Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Policial agride jornalista que cobria manifestação

O fotógrafo chileno Victor Salas teve um olho gravemente ferido na quarta-feira ao ser golpeado por um carabineiro enquanto cobria um protesto nos arredores do parlamento da cidade de Valparaíso. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou o ataque e instou as autoridades chilenas a responsabilizarem o agressor.

Salas, um fotógrafo premiado da agência de notícias EFE, estava trabalhando com um grupo de fotógrafos colhendo imagens dos protestos quando um carabineiro a cavalo o golpeou no rosto com um chicote, acertando seu olho direito, de acordo com os informes da imprensa e de uma fonte do CPJ. Vários colegas ajudaram Salas, que foi levado a uma clínica especializada em oftalmologia na cidade próxima de Viña María, segundo a imprensa local. O fotógrafo foi transferido na quinta-feira para um hospital em Santiago, onde foi submetido a uma intervenção cirúrgica. A imprensa informou que os médicos ainda não puderam determinar, com precisão, a gravidade dos ferimentos de Salas.

Milhares de manifestantes, em sua grande maioria estudantes e mineiros, participaram dos protestos da quarta-feira, que ocorreram após um discurso da presidente Michelle Bachelet ante o Congresso. Os estudantes pediam reformas no sistema educativo e aumento da verba para a educação, enquanto os mineiros reivindicavam reformas sindicais, noticiou o jornal em inglês Valparaíso Times. Os confrontos se tornaram violentos quando os manifestantes tentaram ingressar dentro de um perímetro de segurança. O diário espanhol El País informou que pelo menos 50 pessoas ficaram feridas.

Ataques ‘inaceitáveis’

Uma fonte na EFE declarou que a agência notificou as autoridades chilenas sobre o ataque e que Salas pensa em ajuizar uma ação. Um representante do Ministério do Interior informou à EFE que foi aberta uma investigação sobre o incidente.

‘O ataque contra Victor Salas é inaceitável. Instamos as autoridades a conduzirem uma investigação imediata, exaustiva e independente e a tornarem públicos os seus resultados’, declarou o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. ‘Em várias ocasiões, os carabineiros atacaram repórteres que cumpriam com seu trabalho informativo. É importante que as autoridades ponham fim a este comportamento de imediato.’

Em maio de 2006, seis jornalistas chilenos foram atacados por carabineiros enquanto cobriam confrontos entre estudantes secundaristas e forças de segurança, durante uma massiva greve por mudanças nas leis educativas. Após o incidente, a presidente Bachelet advertiu que a liberdade de imprensa seria respeitada no Chile, enquanto outros funcionários qualificaram os ataques de ‘injustificáveis’ e ‘inaceitáveis’. [Nova York, 23 de maio de 2008]

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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo