Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pistoleiros atiram em edifício de jornal

Pistoleiros não identificados efetuaram disparos no exterior dos escritórios do jornal quinzenal La Razón, de Cali, e feriram três pessoas. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está investigando se o incidente foi um ataque contra o editor do periódico, Édgar Buitrago Rico, que havia recebido ameaças de morte.

Na terça-feira (20/2), por volta de 15h45, dois homens armados se aproximaram dos escritórios do La Razón, na cidade de Cali, situada 440 quilômetros a sudoeste de Bogotá, informou Buitrago ao CPJ. Um dos agressores atacou o guarda-costas de Buitrago, Adolfo Alape, enquanto o segundo tentava entrar no edifício do jornal. Segundo Buitrago, Alape sacou sua arma e ocorreu uma troca de tiros antes que os agressores escapassem. Alape ficou ferido em uma das mãos, enquanto um funcionário do jornal e um transeunte tiveram ferimentos leves nas pernas. Buitrago estava em seu escritório durante o tiroteio.

De acordo com Buitrago, o ataque foi em represália a suas reportagens críticas no La Razón sobre a corrupção no governo local.

Em 8 de fevereiro, o jornalista recebeu uma mensagem eletrônica anônima na qual era advertido de que, se continuasse noticiando, ele encontraria seu agressor na outra vida. Buitrago acrescentou que, em agosto e setembro de 2006, havia recebido várias ligações de indivíduos não identificados em seu celular, ameaçando-o de morte.

Ameaças e mortes

O general Luis Alberto Moore, comandante da Polícia Metropolitana de Cali, assegurou que o ataque de terça-feira não possuía relação alguma com o trabalho de Buitrago. Segundo o diário El Pais, Moore explicou que a polícia tem indícios que vinculam o ataque a outra pessoa. Foram infrutíferas as tentativas do CPJ de contatar Moore.

‘Instamos as autoridades de Cali a investigar de maneira exaustiva o ataque e as ameaças contra nosso colega Édgar Buitrago’ disse o Diretor Executivo do CPJ, Joel Simon. ‘Os jornalistas de Cali devem receber a proteção necessária para que possam continuar com seu trabalho’.

O Ministério do Interior garantiu proteção policial a Buitrago em 2004, depois que ele foi obrigado a fugir após receber ameaças de morte. Investigações do CPJ indicam que Buitrago fugiu de Cali também em 2002, depois de receber ameaças de morte vinculadas a suas reportagens sobre corrupção governamental para a Revista Valle 2000, sediada na mesma cidade. O Ministério do Interior e o Departamento Administrativo de Segurança (DAS) outorgaram novos guarda-costas a Buitrago após os ataques de terça-feira.

O presidente Álvaro Uribe se reuniu com uma delegação do CPJ (ver aqui) em março de 2006 e expressou seu apoio aos jornalistas do interior que informam sobe corrupção, ao enfatizar que qualquer funcionário que interfira com o trabalho da imprensa ‘está cometendo um crime contra a democracia, e isso é gravíssimo’. Pelo menos sete repórteres locais abandonaram seus domicílios na Colômbia durante 2006, logo após serem ameaçados de morte. Dois repórteres provinciais morreram em represália por seu trabalho em 2006, enquanto o CPJ continua investigando as circunstâncias em que ocorreu uma terceira morte. [Nova York, 22 de fevereiro de 2007]

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo