Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Pesquisador critica especial de Veja sobre Amazônia

Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


************


Correio da Cidadania


Sexta-feira, 28 de março de 2008


VEJA
Rodolfo Salm


Exploração ‘não criminosa’ na Amazônia é ‘desejo fantasioso’ , 26/3


‘A revista Veja publicou, agora, na última semana de março, um ‘Especial Amazônia’, que traz em destaque na capa a imagem de uma floresta vista do alto, marcada por um brasão de fogo em forma de cifrão sobre as manchetes ‘A verdade sobre as queimadas e o ritmo do desmatamento’ e ‘Por que a exploração econômica não precisa ser criminosa’.


‘A floresta é um templo’, é o título do editorial da edição, onde a Veja tenta decidir de forma confusa se a floresta é ou não é um templo. Primeiro, cita o biólogo Edward Wilson, que comparou a selva amazônica a uma catedral, ‘que deveria despertar em todas as pessoas sentimentos simultâneos de temor e admiração’. Em seguida, de maneira criativa, não ataca a metáfora do templo, como usualmente faz o argumento desenvolvimentista. Ao contrário, diz que também ‘encara a região como uma catedral’. Mas ‘não propriamente na conotação reverencial que lhe empresta o biólogo de Harvard’.


A descrição de como a floresta seria um templo é uma pérola que só transcrevendo: ‘Como a nave e os altares de um templo, a Amazônia também possui regiões que podem abrigar altas concentrações humanas ao lado de outras que são sagradas do ponto de vista da biodiversidade, áreas em que a atividade econômica pode ter efeito devastador não apenas sobre a manutenção da vida local, mas sobre todo o mecanismo climático do planeta’. Quer dizer que na catedral amazônica da Veja há áreas (aquelas que podem abrigar altas concentrações humanas) que não são ‘sagradas’, em que a ‘atividade econômica’ provavelmente também nem teria efeito devastador sobre a vida local e o planeta? Além do mais, nas igrejas, as ‘concentrações humanas’ geralmente estão ocupadas em contemplar e não em destruir o templo.


Segue então, por 14 páginas, a reportagem especial de Leonardo Coutinho e José Edward ‘A verdade sobre a saúde da floresta’. A reportagem parte da observação correta de que as notícias sobre a Amazônia são muitas vezes contraditórias, ora dando a entender que a selva nunca esteve tão protegida, ora que sua morte é iminente. Aí os jornalistas enrolam-se ao tentar resolver o problema da sorte da floresta amazônica, sintetizado em um gráfico que descreve quatro cenários com projeções de desmatamentos para os próximos 50 anos, de ‘otimista’ a ‘catastrófico’, passando por ‘realista’ e ‘pessimista’, que variam de 20% a mais de 40% da floresta desmatada (lembre que cerca de 17% já foram embora).


Digo que os jornalistas enrolaram-se na resposta porque, abaixo de cada cenário, colocaram um reloginho marcando o grau de probabilidade de ocorrerem: baixo, médio e alto. Acertadamente eles classificaram como alta a probabilidade de ocorrer um desmatamento de 40% da mata, mas… peraí. Esse é o cenário ‘pessimista’. Como pode haver um cenário ‘realista’ com probabilidade de ocorrência menor (média)?! Leonardo Coutinho e José Edward sabem (ou deveriam saber) que o mais provável é que realmente seja mantido o ritmo atual de desmatamento e que os cenários pessimista e catastrófico são, na verdade, os realistas. Mas, com a brincadeira das palavras, o leitor da Veja é levado, se não a ser ‘otimista’, como é sempre muito melhor viver, a ser pelo menos ‘realista’, esperando um desmatamento de 27% em uma situação na qual ‘o governo consiga colocar um programa que faça funcionar as unidades de conservação, (…) e puna quem desmate além do permitido’. Ao invés de ‘realista’, esse eu já chamaria de cenário-Poliana, ‘pra lá de otimista’.


Nas páginas de gráfico centrais, os jornalistas fazem uma comparação interessante, mas que também pode induzir o leitor a um erro, como pretendo demonstrar. Eles comparam a área total das duas páginas da revista aberta (27 x 40 cm) a dois retângulos coloridos desenhados no canto da página, um maior (de 10 x 16 cm), que representa os 700 mil quilômetros quadrados desmatados nos últimos 45 anos, e outro menor (de 7 x 10 cm), que marca os 356,5 mil quilômetros quadrados desmatados nos últimos 20 anos. Se estivessem reunidos assim, apenas em um ‘canto’ da floresta (quem dera), os desmatamentos atuais (que se alastram como nunca por praticamente todas as partes da Amazônia) seriam bem menos graves. Mas, dispersos como estão, são indicativos de uma iminente explosão da devastação por toda a região, além de pulverizarem e multiplicarem seus efeitos negativos.


Para completar a edição especial, a cereja do bolo da Veja é o artigo final, assinado pelo economista Gustavo Ioschpe: ‘E se plantássemos cérebros?’. Com uma conta esdrúxula que considera as florestas federais e as reservas obrigatórias da área da Amazônia Legal e do resto do país, o economista conclui que apenas pouco mais de um terço de nosso território nacional é realmente para os brasileiros e para os animais de criação, que dão lucro aos seres humanos. O restante seria destinado por lei para as árvores e os animais selvagens. Além de desconsiderar que as áreas de reserva legal e de preservação permanente são sistematicamente ignoradas (basta andar pelo interior dos estados do Sul e Sudeste procurando os 20% que cada propriedade deveria manter), o colunista trata as áreas de reserva como um bloco separado. O mesmo artifício usado na comparação dos retângulos da página dos gráficos da matéria principal.


Ele desconsidera ainda os efeitos positivos das áreas preservadas sobre o solo, os rios, o clima, a vida das populações locais e, ainda por cima, a economia. ‘Enquanto uma massa de brasileiros vive em condições subumanas, sinto-me moralmente impedido de defender a preservação do mico-leão dourado’ — como se a preservação do mico-leão dourado pudesse de alguma forma prejudicar a massa de brasileiros que vive em condições sub-humanas (aliás, sua preservação tem até tido o potencial de ajudar comunidades que vivem próximas às minúsculas áreas de ocorrência da espécie, com o desenvolvimento de ecoturismo e de outros projetos tocados por ONGs). ‘Faz sentido, em um país com os nossos índices de criminalidade, com os nossos problemas de tráfico de drogas e contrabando nas fronteiras, deslocar mil homens da Polícia Federal para vigiar madeireiras no Pará, como o governo acaba de anunciar?’ – então nem as madeireiras devem ser vigiadas? Ele esquece-se também que a atividade madeireira ilegal também é crime e, portanto, também entra nos índices de criminalidade, além de estar associada a outras práticas criminosas, como contrabando de madeira, corrupção de funcionalismo público etc. O colunista cita os altos índices brasileiros de analfabetismo funcional e pergunta como seria se nossa energia, ao invés de ser ‘despendida na preservação de florestas e animais selvagens’, fosse investida na educação — como se fossem áreas incompatíveis.


A mata além da fronteira agrícola não é destruída pelo fato de ser inacessível, até um dia em que um fazendeiro abre uma estrada para lá, para desmatar os 20% a que tem direito (e normalmente um bom naco do que NÃO tem direito), e então ela se torna imediata e inevitavelmente vulnerável.


Para mim, é respondendo à questão de ‘quanto é aceitável desmatar para dar lugar ao agronegócio’ que Leonardo Coutinho e José Edward expõem mais claramente o posicionamento da publicação: ‘Uma coisa é certa: os fazendeiros estabelecidos na região não são criminosos porque derrubam parte da floresta para tocar seu negócio [bem, de acordo com a lei de crimes ambientais, eles o são se desmatarem além do permitido, mas moralmente falando o assunto é outro]. Eles contribuem para o desenvolvimento da Amazônia [pouco], criam empregos [poucos no caso da soja, mecanizada, e da pecuária, extensiva] e somam pontos ao PIB do país [a que preço futuro para a nossa própria economia?]. O que precisa ser combatido é o desmatamento selvagem [quase todo ele é selvagem]’.


Esta afirmação seria menos equivocada se todo esse desmatamento pudesse ficar reunido no canto da página, como nos gráficos da Veja. Mas o fazendeiro, que tem terras além da fronteira agrícola, se quiser desenvolver sua fazenda, é obrigado a abrir uma estrada no meio da mata para chegar à fazenda onde poderia desmatar os seus 20%. Então, respondendo à pergunta na capa da revista, a exploração econômica ‘não precisa ser criminosa’ somente e simplesmente porque a Veja bate o pé e quer que não seja. Criminosos, para a Veja, seriam os sem-terra, que vêm pela mesma estrada, aberta pelo ‘bom’ fazendeiro, e impedem a preservação da Reserva Legal.


Rodolfo Salm, PhD em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia, é pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi’


 


 


************


Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 28 de março de 2008


POLÍTICA
Clóvis Rossi


Corrupção por quilo


‘SÃO PAULO – Alguém aí se surpreendeu com o circo em que se transformou a CPI dos Cartões Corporativos? Ou todos sabem que é parte do show da política, cada vez com menos exceções?


Nem se tocou no que é o verdadeiro fundo da questão, a saber: a facilidade com que o mundo político confunde seu próprio bolso com o erário. Simples assim.


Para piorar as coisas, quem deveria ser o maior fiscal do bom uso do dinheiro público, Jorge Hage, corregedor-geral da República, já antecipou um habeas corpus para qualquer abuso com a sua afirmação de que o caso da tapioca comprada pelo ministro de Esportes era a ‘escandalização do nada’.


Posto de outra forma: Hage introduz o conceito de corrupção por quilo. Uma tapioca realmente pesa pouco, mas o ponto não é esse.


O ponto é que qualquer desvio de fundos públicos, pequeno, médio ou grande, é um escândalo, seja para comprar tapioca, seja para cobrar e não construir uma ponte.


Se fosse possível levar a sério a teoria de Hage, a providência seguinte imediata seria divulgar uma tabelinha que dissesse o que o corregedor entende que merece escândalo. Duas tapiocas valem um escândalo? Ou seria preciso uma dúzia? Ou uma centena?


Em países mais ou menos normais, o corregedor-geral da República ficaria uma fera mesmo que sumisse um humilde lápis de qualquer repartição pública.


Aqui, um ministro equivocar-se e comprar com dinheiro público alguma coisa, seja o que for, é ‘nada’.


Posso até admitir que o ministro tenha se enganado -e todo mundo está sujeito a enganos- e devolveu o dinheiro.


Ainda assim, entender que é ‘nada’ um abuso, qualquer que seja o valor, é introduzir um habeas corpus preventivo para qualquer outro abuso, porque corrupção não se mede a quilo, mas, sim, por existir ou não.’


 


IMAGEM
Eliane Cantanhêde


Falem mal, mas…


‘BRASÍLIA – Em política, é melhor seguir o princípio do ‘falem mal, mas falem de mim’ e botar o ‘produto’ na praça, articulando, claro, para que falem mais bem do que mal. E como se tem falado de Dilma Rousseff e de Aécio Neves! Algumas vezes por mal, mas na maioria por bem.


Por isso, há sérias dúvidas sobre a estratégia do PSDB e do DEM na CPI da Tapioca de forçar a barra para convocar Dilma a depor sobre o tal dossiê contra a gestão FHC. Em minoria, a oposição perdeu de 14 a 7. Dilma não foi convocada, lucrou fotos, manchetes, tempo na TV. E sob a percepção subliminar de que é vítima de uma mera armação política por ser candidata de Lula à sucessão em 2010. Ou seja: Lula lhe deu esse status; a oposição agora avaliza e passa recibo. Afinal, ninguém bate em concorrente fraco. Se Dilma apanha, é porque ficou forte.


Aécio também entrou com tudo numa guerra que não é diretamente a de 2010, mas é direcionada para lá: a da comunicação. Como governador de Minas, ele tem dupla vantagem: destaque suficiente para aparecer vez ou outra na mídia nacional e insuficiente para atrair um enxame de jornalistas vasculhando os dados -e eventuais falhas- da sua gestão.


Da noite para o dia, Aécio começou a ‘aparecer’. Fez a grande jogada do acordo PSDB-PT com o prefeito de BH, Fernando Pimentel, providenciou reuniões sorridentes, ora com Ciro Gomes, ora com o queridinho destas eleições, Fernando Gabeira. Sem perder o charme de carioca honorário, de namorador de misses.


O fato é que Dilma e Aécio estão, como dizer?, na crista da onda. Para pré-candidatos, nada poderia ser melhor. Mas essa farra pode acabar.


Dilma começa a se enroscar sozinha, mesmo sem CPI, no dossiê contra FHC, e Aécio tem de rezar para que a aliança com o PT realmente se concretize. Para a coisa não se inverter e passarem a falar mais mal do que bem dos dois.’


 


IMPRENSA NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo


Juíza da Paraíba extingue ação contra a Folha


‘O Poder Judiciário extinguiu ontem o 20º processo civil iniciado em nome de um fiel da Igreja Universal do Reino de Deus contra a empresa Folha da Manhã S/A, que edita a Folha, e contra a jornalista Elvira Lobato.


A juíza substituta de Uiraúna (PB) Andressa Torquato Silva entendeu que o fiel Antonio Mendes da Silva Neto não tem legitimidade para mover um processo de indenização contra o jornal pois ‘inexiste menção nominal em nome do autor’ na reportagem que teria provocado, disse ele, ‘sentimento de tristeza e de amargura’.


Até ontem, 76 ações foram ajuizadas em nome de seguidores Universal que se dizem ofendidos com a reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada em dezembro. Do total, 20 foram julgadas, todas favoráveis à Folha.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Nem Boeing nem Airbus


‘Desde a home de Folha Online etc., a nova empresa aérea ‘com jatos Embraer’ ecoou. Com despachos de Reuters, AP e cobertura de Market Watch, BBC, foi o destaque de Brasil por Yahoo News e Google News. ‘New York Times’ e ‘Wall Street Journal’, na home, adiantaram longas reportagens, também ressaltando serem ‘jatos produzidos no Brasil’. Concentraram-se no perfil de David Neeleman, nascido aqui, criador da JetBlue nos EUA e que ‘ajudou a redefinir as aéreas com jatos novos e oferecendo serviço de barganha’.


DESAFIANTES


Já o ‘Financial Times’ deu ontem que, depois da russa Sukhoi e da chinesa Avic 1, agora é a japonesa Mitsubishi que fabricará jatos regionais ‘desafiando a Embraer’ e a canadense Bombardier. Ela já estaria com 25 encomendas feitas pela aérea All Nippon.


TRÂNSITO AÉREO


E um dos correspondentes do ‘FT’ relatou a experiência de viajar da avenida Paulista a Carapicuíba em helicóptero, transporte em alta na cidade por conta do trânsito pesado -que é também aéreo e, diz o texto, fez a viagem de meia hora durar uma hora e meia.


‘MY SON, SOLVE THE CRISIS’


No Google Notícias, agregador no Brasil, o destaque ao longo do dia foi a melhor avaliação de Lula, na pesquisa Ibope. Ganhou atenção também na TV. Por todo lado, o registro de que ‘apenas 11% consideram ruim/péssimo’.


No comentário do blog de Josias de Souza, à tarde na Folha Online, ‘constatou-se o que já se suspeitava: Lula começa a ser visto como santo. E um santo feérico’. Que fala a Bush, título da Reuters, ‘My son, solve the crisis’.


UM MERCADO


A economia cresce, a classe C se torna maioria -e, noticia o ‘Valor’, o mexicano Ricardo Salinas abre, ‘na periferia do Recife, ao lado do presidente Lula’, uma loja Elektra e uma agência do Azteca. Até o fim do ano, serão 30 no Nordeste. ‘Vamos atender um mercado ao qual empresas e bancos não prestam muita atenção.’


‘COM OS BRICS’


Em longo texto, o ‘FT’ fala dos Brics desde a criação do acrônimo por Jim O’Neill, mostra que o Goldman Sachs ‘revisou drasticamente’ sua projeção ao longo dos anos, a ponto de prever agora que os Brics passam o G7 já em 2032. E o debate do ‘recolamento’ à crise dos EUA, arrisca o ‘FT’, não muda essa história.


AMÉRICA SOZINHA


A nova ‘Economist’ avisa, desde a capa, que o mundo não deve esperar maior mudança na política externa dos EUA. Como George W. Bush, também o novo presidente vai discursar e até buscar multilateralismo, mas, ‘quando não for possível, a América vai contar consigo mesma’.


John McCain, favorito da semana, já deu ‘deu as costas ao unilateralismo’, da boca para fora, no título da longa reportagem sobre seu discurso, feita por… Larry Rohter.


‘SORRY’


O eterno retorno de Tupac Shakur rendeu uma capa dias atrás no ‘Los Angeles Times’, sobre um novo assassino -e capa ontem, com o título ‘Times’ se desculpa por artigo sobre rapper’. Os documentos ‘do FBI’ eram forjados’


 


VENEZUELA
Fabiano Maisonnave


Chávez debate ‘terrorismo da mídia’ em reação à SIP


‘Separados por alguns metros e por várias divergências, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e o governo venezuelano estão promovendo encontros paralelos em Caracas para discutir a liberdade de expressão na América Latina e, principalmente, na Venezuela de Hugo Chávez.


A SIP decidiu fazer a reunião em Caracas ‘para apoiar o trabalho da imprensa venezuelana’, segundo afirmou o presidente da Comissão da Liberdade de Imprensa e de Informação da entidade, Gonzalo Marroquín, em declarações à agência de notícias EFE.


A tensa relação entre a SIP, que reúne várias das principais empresas de comunicação das Américas, e o governo venezuelano ficou ainda mais deteriorada no ano passado, quando Chávez não renovou a concessão da emissora de TV oposicionista RCTV, sob a justificativa de que esta apoiou o frustrado golpe de Estado contra ele em 2002. A medida provocou uma onda de protestos estudantis pelo país e gerou duras críticas fora da Venezuela.


O encontro começa hoje e será sediado no luxuoso hotel Caracas Palace, localizado na praça Altamira, um dos símbolos da oposição venezuelana. A programação prevê uma palestra do presidente da RCTV, Marcel Granier, e terá a recepção patrocinada pela emissora oposicionista Globovisión, que também apoiou o golpe e atualmente é o alvo principal dos ataques verbais de Chávez contra a imprensa venezuelana.


O presidente foi convidado a participar da abertura. Ontem, durante visita ao Brasil, Chávez não confirmou se atenderá ao convite, mas disse que ‘seguramente condenarão a Venezuela por violar a liberdade de expressão’, segundo a EFE.


‘Terrorismo midiático’


A cerca de 200 metros da reunião da SIP, em um centro cultural, o governo venezuelano deu início ontem ao Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, que também terá atividades até o próximo domingo.


O programa inclui palestrantes cubanos e de outros países e vários funcionários de empresas de comunicação controladas pelo governo venezuelano, como o brasileiro Beto Almeida, da TV Telesur.


Os painéis terão temas como ‘Venezuela Sob Fogo’ e ‘Os povos na luta contra o terrorismo midiático’. Também será lançado o livro ‘A Formação da Mentalidade Submissa’, do espanhol Vicente Romano.


Ontem, durante uma entrevista coletiva, Almeida disse que o Brasil tem uma ‘trágica experiência com o terrorismo midiático’ e citou a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954. ‘Ele foi derrubado e levado ao suicídio 30 dias após uma campanha midiática’.


‘O mais importante é que haverá um debate. Aqui, se estará dizendo que na Venezuela há uma ditadura, e no outro lado da rua estará um debate muito aberto sobre o que é o terrorismo em alguns meios de comunicação’, disse Chávez. Segundo a organização do evento, porém, não está prevista a realização de nenhum debate com representantes da SIP.’


 


HOLANDA
Folha de S. Paulo


Parlamentar divulga vídeo antiislâmico


‘O polêmico parlamentar holandês de extrema-direita Geert Wilders disponibilizou ontem na internet um curta-metragem antiislã que, antes mesmo de sua exibição, já vinha causando controvérsia e preocupando o governo, ainda marcado pelo assassinato do cineasta xenófobo Theo Van Gogh por um radical islâmico, em 2004.


O filme ‘Fitna’, acessível no site liveleak.com, acusa o Corão de incitar a violência e pede aos muçulmanos que rasguem páginas do livro sagrado.


O governo holandês tentou convencer Wilders a desistir do projeto, temendo uma reação similar à ocorrida na Dinamarca com a publicação de caricaturas de Maomé. Teme-se ainda que o filme abra uma crise diplomática com países muçulmanos.


Com agências internacionais’


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Menor visita aos anúncios derruba ações do Google


‘As ações do Google caíram até 3,9% na Nasdaq depois da divulgação de que houve desaceleração no crescimento do número de pessoas que clicam nos anúncios de internet em fevereiro, o segundo mês consecutivo de queda.


Os cliques nos links patrocinados de busca do Google, anúncios de texto de quatro linhas que figuram geralmente ao lado dos resultados de busca, subiram 3%, para 515 milhões, em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a empresa de pesquisa ComScore. Após aumento de 25% no quarto trimestre, o Google não teve expansão em janeiro.


A queda sinaliza que a desaceleração da economia dos EUA pode reduzir as vendas e impedir que o Google cumpra as projeções para seus resultados no primeiro trimestre, disseram analistas do Cititgroup e do UBS. O Google, a ferramenta de busca mais popular do mundo na web, realizou cerca de 99% de seus US$ 16,6 bilhões em vendas do ano passado com os anúncios online.


‘Os números voltaram a cair’, disse Clayton Moran, do Stanford, que recomenda manter as ações do Google. ‘Consideramos que a desaceleração do crescimento se deve à economia dos EUA, o que intensifica as preocupações dos investidores de que a crise do mercado de imóveis residenciais e uma possível recessão deverão reduzir as compras online.’


O Lehman Brothers cortou as estimativas para os resultados do Google no período e diminuiu a meta de cotação das ações de US$ 644 para US$ 580. As ações caíram 3% ontem, fechando em US$ 444,08.’


 


TELES
Guilherme Barros


Oi fecha acordo para a compra da Brasil Telecom


Operação esbarrava em pendências entre sócios da BrT


‘Foi fechado ontem o acordo de compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar). Todas as pendências envolvendo os sócios Citigroup e Opportunity, do empresário Daniel Dantas, que eram o último empecilho na BrT, foram resolvidas.


O negócio, que depende de mudança na legislação do setor e de aprovação pelos órgãos reguladores, gira em torno de R$ 8 bilhões. O fato relevante sobre a operação deverá ser publicado na próxima semana. O governo federal, que foi o principal inspirador do negócio, foi informado na noite de ontem.


A assinatura de um acordo prévio foi feita na sede da Andrade Gutierrez, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde estava montada uma espécie de ‘quartel general’ com as partes envolvidas. Nos últimos dias, os negociadores viraram noites para o acordo ser fechado.


O fechamento da operação demorou em razão das disputas judiciais envolvendo o Citigroup e o Opportunity. No início da semana, os principais envolvidos no negócio, os empresários Carlos Jereissati (La Fonte) e Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), chegaram a cogitar uma saída sem o acerto entre o Opportunity e o Citi.


Outra opção que também chegou a ser pensada foi a de se buscar uma arbitragem internacional para resolver essas pendências. Ontem essa alternativa foi descartada. As partes chegaram a um acordo, e a papelada final deve ser assinada na próxima semana, quando deverá ser divulgado o fato relevante do negócio.


Outra batalha judicial, que envolvia os fundos de pensão e o Opportunity, já tinha chegado a um acordo há mais tempo. As duas partes deverão retirar as questões na Justiça envolvendo uma das maiores disputas empresariais do país.


Os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte, que serão os principais controladores da nova tele, só admitiam a compra da BrT com todas as pendências judiciais solucionadas.


Ontem a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que adiou a definição sobre a mudança na lei que poderá permitir a compra da BrT. Segundo a agência, a proposta não foi concluída pela área técnica do órgão. ‘É questão de semanas’, disse Ronaldo Sardenberg, presidente.


Colaborou a Sucursal de Brasília’


 


CHINA
Marcelo Ninio


Tibete é contra boicote à Olimpíada


‘Um boicote à Olimpíada de Pequim em protesto contra a repressão chinesa no Tibete pode ser uma idéia acalentada por grupos de direitos humanos do Ocidente, mas não é vista com bons olhos pela liderança tibetana no exílio. O raciocínio é pragmático: ao organizar um evento que atrairá os olhos do mundo inteiro, a ditadura chinesa terá que se abrir e se expor como nunca antes.


A oportunidade política que os Jogos representam seria desperdiçada com um boicote, explica o presidente do Parlamento tibetano no exílio, Karma Chopel, que está rodando a Europa em busca de apoio.


Depois do discurso de quarta-feira no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, ontem Chopel esteve na sede européia da ONU, em Genebra. Ele lamentou que a pressão da China tenha obstruído uma sessão especial no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o Tibete e disse que cabe a cada país decidir se boicota a cerimônia de abertura da Olimpíada.


FOLHA – O que os Jogos Olímpicos de Pequim podem fazer pela luta dos tibetanos?


KARMA CHOPEL – Embora a posição do governo do Tibete no exílio e de sua santidade, o dalai-lama, seja a de não apoiar um boicote à Olimpíada, consideramos os Jogos uma oportunidade muita boa para atrair a atenção da comunidade internacional. Não só para as competições, mas para a situação no Tibete. O governo chinês tenta passar a imagem de que os protestos foram limitados e restritos a Lhasa [a capital], mas temos provas de que houve manifestações em 30 outros pontos da província.


FOLHA – Por que vocês são contra um boicote?


CHOPEL – Quanto mais a China se envolver com atividades internacionais, mais seu governo será forçado a se comportar de acordo com o direito internacional. Se a China for excluída, poderá fazer o que quiser no Tibete, e o mundo não saberá de nada. Precisamos do escrutínio estrangeiro para que a pressão moral cresça.


FOLHA – O boicote à abertura da Olimpíada seria bem-vindo?


CHOPEL – Não tenho dúvida de que ele seria comemorado no Tibete. Mas é preciso deixar claro que estamos falando de uma participação internacional menor na abertura, não do boicote total. Nossa posição é a de que cabe a cada país decidir como quer se expressar sobre essa crise.


FOLHA – Como o senhor vê a reação do mundo até agora?


CHOPEL – Tem sido boa, o apoio que recebemos é muito grande. O mundo está exigindo um fim à matança e à repressão no Tibete. O que nós pedimos é mais pressão para que a China abra o Tibete para visitas de grupos independentes e da imprensa, para que a situação no território seja conhecida.


FOLHA – Como o senhor vê a afirmação da China de que os protestos foram orquestrados pelo dalai-lama e pelo governo no exílio?


CHOPEL – É uma acusação falsa, não podemos fazer nada contra ela. O que fazemos é lutar para que o Tibete seja aberto. Quem conhece a situação sabe que os protestos foram uma explosão natural e automática, resultado de anos de repressão.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo recua e libera concessões de TVs


‘O governo federal recuou da ameaça de dificultar a renovação das concessões de TV vencidas em 5 de outubro do ano passado, entre elas as cinco da Globo e as da Band, Record, Gazeta e Cultura em São Paulo.


No final de 2007, a Casa Civil exigiu do Ministério das Comunicações relatórios detalhados sobre o cumprimento, por parte das emissoras, nos últimos 15 anos, dos artigos 220, 221 e 222 da Constituição Federal.


Assim, para que os processos de renovação seguissem ao Congresso, o ministério teria que comprovar que as redes deram ‘preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas’, que estimularam as produções independente e regional, que respeitaram ‘os valores éticos e sociais da pessoa e da família’ e que respeitaram o mínimo de 5% de programação jornalística e as restrições às propagandas (cigarros, por exemplo), entre outras exigências legais.


O Ministério das Comunicações argumentou que era impossível mensurar valores éticos e princípios ainda não regulamentados. A exigência gerou uma crise entre ministérios. Membros das Comunicações dizem que a iniciativa partiu de ‘técnicos stalinistas’.


Para não ficar desmoralizado, o governo resolveu o impasse pedindo às redes declarações em que elas afirmam terem cumprido os princípios constitucionais. Os processos ainda têm de passar pelo Congresso.


BÔNUS Os jornalistas que foram à apresentação da programação de 2008 da Globo, anteontem, tiveram que pagar uma espécie de pedágio. O designer Hans Donner enrolou mais de meia hora até mostrar o ‘novo’ logotipo da TV _que é apenas uma variação do antigo. Donner contou toda a sua biografia.


AGORA VAI A Record contratou Roberto Cabrini, que será ‘apenas’ repórter especial _não terá programa. Cabrini reclamou que não havia verba para viagens na Band. Na verdade, seu novo programa na Band estava sendo ‘reavaliado’ pela emissora.


ESTRATÉGIA ZERO É grande a desorganização no jornalismo da Record. Até agora, nenhum repórter sabe se vai a Pequim, em agosto.


FUTURO Diretor da Central Globo de Jornalismo (CGJ), Carlos Henrique Schroder é visto como um homem de futuro. Gente graúda já aposta que ele, a longo prazo, se tornará diretor-geral da rede. Tanto que vem fazendo cursos no exterior.


DEDO Anteontem, Schroder anunciou mudanças na CGJ. Luiz Cláudio Latgé passa a dirigir a Globo News. Em seu lugar, na direção de jornalismo de São Paulo, fica Cristina Piasentini.


SHOW DE FÉ Não foram só as pressões da Record que implodiram a parceria de Roberto Justus com a Band, para programa com Milton Neves. A Band não conseguiu liberar a faixa das 21h, ocupada por R.R. Soares, como previa contrato com Justus.’


 


CLASSIFICAÇÃO
Carlos Heitor Cony


Crônicas, colunas e mosquitos


‘LEITOR JUSTAMENTE indignado com meus textos publicados na página 2 da Folha, reclama da insistência com que os considero ‘crônicas’ e não ‘colunas’, que seria a classificação correta na opinião dele, na opinião do povo e do Senado romano. Diz ele que não se pode considerar como crônicas os seis ou sete parágrafos que a feição gráfica daquela página estabelece para os ‘colunistas’.


Realmente, sempre recusei a classificação de colunista desde o remotíssimo ano em que dois editores do ‘Correio da Manhã’ (Moniz Vianna e Fuad Atalla) me abriram espaço na capa do segundo caderno para escrever o que me viesse na cabeça, tronco e membros. Eles foram claros: queriam crônicas. O jornal tinha vários e brilhantes colunistas, responsáveis por seções fixas, como teatro, cinema, música, artes plásticas, fofocas, livros, rádio e TV, saúde, turismo etc. Eu revezaria com um tal de CDA, este no primeiro caderno, que além de poeta maior era cronista dos melhores de todos os tempos.


Mais ou menos naquela época, fui convidado a fazer o mesmo na Folha, onde mais uma vez revezava com uma poeta, das maiores de nossa língua: Cecília Meireles. Éramos cronistas -com a óbvia distinção de qualidade. Nem que nascesse mil vezes chegaria ao nível de Drummond e Cecília.


Quanto ao tamanho das crônicas, dos seis ou sete parágrafos que o leitor reclama, gosto de citar João Saldanha, que além de fazer ‘crônicas’, tinha uma ‘coluna’ sobre esportes nos vários jornais e emissoras em que atuava. Saldanha dizia que um texto com mais de duas laudas era cascata, enchimento de lingüiça.


Ao citar CDA, Cecília e Saldanha não estou me comparando a eles. Faço mal e porcamente o que eles faziam com engenho e arte. E enquanto a saúde terminal e os veículos me tolerarem, continuarei fazendo crônicas, ruins, mas minhas.


Mudando de assunto: durante os oito anos do governo FHC, nunca tive oportunidade de elogiá-lo. Pelo menos três vezes por semana, descia-lhe o pau e a editora Boitempo chegou a publicar uma coletânea de crônicas minhas, com charges do Angeli, ‘O Presidente que Sabia Javanês’.


Fiquei sabendo que ele escreveu um prefácio para o livro do Henry Sobel. Não li nem pretendo ler o livro e o prefácio, mas achei bacana a atitude de FHC. Num momento em que o rabino está sendo apedrejado, a solidariedade do ex-presidente revela uma grandeza humana que pessoalmente admiro.


Terceiro assunto desta crônica (que tem mais de sete parágrafos) é para destacar o brilho e o trabalho de Lilia Moritz Schwarcz, uma uspiana que hoje é a maior conhecedora de uma fase da biografia do Rio de Janeiro.


Em livros, artigos e palestras, ela é a principal referência para diversos momentos da nossa história. Modesta, sem alardear o academicismo que no caso dela não seria postiço, Lilia merece entrar no panteão dos grandes cariocas, ao lado de dom Pedro 2º, sobre quem tanto e tão bem escreveu.


Deveria registrar também o trabalho do poeta e embaixador Alberto da Costa e Silva e do historiador José Murilo de Carvalho, que formam com Lilia um trio de ouro no terreno das pesquisas sobre Rio de Janeiro.


Alberto é piauiense por acaso, Zé Murilo é mineiro, Lilia é paulista. O governador Sérgio Cabral bem que podia mandar mensagem à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro propondo a concessão de um título especial, muito especial, aos três intelectuais que ultimamente mais se destacaram no estudo e na pesquisa da história do Rio, que afinal é o mapa da mina para se entender a história do Brasil.


Último assunto, mas não o último parágrafo. Nada de novo no front das mazelas cariocas. Não bastasse a violência urbana, estamos às voltas com um mosquito -sem termos no banco dos reservas um Oswaldo Cruz. Até um homem de gênio, como Ruy Barbosa, reclamou da campanha contra a febre amarela. A mídia da época crucificou o grande sanitarista, dele disseram o diabo, somente a Academia Brasileira de Letras o homenageou, mesmo não sendo ele um escritor.


Finalmente, o último parágrafo. Uma das melhores crônicas que conheço é de Machado de Assis e só tem uma frase: ‘No meu tempo já havia velhos, mas poucos’.’


 


CINEMA
Folha de S. Paulo


Líbano censura exibição do filme Persépolis


‘A animação ‘Persépolis’, da franco-iraniana Marjane Satrapi, não foi liberada para exibição nos cinemas do Líbano. O filme, que está em cartaz em São Paulo, foi criticado por autoridades iranianas devido à sua descrição da Revolução Islâmica. ‘Persépolis’ foi indicado na categoria melhor animação no último Oscar e premiado no Festival de Cannes do ano passado.’


 


 


************


O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 28 de março de 2008


FRANÇA
O Estado de S. Paulo


Primeira-dama conquista a imprensa britânica


‘Em apenas dois dias de visita a Londres, a primeira-dama francesa, Carla Bruni-Sarkozy, recebeu elogios da imprensa britânica. ‘A Grã-Bretanha está encantada com madame Sarkozy’, afirmou o ?Daily Express?. O ?Daily Telegraph? chegou até a questionar se Carla – ex-modelo e cantora, que se casou com o presidente francês, Nicolas Sarkozy em fevereiro após alguns meses de namoro – não seria a ?princesa Diana francesa?.


A imprensa britânica, no entanto, não perdeu a chance de brincar com a notícia de que uma foto de Carla nua seria leiloada em abril. Em uma charge do jornal ?The Times?, o príncipe Philip, nu, diz a Carla: ‘Fazemos todo o possível para que se sinta em casa.’ O presidente francês disse ontem estar comovido com a recepção dos britânicos à sua mulher. ‘Ela honrou nosso país’, afirmou.’


 


CUBA
O Estado de S. Paulo


Filha de Raúl pede fim de restrições a viagens


‘Mariela Castro, filha do presidente cubano, Raúl Castro, afirmou que é a favor do fim das restrições impostas aos cubanos para viajarem ao exterior. Em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, Mariela, de 45 anos, disse que é partidária de um socialismo com ‘menos proibições’, e disse que o problema do câmbio deveria ser resolvido.’


 


JORNAL ONLINE
Marili Ribeiro


‘Estado’ lança nova versão na internet


‘A edição digital de O Estado de S.Paulo acaba de ganhar uma versão mais moderna. Além do sistema em PDF que já utiliza, passa a oferecer também a tecnologia digital paper, que torna possível a leitura do jornal como se o usuário estivesse folheando as páginas da edição impressa. A nova tecnologia, que vem sendo adotada por várias publicações mundo afora, permite uma sensação que, segundo comprovam pesquisas, agrada aos leitores.


Entre as vantagens de se adotar essa forma de visualizar o jornal, como lembra o diretor de Marketing e Mercado Leitor do Grupo Estado, Antônio Hércules Jr, está a facilidade de acesso para o assinante em viagem. ‘É economicamente inviável mandar a versão impressa para alguns destinos fora do Brasil’, diz ele. ‘Na internet, ele poderá agora ler o Estado quase com o mesmo prazer de manuseio em sua casa.’


Hoje, o jornal tem um terço dos 430 assinantes apenas digitais vivendo no exterior. No total, o Estado conta com 237 mil assinantes, segundo os dados auditados pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC). Esses consumidores têm acesso automático à opção online. Também não há diferença de preço entre a assinatura digital e a impressa.


Com a nova versão online, o leitor ganha maior flexibilidade e mais elementos de visualização, como explica André Bianchi, diretor de Estratégias Digitais e Novos Negócios. ‘Dentro de uma página, ele poderá separar a matéria que mais lhe interessa e aproximá-la para obter maior conforto de leitura’, explica. ‘Para o anunciante, a peça publicitária poderá oferecer vídeos e animação, além de criar condições de interação com link de acesso para o site da empresa.’


A campanha que está divulgando o novo Estadão Digital, segundo Hércules, não só ressalta as vantagens para o leitor do jornal de ter o conteúdo integral e com a mesma diagramação da versão impressa, como ainda destaca as ferramentas de pesquisa que facilitam a localização de assuntos específicos de maneira prática.


Um dos aspectos que mais estimulam a modernização de tecnologias para a leitura na internet é a capacidade de atender à demanda do mercado jovem, sempre ávido por se manter conectado.


Mas o abandono da leitura de jornais, que foi profetizado há menos de uma década com o avanço da era digital e da profusão de blogs e redes sociais, não se confirma. Isso, pelo menos, é o que acaba de captar a mais recente pesquisa sobre o futuro da indústria jornalística, o estudo The State of The News Media, edição 2008. Divulgado na semana passada nos EUA, o estudo contém dados que demonstram uma natural migração dos leitores das versões em papel dos jornais de lá, como New York Times e USA Today, para as edições online.


O estudo mostra que os leitores, mesmo quando recorrem à mídia digital, preferem se informar nas grifes jornalísticas consagradas no meio impresso e televisivo. Entre os sites de notícias de maior audiência nos EUA aparecem marcas como CNN, NBC, ABC e CBS, além das de mídia impressa.’


 


CINEMA
Franthiesco Ballerini


‘Não podia parecer um videogame’


‘Doug Liman não esconde que o que o atrai não é o cinema autoral, mas sim o cinema espetáculo, aquele para curtir cenas de ação e efeitos especiais com um saco de pipoca na mão. O diretor iniciou a trilogia Bourne em 2002 (A Identidade Bourne), franquia que, segundo alguns produtores, influenciou até os longas recentes de James Bond. E após séries como The O.C. e dirigir Brad Pitt e Angelina Jolie em Sr. e Sra. Smith (2005), Liman retorna às telas falando sobre teletransporte em Jumper, que estréia hoje. Na entrevista ao Estado, o diretor comenta a escolha do tema e o prestígio atual dos filmes de ficção científica no mundo.


Por que falar de teletransporte?


O teletransporte não é nada especial, muitos super-heróis já fazem isso. Mas tudo fica interessante quando a próxima coisa que David Rice (Hayden Christensen) faz é roubar um banco. É isso que me faz gostar dele, vê-lo ficar inclusive mais mau-caráter.


É um filme de anti-herói?


Não exatamente, embora as pessoas o estejam chamando assim. Para mim, há coisas bastante heróicas nele. Ao longo do filme, as pessoas começam a se identificar com as razões de David e até entender que há justificativas nobres e honestas para se roubar um banco. Isso porque ele não tem vergonha do que faz e só está fazendo o que todos nós com aqueles poderes faria se estivesse no lugar dele. Afinal, quem nunca quis roubar um banco? Duvido que alguém passou a vida inteira dizendo ‘eu nunca faria isso’.


Você optou por filmar nas diversas locações do filme, em vez de usar efeitos especiais. Foi uma opção difícil de ser aceita pelos produtores?


Queria rodar em todas as locações que são vistas no filme e não fingir que filmei lá, porque não queria que meu filme parecesse um videogame. Aquela cena de perseguição de carro em Tóquio é o Hayden realmente apostando uma corrida lá. Idem para as pirâmides, para o Ártico e para o deserto.


E o orçamento de US$ 85 milhões deu para tudo isso?


O orçamento era bem menor do que o necessário para filmar em todos esses lugares, por isso tivemos de contratar equipes locais. O difícil era que, quando estávamos começando a nos acostumar com o esquema local de filmagens, a gente já tinha de se mudar para outro país e começar o processo todo novamente. Filmamos em 11 países, como Japão, Itália, França, República Checa, Inglaterra.


Acha que filmes de ficção científica no cinema perderam peso em relação ao passado?


Eles são difíceis de se fazer e Hollywood também vem recrutando mais os diretores de peso para projetos com mais glamour, as grandes produções. Ou seja, acredito que a ficção científica hoje tenha perdido importância comparado com a época de Blade Runner.


Mas você não vai abandonar o gênero, pois fará um filme sobre expedição lunar?


Você sabe que, para o lançamento do filme, levamos jornalistas para lugares como as pirâmides, o Coliseu, etc. Um dos jornalistas me perguntou qual seria a locação do próximo filme. Eu disse: ‘A Lua.’ O que não é mentira, não. Estou trabalhando num filme ambientado nas expedições lunares para colonização. Fica aí uma idéia de coletiva de imprensa. Se eu tiver orçamento, levarei os jornalistas para a Lua (risos).


Você realmente gosta de ‘filmes pipoca’. Não gostaria de fazer algo mais autoral?


O esquema de cinema independente tem grande influência na maneira como filmo, mas fazer blockbusters é quase como inventar um remédio. Move grande quantidade de pessoas, cérebros e isso é o que me encanta.


Consta que você se aproximou da história de Bourne porque sempre quis dirigir um filme de 007. Curiosamente, mesmo nunca tendo feito um 007, muitos dizem que a trilogia mudou os últimos filmes de James Bond.


Chega a ser engraçado pensar nisso, mas mesmo tendo influenciado na saga de 007 no cinema, ainda adoraria dirigir um filme do espião. Difícil um diretor não querer contar uma história como essa, em locações exóticas e cenas sensuais, além de contar com atores excepcionais. Ainda quero fazer 007.’


 


Luiz Carlos Merten


Longa já nasce com vocação de virar série


‘Muitos críticos andam reclamando que Jumper se movimenta muito para ir a lugar nenhum. É correto em termos. O novo filme de Doug Liman nasce, obviamente, com a vocação de virar série. Se vai, efetivamente, virar, é outra história, mas o produtor e diretor com certeza formatou-o com esse objetivo.


Se fosse uma série de TV, tavez se pudesse dizer que o filme que estréia hoje em salas de todo o Brasil é um piloto. Você sabe o que é – o filme que expõe a situação geral, apresenta os personagens, arma um conflito (ou vários), mas realmente não soluciona nada (ou não é conclusivo) justamente porque a conclusão só virá ao fim dos vários episódios que servirão, inclusive, para testar o gosto do público.


Liman é bom diretor de ação. Fez o primeiro Bourne – A Identidade – formatando a série que depois prosseguiu com direção de Paul Greengrass (A Supremacia Bourne e O Ultimato Bourne), transformando o personagem de Matt Damon na representação do moderno herói de ação. Liman dirigiu também Sr. e Sra. Smith, com o casal Brad Pitt/Angelina Jolie, conseguindo o prodígio de misturar Cenas de Um Casamento (o cult de Ingmar Bergman) com a narrativa eletrizante da série Duro de Matar (no caso, marido e mulher, duros de matar até entre si). Liman não perdeu o rumo em Jumper – poderá perder no 2, no 3, no 4 (se houver).


Na trama, garoto descobre que possui a habilidade de teletransportar-se. Adulto, ele é interpretado por Hayden Christensen – da série Star Wars, o próprio Darth Vader -, que faz outra descoberta. Jumpers são caçados por paladinos, e o mais esperto deles é Samuel L. Jackson. Existe também uma trama familiar, um conflito edipiano que envolve Diane Lane. Jumper é uma aposta. Os dados estão lançados. Agora, é esperar para ver.


Serviço


Jumper (EUA/2008, 88 min.) – Aventura. Dir. de Doug Liman. 12 anos. Cotação: Regular’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Band a ver navios


‘Chamar ou não chamar o bispo RR Soares de volta? Eis o dilema que vive a Band atualmente. A emissora, que dispensou os milhões mensais pagos pelo bispo por parte de seu horário nobre, em detrimento de uma proposta tentadora de Roberto Justus, ficou a ver navios.


O empresário, que se comprometeu com a Band a comprar o horário de RR para exibir no lugar um programa diário com Milton Neves, voltou atrás. Em um ataque de Silvio Santos, Justus desistiu do negócio que envolvia sua produtora, a Brainers, após cinco meses de negociações, produção contratada e até chamadas gravadas.


Além da Band, deixou na mão uma equipe de cerca dez pessoas – que receberam um mês de salário na rescisão do contrato – e Milton Neves, que largou a Record para ir atrás das idéias de Justus. O empresário alega que pretende deixar a Brainers, e quem sabe até, fechá-la.


Milton Neves , Band e contratados da produtora estão desnorteados. A emissora diz que pode até dar continuidade ao projeto. Pode, se conseguir um bom patrocinador, é claro. Mas não descarta a possibilidade de vender o horário para outra pessoa.’


 


 


************