é uma história fácil de comprar e vender’, mas é preciso ‘cuidado, até mesmo no Brasil’. Avisa que o espanhol ‘não é o único banco a se excitar’ e arriscar, por aqui.


O QUE QUEREM OS RICOS


Na manchete de papel do ‘WSJ’, ontem, ‘Nações estão perto de grandes mudanças na política econômica global’. Em suma, é a proposta americana para o G20, apoiada por europeus, de um plano para comprometer os EUA a conter seu déficit, a Europa a investir mais e a China a ‘depender menos de exportação’.


Mas segundo Ricardo Balthazar, no ‘Valor’ de papel, ‘China e outros emergentes veem com desconfiança e já indicaram que vão resistir’. O plano prevê aumento no ‘consumo doméstico’ dos Brics e ‘é parecida com uma iniciativa do FMI antes da crise’. China, Brasil e outros priorizam, no G20, a distribuição do poder no próprio FMI.’


 


 


CAMPANHA


Folha de S. Paulo


Na TV, Marina evita polêmica sobre aborto


‘Em entrevista ontem no programa Roda Viva, da TV Cultura, a senadora Marina Silva -provável candidata à Presidência da República pelo PV- evitou se posicionar sobre temas polêmicos, como a legalização do aborto e o ensino criacionista público, mas se disse contrária à legalização da maconha.


Marina disse que ‘não poderia simplificar’ se era contra ou a favor da legalização do aborto. ‘Acho que deveria haver um plebiscito para tratar esse tema. Não se pode impor nenhuma posição.’


A ex-ministra do Meio Ambiente reconheceu ganhos do governo de Fernando Henrique Cardoso e evitou críticas ao PT. Mas afirmou que os ataques do presidente Lula à política econômica do governo anterior foram ‘retóricas’, já que, na prática, Lula teria mantido as políticas de gestão econômica.


Questionada se é candidata à Presidência, a senadora disse que ‘hoje’ não é, mas que ‘há possibilidade’ de ser. Durante toda a entrevista, no entanto, ela respondeu com naturalidade a perguntas sobre um possível governo.


Ao falar de política ambiental, a senadora afirmou que concedeu licenças para as obras mais difíceis do governo Lula.’


 


 


TELEVISÃO


Daniel Bergamasco


‘Lula, o Filho do Brasil’ vira minissérie de quatro capítulos


‘O cineasta Fábio Barreto está adaptando para a TV o roteiro do longa-metragem ‘Lula, o Filho do Brasil’, que chegará aos cinemas no início de 2010.


‘Serão quatro capítulos, que estamos escrevendo agora. A história do presidente é muito rica e rende bem mais que um filme’, afirma o diretor.


Barreto diz que tentará manter na versão televisiva atores do filme, que é baseado no livro de Denise Paraná. Alguns deles, como Glória Pires, têm contrato com a TV Globo.


A minissérie, contudo, ainda não tem emissora definida. ‘Estou conversando com algumas, há muito interesse, mas não fechei com ninguém. Mas será, com certeza, um projeto para TV aberta’, diz Barreto.


Segundo o diretor, a minissérie só irá ao ar depois das eleições presidenciais do fim do ano, diferentemente do filme, que é visto pelos aliados do presidente como trunfo para reforçar sua imagem e ajudar a emplacar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) como sucessora no cargo.


O orçamento da série está calculado por Barreto em R$ 15 milhões, quase o mesmo do longa-metragem.


Nem o filme nem a série terão Lula na Presidência da República. Ambos mostrarão a vida de Lula desde Caetés, no interior pernambucano, até os momentos que antecederam a fundação do PT.


PANTANAL


No embalo da minissérie sobre a vida de Lula, Fábio Barreto ressuscitou outro projeto de TV: uma minissérie sobre o Marechal Cândido Rondon, planejada há três anos, com cenas gravadas no Pantanal. ‘Mas estou readaptando, de 20 para quatro capítulos, com orçamento de R$ 4,5 milhões em vez de R$ 10 milhões. Já tenho patrocínios como Correios e Eletrobrás’, diz ele, que inicialmente exibiria o programa na Rede TV!. ‘Pode ser lá, mas não está nada certo.’


CASQUINHA


O domingo foi novamente generoso com as concorrentes da TV Globo. Entre liderança isolada ou empate técnico, o ‘Programa do Gugu’ (Record) esteve em primeiro no Ibope por 53 minutos, o ‘Eliana’ (SBT) por 39 e o ‘Pânico na TV’ (Rede TV!) por 12.


O BACHAREL


O temido exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) será tema de um ‘reality show’… na Rede TV! de Natal. ‘A cada etapa, olho para o candidato e falo: ‘Você está reprovado!’, explica o apresentador Robson Coelho, que é secretário-adjunto de Esporte na cidade. ‘Vai ser tipo ‘O Aprendiz’.’


BOM DIA, SÉ 1


Praticamente todo o elenco de ‘Bom Dia, Frankenstein’ (Antônio Fagundes, Grazi Massafera etc.) gravará nas ruas do centro de São Paulo as primeiras cenas paulistanas da próxima novela das sete, que estreia em janeiro.


BOM DIA, SÉ 2


As gravações acontecerão na primeira quinzena de outubro. A avenida São João, o vale do Anhangabaú e o viaduto do Chá são algumas das locações.’


 


 


Rodrigo Russo


De novo, ‘Mad Men’ e ‘30 Rock’ levam Emmy


‘Conforme a imprensa norte-americana já comentava, a premiação do Emmy de 2009 foi previsível. A série de comédia ‘30 Rock’ venceu pelo terceiro ano seguido em sua categoria, e o drama ‘Mad Men’ ganhou o segundo troféu consecutivo.


A maior surpresa ficou por conta da australiana Toni Collette, que, com sua participação em ‘United States of Tara’ -criada por Diablo Cody, autora do roteiro de ‘Juno’-, conseguiu vencer a comediante Tina Fey na categoria de melhor atriz de comédia (veja no quadro ao lado os principais vencedores deste ano).


Fey, porém, conquistou a categoria de melhor atriz convidada em programas de comédia com sua divertida e popular imitação de Sarah Palin, candidata republicana à vice-presidência dos EUA, no programa ‘Saturday Night Live’.


Nas categorias de melhor ator e atriz em série dramática, Bryan Cranston (‘Breaking Bad’) e Glenn Close (‘Damages’) repetiram o resultado do ano passado. Alec Baldwin (‘30 Rock’) também seguiu como melhor ator na categoria série de comédia.


A minissérie ‘Little Dorrit’, adaptação de obra do escritor Charles Dickens, foi a maior vencedora da noite, com sete prêmios. A série foi produzida pela BBC em parceria com a emissora pública PBS.


Um dos discursos mais interessantes da cerimônia foi o de Kristin Chenoweth ao vencer como melhor atriz coadjuvante por ‘Pushing Daisies’. Com ironia, a atriz agradeceu pelo prêmio dado a uma série cancelada que já não está mais no ar. ‘Estou desempregada. Então, gostaria de atuar em ‘Mad Men’. Mas também gosto de ‘The Office’ e ‘24 Horas’, disse.


Audiência


Depois de obter no ano passado a mais baixa audiência desde o início da década de 1990, com cerca de 12,4 milhões de pessoas assistindo à cerimônia de premiação, a preocupação dos produtores do Emmy em torná-lo mais atrativo funcionou -em parte.


Segundo dados preliminares, a premiação deste ano, transmitida pelo canal CBS, foi vista por 13,3 milhões de pessoas. Este é, porém, o quarto pior resultado do Emmy desde 1986 -quando 35,8 milhões de pessoas assistiram à cerimônia.


Além disso, pelo terceiro ano seguido o futebol americano foi o programa favorito na TV dos EUA para a noite de domingo. A inauguração do novo estádio do Dallas Cowboys (com custo estimado de US$ 1,2 bilhão), em jogo contra o New York Giants teve a maior audiência do esporte nos últimos 11 anos.


O fato de as séries vencedoras terem um público segmentado e baixa audiência também é apontado como um dos motivos para que as pessoas não acompanhem a premiação.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 22 de setembro de 2009 


 


ESTADÃO SOB CENSURA


Daniel Bramatti


Homenagem à ANJ vira ato contra a censura


‘Uma homenagem à Associação Nacional de Jornais (ANJ) se transformou ontem em um manifesto pela liberdade de imprensa e em um ato de desagravo ao Estado, que está sob censura.


‘O Estado passa por uma censura velada. Não há um militar na Redação, mas uma decisão judicial que impede o jornal de publicar uma informação de interesse público. Só podemos lamentar que a Justiça dê base legal a uma violência’, disse Miguel Ignatios, presidente da Associação Brasileira dos Dirigentes de Vendas (ADVB), promotora do Fórum de Temas Nacionais.


Além de homenagear a presidente da ANJ, Judith Brito, o evento, realizado em São Paulo, teve como palestrante o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.


Ao discursar, Judith Brito disse que a democracia brasileira tem hoje a liberdade de imprensa como um de seus pilares, mas ressalvou que o caso de censura contra o Estado prejudica todos os órgãos de comunicação do País.


Em 31 de julho, uma decisão do desembargador Dácio Vieira proibiu a publicação de reportagens sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que envolve o empresário Fernando Sarney e os negócios da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


Presidente da Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap), o publicitário Luiz Lara também condenou a medida. ‘A liberdade de imprensa não é apenas um alicerce da democracia, é a própria democracia’, afirmou.


Miguel Ignatios disse ter ouvido de diversos empresários manifestações de preocupação com a censura e de solidariedade ao Estado. Ele criticou a demora da Justiça ao analisar os recursos apresentados pelo jornal. ‘Cobrar uma decisão rápida nesse caso é manifestar apoio à democracia no Brasil.’


Também presente ao evento, o presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, Luiz Flávio Borges D’Urso, manifestou preocupação com um eventual precedente que a censura judicial pode firmar. ‘Somos todos, jornalistas ou não, guardiães da liberdade de imprensa’, discursou.


Gandour fez um relato sobre os principais pontos da cobertura da crise dos atos secretos no Senado, cuja existência foi revelada pelo Estado em junho. Ao comentar a censura atual e aquela sofrida pelo jornal nos anos 70, Gandour afirmou que os contextos são muito diferentes, mas que ‘talvez haja um sutil ponto em comum que mereça reflexão, o progresso material’. ‘Poderia o progresso econômico propiciar uma certa anestesia política e deixar a população desatenta em relação aos atentados contra a liberdade de expressão?’, refletiu.’


 


 


MEMÓRIA


O Estado de S. Paulo


Acervo fotográfico da Bloch vai a leilão hoje


‘A imagem de Pelé comemorando o gol na estreia do Brasil na Copa de 70, no México, feita pelo fotógrafo Orlando Abrunhosa, que correu o mundo e virou selo, é um dos itens mais importantes do acervo fotográfico e jornalístico da Bloch Editores que será leiloado hoje no Fórum do Rio. Com mais de 40 milhões de peças, o material está avaliado em R$ 2 milhões. Será vendido para pagar créditos trabalhistas com ex-funcionários da empresa, que faliu em 2000. Segundo a Comissão de Ex-Funcionários da Bloch Editores, 780 dos ex-funcionários já tiveram seus créditos liquidados, 1.500 começaram a receber em agosto e mais de 250 ainda não pegaram seus cheques.’


 


 


TELEVISÃO


Patrícia Villalba


‘Esperei muito por uma chance. É um grande momento para mim’


‘De todos os conflitos que plantou na sua Viver a Vida, novela das 8 que estreou na semana passada na Globo, Manoel Carlos aposta boa parte das fichas na história de Renata, interpretada por Bárbara Paz. E apenas a história dela já daria uma novela inteira: aspirante a atriz ou modelo (o que aparecer primeiro), meio perdida e com baixa estima acentuada, ela está habituada a substituir a comida pelo álcool. Criada numa casa onde o consumo de álcool era tratado com naturalidade, ela vive dois palmos acima do chão, tentando não perceber que seu namorado, o médico Miguel (Mateus Solano), é apaixonado pela namorada do irmão gêmeo, Jorge (Mateus Solano). ‘O Miguel fala que ela é mais paciente do que namorada. E ela sente que ele não gosta mais dela, por isso vai se afundando cada vez mais’, explica a atriz, que conversou com o Estado nos estúdios da Globo (Projac), num intervalo de gravação da novela.


Personagens que têm relação conturbada com a bebida são uma constante nas novelas de Manoel Carlos e, entre os memoráveis, estão o Orestes de Por Amor (1997), interpretado por Paulo José, e a professora Santana, papel de Vera Holtz em Mulheres Apaixonadas (2003). Desta vez, o distúrbio que movimenta a trama é o que se tem chamado de drunkorexia, uma espécie de moda em Hollywood, com ‘adeptas’ como Kirsten Dunst e Lindsay Lohan. ‘Já ouvi muita gente dizer ‘sou drunkoréxica’, como se fosse bom’, espanta-se a atriz.


É o primeiro papel de Bárbara numa novela da Globo – antes, ela havia participado apenas de um episódio da série Força Tarefa, em abril. Sem fazer charme, ela admite que esperou muito pelo papel e que a chance na Globo demorou tanto a aparecer por sua imagem ter ficado ligada à Casa dos Artistas, do SBT, do qual saiu vencedora em 2001.


Oportunidade de ouro para ganhar dinheiro num primeiro momento, o reality show acabou criando obstáculos na carreira da atriz, só vencidos depois que ela resolveu se retirar da TV e investir em trabalhos no teatro. Lá, dirigida por nomes como Bibi Ferreira e Eduardo Tolentino, obteve o respeito necessário para apagar a imagem de protagonista de novelas mexicanas. Foi mais uma grande virada na sua vida.


A outra, aconteceu há 17 anos. Recém-chegada a São Paulo, vinda da pequena Campo Bom (RS) para seguir a carreira de modelo e estudar teatro, com apenas 17 anos, ela sofreu um acidente de carro que lhe deixou marcas no rosto. Portas foram fechadas, ela conta. ‘Fui uma pessoa que me superei a vida toda. Por isso, quando me chamaram para a novela e eu vi que o tema seria superação, pensei que só pode ser mesmo o destino.’


Quando saiu da Casa dos Artistas, você participou de adaptações de novelas mexicanas no SBT. Depois, resolveu ficar fora da TV. Essa saída foi uma decisão consciente ou surgiram convites para o teatro, e você achou que seria bom descansar a imagem?


Não foi só para descansar minha imagem, mas eu mesma precisava descansar. Saí do reality show para a novela mexicana (Marisol). Nunca tinha feito novela, e gravava 35 cenas por dia. Não tinha noção, não tinha ninguém lá para me dizer como fazer. Foi tudo muito over. Não estava feliz. Depois de um ano, não sabia mais como lidar com tudo aquilo. Daí, o (Eduardo) Tolentino me mandou o texto do Oscar Wilde (A Importância de Ser Fiel) e disse ‘Bárbara, vamos estrear em outubro, leia’. Não tive dúvida, e comecei a ensaiar e resolvi ficar no teatro. Voltei para o meu mundo, e o meio teatral me respeitou. Foi uma fase muito feliz, nestes três anos fiz sete peças. Continuo com meus projetos: comprei os direitos do Hell (livro da francesa Lolita Pille) e quando a novela acabar, volto para o teatro. Fiquei três anos fora da TV, até que aparecesse um convite bom. Agora, estou no lugar aonde todo mundo quer chegar, ainda mais numa novela das 8 e, melhor, do Manoel Carlos. É um grande momento para mim.


Sua personagem é ‘drunkoréxica’, algo pouco conhecido. Como tem sido a construção dela?


Nunca tinha ouvido falar na doença. Fui a um psicanalista, mas existem especialistas porque a drunkorexia não é um termo médico – existe a anorexia e o alcoolismo, separados. Nos Estados Unidos tem clínicas especializadas, aonde as celebridades que sofrem disso vão. Fui a um grupo de ajuda no Hospital das Clínicas, e conheci algumas meninas que sofrem disso. E prestei muita atenção em gente muito próxima de mim, que é muito magra e não se alimenta, por isso, quando bebe fica alteradíssima. Já ouvi muita gente dizer ‘sou drunkoréxica’, como se fosse bom.


É quase uma moda.


É sim. Vi filmes, procurei referências, mas tudo está dentro de mim. Já fui adolescente, já tomei os meus porres, sei como é isso. O ator busca o que está dentro dele. Encontrei com a (atriz) Sandra Corveloni e falei sobre o papel. Ela foi ler o texto comigo e falou ‘mas Bárbara, essa é você!’. Num certo sentido, ela é bem parecida comigo: quer ser atriz, anda no mundo da moda, mas faz testes e não consegue nenhum trabalho.


Daí, ela se torna alcoólatra.


Eu estava conversando isso com o Maneco: a Renata não é exatamente uma alcoólatra. As pessoas perguntam se ela vai ser uma Heleninha Roitman (personagem de Renata Sorrah na novela Vale Tudo, em 1988), mas é diferente. Ela sofre de distúrbios alimentares, não é uma bêbada de botequim. Ela nem bebe tanto assim, mas substitui o alimento pelo álcool. Espero que eu tenha cenas tão boas quanto as da Renata Sorrah, mas não é a mesma coisa.


Bêbado é um dos papéis mais difíceis de fazer. Como tem se preparado para as cenas?


É, corre o risco de ficar over. Converso muito isso com o Jayme (Monjardim) e o Fabrício (Mamberti), os diretores da novela, porque a ideia é que ela não vire uma bêbada de botequim. Ela fica alterada, passa mal, mas não é uma bêbada.


No turbilhão da saída da Casa dos Artistas, você chegou a duvidar da vocação de atriz?


Da minha vocação, não. Mas tinha dúvidas se seria aceita, se conseguiria trabalhar com bons atores e diretores. Tinha essa dúvida na televisão também. A Nathália Timberg me dizia ‘Bárbara, fica tranquila. Eu cometi O Direito de Nascer (1964)’. Não foi fácil fazer aquilo, foi o maior sucesso, mas …


Certos papéis marcam para a vida toda.


É. E sabe o que acontece? E eu ainda não fiz um personagem capaz de apagar a Bárbara Paz da Casa dos Artistas. Quem sabe a hora não chegou agora.’


 


 


Keila Jimenez


Acidente lidera ibope


‘O público gosta mesmo é de ver acidentes no automobilismo. A tese defendida por muitos, inclusive pelo ex-piloto da categoria Nelson Piquet, confirma-se em audiência.


Segundo medição do Ibope na Grande São Paulo, a maior audiência da Fórmula 1 este ano, na Globo, até agora, foi justamente no fim de semana do acidente envolvendo o piloto Felipe Massa. O brasileiro foi acertado por um peça na cabeça e bateu seu carro em um treino preparatório em um sábado, no dia 25 de julho, transmissão que registrou média de 11 pontos. Um treino como esse registrou em abril média de 5 pontos. A corrida logo após o acidente de Massa, no dia 26 de julho, também detém, até agora, a melhor média do ano: 17 pontos.


Mas engana-se quem pensa que com a saída de Massa da competição, a audiência da F1 despencou. Em 23 de agosto, etapa seguinte à do acidente, a corrida registrou média de 16 pontos de ibope na Globo, índice que se manteve nas etapas seguintes, até por causa do bom desempenho de outro brasileiro: Rubens Barrichello. Mas nada perto das médias na casa dos 30 pontos da época de Ayrton Senna.’


 


 


Etienne Jacintho


Emmy novamente premia séries 30 Rock e Mad Men


‘A entrega dos Prêmios Emmy, anteontem, em Los Angeles, não apresentou grandes novidades em relação ao que foi visto em 2008. As duas séries mais premiadas nos últimos anos continuaram na liderança das indicações e das estatuetas. 30 Rock (Sony) ganhou cinco prêmios, incluindo o de melhor comédia, e Mad Men (HBO) ficou com três Emmys, um deles, de melhor série dramática.


Duas séries já canceladas foram homenageadas com estatuetas e a mais prestigiada delas foi o drama médico E.R. (Warner Channel), que ficou 15 anos no ar. A série levou o Emmy de direção pelo episódio final, intitulado And In the End. Já o seriado Pushing Daisies, cancelado em seu segundo ano, ganhou quatro prêmios, um deles para Kristin Chenoweth, de atriz coadjuvante em série cômica – estatueta que escapou das mãos da atriz na edição passada.


Uma das surpresas da festa foi o Emmy de melhor atriz em série cômica para Toni Collette, protagonista de United States of Tara, ainda inédita no Brasil. Nos anos anteriores, a comediante Tina Fey, de 30 Rock (Sony), praticamente reinou na categoria. No entanto, a comédia que fala sobre os bastidores da televisão deu a Alec Baldwin, novamente, o prêmio de melhor ator em série cômica. No quesito melhor ator coadjuvante em comédia, a estatueta foi para Jon Cryer, que interpreta Alan Harper, irmão de Charlie Sheen na série Two and a Half Men (Warner Channel).


Apesar de Damages (AXN) ter apresentado uma segunda temporada mais fraca em relação ao ano de estreia, Glenn Close, claro, levou o Emmy de melhor atriz em drama. Outra veterana, Cherry Jones – desconhecida na TV, mas famosa nos palcos -, ganhou o prêmio de atriz coadjuvante em drama por sua atuação como a presidente Allison Taylor, na sétima temporada do seriado 24 Horas (Fox).


Pouco divulgado no Brasil, o seriado Breaking Bad (Sony) levou, pelo segundo ano consecutivo, o Emmy no quesito melhor ator dramático. Bryan Cranston interpreta Mr. White, um professor pacato que muda de vida após descobrir que está doente. Na categoria melhor ator coadjuvante em série de drama, o prêmio ficou nas mãos de Michael Emerson, o Ben Linus, de Lost (AXN).


Grey Gardens foi o grande vencedor da noite como filme feito para a TV, que coroou Jessica Lange como melhor atriz na categoria. A produção, que levou outros cinco Emmys e pode ser visto na HBO Plus – quinta-feira, às 20h15; domingo, 18h20; e no dia 30, 18h30 -, narra as desventuras de Big Edith (Jessica Lange) e Little Edith (Drew Barrymore), mãe e filha, que vivem uma decadência financeira e social.’


 


 


 


 


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