Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Pelé, Robinho e a lei

Na semana passada, o jornalismo esportivo transformou o Robinho na bola da vez.

Ainda não dá para saber se o jogador do Manchester City é ou não culpado da acusação de assédio sexual. Mesmo assim uma parte da imprensa brazuca já condenou o ex-santista.

Na Rede Globo, Pelé disse em tom professoral que Robinho deveria dar o exemplo. Disse até que ele é um representante do Brasil e não deveria envergonhar o país lá fora.

Ora bolas. Pelé foi um grande jogador, mas não é exatamente um exemplo de sexualidade contida. Todos sabem que Pelé teve uma filha que se recusou a reconhecer. Como Pelé pode colocar o dedo na cara de Robinho sem demonstrar hipocrisia?

Quando fala de futebol, é Pelé é uma autoridade incontestável. Pelé foi o futebol brasileiro das décadas de 1950 a 1970. Mas esta semana Pelé demonstrou ser um péssimo comentarista político.

Menos sensacionalismo

Robinho não é um diplomata, nem tampouco foi comissionado pelo Itamaraty para representar o Brasil na Inglaterra. Ele é apenas um jogador exercendo sua profissão em outro país. Nada do que Robinho faça como cidadão ou profissional vai comprometer a imagem do Brasil ou as relações diplomáticas que temos com outros Estados.

Se jogar bem, Robinho merecerá aplausos. Se jogar mal, poderá ser vaiado. Se for suspeito de cometer um crime irá responder ao processo, como qualquer cidadão. Mas nem por isto pode ser tratado como um criminoso, como um mau exemplo ou como um embaraço diplomático por jornalistas e comentaristas.

Ingleses e brasileiros têm a obrigação de considerar o suspeito Robinho como inocente até sua condenação. E se ele for condenado deverá cumprir a pena como qualquer um. É o que consta das legislações inglesa e brasileira. Portanto, menos sensacionalismo e mais jornalismo de qualidade é o que todos esperamos, inclusive e principalmente da Rede Globo.

******

Advogado, Osasco, SP