Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Repórter é ameaçada de morte

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está alarmado pelos informes de que a repórter mexicana Sanjuana Martínez foi ameaçada por sua cobertura sobre as acusações contra um sacerdote católico, por abuso sexual de dezenas de crianças no México e nos Estados Unidos, e contra dois cardeais que teriam protegido o padre.

Martínez denunciou ao CPJ que começou a receber ameaças de morte em setembro de 2006, quando iniciou sua extensa cobertura do caso para o diário La Jornada e o programa diário de notícias Hoy por hoy, transmitido pela W Radio. Martínez também escreveu um livro sobre o caso, Manto Púrpura, que foi publicado em dezembro.

Em 2006, foram instauradas duas ações judiciais na Califórnia contra o cardeal Norberto Rivera, da Cidade do México, e o cardeal Roger Mahoney, de Los Angeles, por encobrirem as acusações de abuso sexual contra o reverendo Nicolas Aguilar. As denúncias de abuso existem há duas décadas. Na semana passada, líderes da igreja mexicana pediram ao Vaticano que banisse Aguilar do sacerdócio, informou o New York Times.

Uma mentira ‘monumental’

Em setembro, informou Martínez ao CPJ, homens não identificados começaram a telefonar todas as noites para sua casa, em Monterrey, ameaçando-a de morte. A freqüência das ligações diminuiu, mas as ameaças continuam.

Martínez disse que desde a publicação de Manto Púrpura, pela editora Grijalbo Mondadori, também tem recebido diariamente ameaças pelo endereço eletrônico publicado no livro. Nestas mensagens eletrônicas, vistas pelo CPJ, os autores ameaçam atacar e assassinar Martínez por sua cobertura do caso Aguilar.

Martínez assinalou ao CPJ que, em várias ocasiões, foi seguida por veículos sem placas. Explicou que não denunciou as ameaças à polícia antes por medo de que autoridades corruptas pudessem agir contra ela. Indicou, também, que começou a tornar públicas as ameaças com a esperança de que a publicidade possa dissuadir seus agressores.

Aguilar negou as acusações e ambos os cardeais negaram ter atuado para proteger o sacerdote. Hugo Valderrama, porta-voz do cardeal Rivera, acusou Martínez de tentar intimidar a Igreja com uma mentira ‘monumental’, informou a imprensa mexicana. [Nova York, 17 de janeiro de 2007]

******

O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo