Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Quem vaza o quê

O ministro Tarso Genro tentou na quarta-feira (13/6) amenizar as críticas do presidente Lula aos vazamentos das gravações da Polícia Federal – e garantiu que o governo não está estudando qualquer tipo de restrição ao trabalho da imprensa. Ainda bem. Mas no meio da explicação, o ministro da Justiça não resistiu e deixou escapar a seguinte advertência: ‘É preciso haver responsabilidade de quem veicula o material, a imprensa’.


Na noite anterior, na edição televisiva do Observatório da Imprensa, o secretário nacional de Justiça, Antônio Carlos Biscaia, com a seriedade e o conhecimento que o caracterizam, colocou as coisas diferentemente: ‘Se alguma coisa deve ser coibida, é por parte das autoridades responsáveis pelo vazamento’.


Trocando em miúdos: num vazamento de informações sigilosas o culpado é quem vaza e não quem veicula.


O governo parece que não está interessado em repetir o confronto com a imprensa ocorrido em 2005 e 2006. Felizmente. Mas precisa assumir uma posição consensual, sem ambigüidades.


A Polícia Federal deve ter razões técnicas para liberar informações oriundas dos grampos. Não é possível acreditar que estes vazamentos sejam ocasionados por ‘problemas internos da instituição’, como declarou o presidente da República na sua última entrevista. Essa suspeita é ainda mais perigosa porque coloca parte da Polícia Federal e a imprensa como cúmplices de um novo complô.