Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Secretário de Alckmin
nega ter pautado revista


Leia abaixo os textos de quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 3 de maio de 2006


GAROTINHO EM GREVE
Alexandre Rodrigues, Fabiana Cimieri e Rodrigo Morais


Garotinho diz que fará jejum ‘até a morte’ e é satirizado na internet


‘Em entrevista ontem a correspondentes estrangeiros, da qual brasileiros não puderam participar, o pré-candidato do PMDB à Presidência Anthony Garotinho declarou que irá ‘até a morte’ em sua greve de fome, caso o jornal O Globo e a revista Veja não lhe concedam espaço proporcional ao que usaram para publicar denúncias contra o ex-governador. Ele também disse ter documentos provando que são falsas as acusações de que sua campanha recebeu doações irregulares, mas não os exibiu.


Garotinho afirmou que sua pré-candidatura é alvo de ‘conspiração’ na qual estariam ‘as Organizações Globo, o governo Lula e o sistema financeiro’. Disse ter sido informado sobre uma suposta orientação do vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, para ‘bombardear’ sua pré-candidatura e o governo de sua mulher, Rosinha Garotinho.


O pré-candidato também desafiou as Organizações Globo a dar publicidade a supostas irregularidades cometidas pela empresa. Segundo ele, antes de morrer o ex-governador Leonel Brizola lhe passou documentos que comprovariam que a empresa obteve do Banerj empréstimo a juros de 24% ao ano quando as taxas de mercado eram de 40%. Esse dinheiro teria sido investido em CDBs do Citibank. ‘Foi um crime contra o sistema financeiro’, acusou Garotinho.


O diretor de redação do jornal O Globo, Rodolfo Fernandes, disse que a posição da empresa sobre o assunto está em notas publicadas anteriormente. Quanto à suposta orientação para atacar a família Garotinho, Fernandes diz que ‘se trata, evidentemente, de um delírio’.


MAMADEIRAS


O dia de ontem foi marcado por manifestações contrárias e favoráveis ao pré-candidato. Os sindicatos dos agentes penitenciários e dos policiais civis do Rio ironizaram a greve de fome exibindo quentinhas com arroz e lingüiça calabresa, além de mamadeiras e sacos de bala. Seguranças do PMDB arrancaram cartazes dos manifestantes e a PM usou gás de pimenta. À tarde, Rosinha saiu em defesa do marido. ‘As pessoas talvez não saibam o que é entrar em greve de fome. É caminho sem volta’, discursou por um megafone. ‘Os que debocham não conhecem o peso da mão justa do Deus em que creio.’ O pré-candidato foi avaliado ontem pelo médico Adbu Neme. Já perdeu 1,3 kg, e sua pressão subiu para 14 por 9.


A greve de fome repercutiu também na internet. Parte das manifestações sugere, em tom irônico, que ele leve o protesto às últimas conseqüências.’


Paulo Sotero


OEA informa que só fiscaliza eleição se governo pedir


‘O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, recebeu ontem carta assinada pela assessoria de Anthony Garotinho. O peemedebista pede que a OEA supervisione as eleições no Brasil. A organização esclareceu que só atende a esse tipo de pedido quando é feito pelo governo do País.’


INTERNET
Leslie Walker e Brian Krebs


Erro de digitação vale milhões de dólares na Web


‘O Google, que gerencia a maior rede de anúncios na internet, está ganhando milhões de dólares por ano preenchendo com anúncios sites da Web não usados. Em muitos casos, essas páginas cheias de anúncios aparecem quando os usuários erram ao digitar um endereço de internet como, por exemplo, ‘Bistbuy.com’ em vez de BestBuy.com (loja de produtos eletrônicos dos EUA).


Esta nova forma de publicidade está se transformando num empreendimento que, segundo alguns, está abarrotando a internet e poderá estar violando normas de marca registrada. Também desencadeou um frenesi especulativo de investimentos em nomes de domínio, elevando o valor de alguns para a marca de US$ 1 milhão.


O Google especificamente proíbe endereços na web que infrinjam as regras do registro de marcas. Mas uma análise de sites ‘guardadores de lugar’ na web, resultantes de nomes de domínios mal digitados de empresas conhecidas, demonstrou que muitos anúncios nessas páginas vêm diretamente do Google.


‘Fica difícil conciliar o apoio do Google a esta atividade com o lema deles de ‘Não faça o mal’, disse Ben Edelman, um pesquisador da Universidade de Harvard que fez um levantamento abrangente da publicidade nos domínios não usados.


O Google defende suas práticas empresariais, dizendo que retira sites participantes de sua rede de anúncios se o proprietário de uma marca reclamar que aqueles sites são semelhantes e confundem o usuário – muito embora erros de ortografia não comprovem sempre que ocorreu uma transgressão da lei.


‘A menos que confunda alguém, a lei da marca registrada não se aplica’, disse Rose Hagan, advogada da área de marcas registradas do Google. A empresa não é a única rede de anúncios que mostra publicidade em páginas ‘guardadoras de lugar’ na rede. O Yahoo e a firma australiana Dark Blue Sea têm serviços semelhantes.


Este tipo de propaganda online depende que usuários digitem a informação que estão procurando diretamente na barra de endereços, em vez de usar mecanismos de busca. Analistas calculam que 15% do tráfego na Web é originado assim.


Isso criou demanda por uma prática conhecida como estacionamento de domínio. Donos de domínios ‘estacionam’ esse nome numa firma que cria páginas ‘guardadoras de lugar’ e depois convidam o Google ou outras redes a preenchê-las com anúncios. Quando os internautas clicam nos anúncios, Google e Yahoo são pagos pelos anunciantes por essa clicada e compartilham sua receita com os proprietários dos domínios.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Dolabella X Galisteu


‘Dado Dolabella já chegou ao SBT causando saia-justa. O galã, que deixou a Globo para viver o protagonista da próxima trama da rede de Silvio Santos, Cristal, gravou na semana passada uma entrevista para o programa Charme, de Adriane Galisteu.


A participação de Dado estava prevista para ir ao ar ontem, mas foi cancelada. Motivo: o cantor/ator não gostou da sabatina a que foi submetido no programa, e foi reclamar para a direção da emissora. Segundo a assessoria de Dado, o combinado com a direção do Charme, e com Adriane Galisteu – sua ex-namorada – é que ele iria ao programa para cantar e responder a perguntas sobre seu personagem na novela. Chegando lá, Dado teria se submetido a uma bateria de perguntas sobre sua vida pessoal, realizada por jornalistas convidados pelo programa.


A assessoria ainda afirma que Dado ficou até o fim da gravação em respeito aos convidados, mas já estava decidido a reclamar, pois se sentiu ‘enganado’.


O SBT não quer falar sobre o assunto. Procurada pelo Estado, Galisteu não retornou até o fechamento desta coluna.’


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 3 de maio de 2006


GAROTINHO EM GREVE
Italo Nogueira


Garotinho vai à Justiça contra Globo


‘O ex-governador Anthony Garotinho disse que entrará hoje com ‘notificação prévia, acompanhada de ampla documentação, exigindo direito de resposta’ das Organizações Globo. O pré-candidato à Presidência, que leu nota no início da noite de ontem, afirmou que só quando conseguir o direito de resposta interromperá a greve de fome que começou às 17h15 de domingo, na sede do PMDB.


Mais cedo, Garotinho recebeu oito jornalistas estrangeiros na sala em que faz a greve. De acordo com relatos dos repórteres, ele mostrou uma pasta que conteria documentos capazes de comprovar sua inocência em relação às suspeitas que pairam sobre as doações à sua pré-campanha. No entanto, ele se recusou a entregar os papéis, dizendo que os repassaria depois.


‘Ele parece estar bem de saúde. E parece também que tem um plano’, afirmou Shawn Blore, do jornal ‘The Globe and Mail’, do Canadá. Garotinho teria dito que vai ‘até o fim’ e estaria disposto a morrer para ‘salvar sua honra’, caso as condições que ele impõe para o fim da greve de fome não sejam atendidas: instituição de uma ‘supervisão internacional no processo político-eleitoral brasileiro’ e direito de resposta em publicações brasileiras.


A OEA (Organização dos Estados Americanos), procurada desde segunda-feira pela Folha, não confirmou nem negou ter recebido pedido para a ‘supervisão internacional’ da eleição.


Durante a entrevista, o ex-governador afirmou que tem um prazo de 30 dias para cumprir a promessa de devolver os R$ 650 mil doados, o que ainda não conseguiu fazer.


O senador Sérgio Cabral Filho, pré-candidato ao governo do Rio pelo PMDB, foi o primeiro a visitar Garotinho. Cabral tentou convencê-lo a acabar com a greve de fome, mas disse que não julgaria a decisão do pré-candidato. ‘Isso [a greve] não inviabiliza a pré-campanha dele.’


O boletim médico divulgado às 11h30 indicou que Garotinho perdeu 1,3 kg (está com 88,6), ‘com um ligeiro aumento’ da pressão arterial (14×9) e da freqüência cardíaca (85 bpm).


Em frente ao prédio, houve pancadaria. Policiais civis e agentes penitenciários que protestavam brigaram com correligionários dos Garotinhos.’


Ranier Bragon


Aliado de presidenciável sugere que ele encerre greve e se defenda


‘O presidente do PMDB, Michel Temer, disse ontem que a greve de fome iniciada domingo pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho não conta com o respaldo do PMDB e que representa um gesto unilateral, ‘que não ajuda em nada’. Temer exortou Garotinho a encerrar o protesto e se defender das acusações de irregularidade no financiamento de sua pré-campanha à Presidência.


As críticas de Temer têm um peso importante já que o presidente da legenda era um dos principais aliados de Garotinho na tentativa de dobrar a resistência peemedebista em ter um candidato próprio à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


‘O partido não foi consultado, não é um gesto do partido. O PMDB não tem absolutamente nada a ver com esse gesto, que é unilateral, que não ajuda em nada’, declarou Temer.


O presidente do PMDB disse que uma saída para a situação seria Garotinho encerrar a greve de fome e ir ‘a público responder, com o espaço que a mídia lhe daria, as acusações’. Temer afirmou ainda não ter ligado para Garotinho já que não poderia dar respaldo ao gesto político.


O PMDB deve tirar no dia 13, em convenção, um indicativo se terá ou não candidato à Presidência. Com o enfraquecimento da candidatura Garotinho, a tendência é de que o partido não apresente um candidato próprio: em 1998, o PMDB não lançou ninguém e, em 2002, apoiou o PSDB.


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é defensor da não-candidatura, também atacou Garotinho. ‘É um gesto pessoal, unilateral, que mostra, com todo o respeito a ele, falta de maturidade absoluta. Alguém que se coloca como candidato a presidente fazer greve de fome? É um péssimo precedente’, disse Renan.’


Carlos Heitor Cony


A fome da greve


‘A greve de fome de Garotinho é um ato desesperado que incomoda a classe política como um todo, principalmente o PT e, em escala menor, o PSDB, os dois partidos que se julgam com direito ao rodízio no poder federal.


A insistência de Garotinho em manter a sua pré-candidatura pelo PMDB incomoda o próprio PMDB, interessado em apoiar o futuro vencedor das próximas eleições, seja ele do PT ou do PSDB. Até o último momento, o partido prefere esperar a arrumação dos partidos menores no tabuleiro, as alianças mais consistentes para, enfim, optar por Lula ou pelo candidato tucano, seja ele qual for.


Garotinho atrapalha a arrumação eleitoral e contra ele é natural que se voltem as baterias dos dois partidos que têm escudeiros entusiasmados na mídia e em grande parte do empresariado.


Não se discutem as acusações que cercam a campanha de Garotinho. Parecem ilegais e até imorais, mas dentro do quadro geral de todas as campanhas eleitorais, inclusive dos partidos que acreditam monopolizar a ética, com suas vestais de fancaria.


Cito um trecho do artigo de Janio de Freitas publicado ontem: ‘Nenhuma denúncia responsabiliza Garotinho, até agora, pessoalmente. Como se deu a montagem das doações suspeitas, ou dos contratos que levaram às doações, é uma zona ainda obscura na vastidão do noticiário (…) Tudo, porém, está por ser investigado’.


E, em matéria de investigação, nada mais suspeito do que o jornalismo investigativo, que acusa e depois é obrigado a engolir os fatos que desmentem as ‘provas’. Meses atrás, um jornal deu oito páginas sobre um caminhão que levava material de campanha em Campos. O mesmo jornal deu apenas seis páginas para o atentado ao WTC.


Bem, qualquer que seja a motivação de Garotinho, a greve de fome é um exagero. Não será assim que ele se livrará da campanha maciça que PT e PSDB movem contra ele, usando seus representantes na mídia.’


ALCKMIN SOB SUSPEITA
Chico de Gois


Tucano nega ter pautado revista


‘O secretário estadual de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento de São Paulo, Mauro Arce, foi membro do conselho editorial da revista ‘Ch’An Tao’, do acupunturista de Geraldo Alckmin, Jou Eel Jia.


O nome de Arce aparece no primeiro número da publicação, ao lado de executivos do ramo de revistas e bancário e do próprio Jia. A revista foi lançada em junho de 2005, quando Alckmin ainda era governador, e está em sua quinta edição.


A terceira edição da ‘Ch’An Tao’, exibida à reportagem da Folha pelo próprio Arce, tem como tema de capa ‘o renascimento do rio Tietê’, obra realizada por sua secretaria. Arce disse que não há impedimento legal para que ele participe do conselho editorial de uma publicação, mas não autorizou a revista a citá-lo: ‘Não autorizei, mas encarei o fato como uma homenagem. Ele fez de boa fé’.


Arce disse que nunca participou de reunião para discutir pautas para a revista, apesar de ter conversado com Jia sobre sua preocupação com a falta de água no mundo, tema do primeiro número da publicação.


Como secretário, Arce tem sob seu controle estatais como a Sabesp e a Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). As duas empresas concederam patrocínio ou publicidade para 4 dos 5 números da revista de Jou Eel Jia. A esse respeito, ele afirmou que as estatais não concedem publicidade apenas para a revista do acupunturista de Alckmin, mas para muitos outros veículos.


Ele disse que ‘há uma análise técnica’ para saber se é vantajoso para a empresa fazer o anúncio: ‘A revista tem a ver com o que fazemos, que é, em última instância, cuidar da saúde. E para ter saúde é necessário ter saneamento’. A Folha já noticiou que a diretoria da Cteep havia autorizado dois patrocínios, de R$ 60 mil cada, para a revista. A Sabesp, segundo Arce, também participou com publicidade em dois números. A empresa não divulga quanto gastou com a propaganda. Somente o primeiro número da publicação não traz nenhuma publicidade de estatais do governo paulista.


No ofício encaminhado em janeiro deste ano à Cteep para pedir colaboração, a Associação de Medicina Tradicional Chinesa do Brasil, presidida por Jia e que é responsável pela revista, afirmou que ‘em contrapartida, o patrocinador terá espaço para matéria de cunho editorial do assunto que achar interessante’.


Na ocasião, a assessoria de imprensa da Cteep confirmou que o contrato com a associação lhe permitiria influenciar no editorial da revista, mas disse que não o fez: ‘A estatal poderia sugerir matéria, mas somente publicou anúncio institucional’.


Na edição de março, Alckmin está na capa da revista. Das 48 páginas da publicação, ele aparece em nove, em fotos ou em entrevista. Além disso, há uma resenha do livro ‘Seis Lições de Solidariedade’, sobre Lu Alckmin. O livro foi escrito por Gabriel Chalita, secretário da Educação na gestão Alckmin .


No primeiro número da revista, o tema principal era a água. Nele, Alckmin também concedeu uma entrevista exclusiva.’


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Para Arce, nome em conselho foi ‘homenagem’


‘O secretário estadual de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, disse que não autorizou o acupunturista Jou Eel Jia a colocar seu nome como conselheiro editorial da revista ‘Ch’An Tao’.


‘Não autorizei, mas encarei o fato como uma homenagem’, afirmou o secretário, que se disse amigo do acupunturista, embora não freqüente seu consultório. ‘Ele fez de boa fé.’


Arce disse que nunca participou de reunião para discutir pautas para a revista, apesar de ter conversado com Jia sobre sua preocupação com a falta de água no mundo, tema da reportagem principal do primeiro número da publicação.


Segundo o secretário, logo após o primeiro número da ‘Ch’An Tao’, ele pediu ao acupunturista que tirasse seu nome do expediente. Arce fez questão de declarar que não há impedimento legal para que ele participe do conselho editorial de alguma publicação.


Sobre os patrocínios ou anúncios de estatais sob sua responsabilidade, afirmou que a Sabesp e a Cteep não concedem publicidade apenas para a revista do acupunturista do governador Geraldo Alckmin, mas para muitos outros veículos de comunicação.’


FRIAS HOMENAGEADO
Folha de S. Paulo


‘Publisher’ da Folha recebe prêmio


‘O empresário Octavio Frias de Oliveira, ‘publisher’ do Grupo Folha, recebe hoje o prêmio Personalidade da Comunicação 2006. O prêmio será concedido pelo 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas. O encontro é organizado pela Mega Brasil, empresa que edita a publicação ‘Jornalistas & Cia.’, dirigida a profissionais da mídia.


Frias de Oliveira será homenageado pela capacidade de gerir empresas de mídia em que a independência financeira garante a independência editorial, segundo o jornalista Eduardo Ribeiro, um dos diretores da Mega Brasil.


‘Em jornal você só tem independência se tiver independência econômica. Frias é um dos empresários que mais trabalham por essa idéia’, afirma Ribeiro.


A trajetória de Frias de Oliveira como ‘publisher’ na Folha ilustra, segundo o jornalista, a sua preocupação com independência editorial. Nascido em 1912, na cidade do Rio de Janeiro, Frias alterou os rumos de suas atividades empresariais ao adquirir o jornal em 1962, em sociedade com o empresário Carlos Caldeira Filho.


À época, a Folha era um jornal de porte médio e circulação regional. Hoje, a Folha é o jornal brasileiro de maior circulação e também o de maior penetração em outros Estados do país.


Frias saneou as finanças da Empresa Folha da Manhã, abriu as páginas do jornal para colunistas de variadas tendências políticas nos anos 70 e conduziu o intenso processo de renovação do jornalismo da Folha nos anos 80. O jornal então reafirmou formalmente seu compromisso com o apartidarismo e o pluralismo, apoiou a campanha das Diretas-Já e tornou-se líder de mercado.


O Grupo Folha edita os jornais Folha, ‘Agora São Paulo’ e ‘Valor Econômico’ (em parceria com as Organizações Globo). Há dez anos, criou o UOL, o maior portal de internet em língua portuguesa, que controla em sociedade com a Portugal Telecom.


Ribeiro diz que concebeu o prêmio Personalidade de Comunicação com o fim de ‘homenagear os grandes protagonistas da imprensa brasileira’. ‘Havia prêmio para jornais e para jornalistas, mas não para as pessoas que decidem os rumos da imprensa’, conta.


A entrega do prêmio ocorrerá a partir das 19h30, durante o 9º Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, no Centro de Convenções Rebouças, na zona oeste de São Paulo. A cerimônia será só para convidados e participantes do congresso. O tema central dos debates deste ano será ‘A Comunicação Corporativa e a Empresa do Futuro – Mapas da Estrada’. Jake Siewert, vice-presidente de Comunicação Global da Alcoa, dará uma das três conferências internacionais.


Nas edições anteriores, o prêmio Personalidade da Comunicação foi entregue a Roberto Civita, da editora Abril, a Ruy Mesquita, de ‘O Estado de S. Paulo’, e a Mino Carta, da ‘Carta Capital’.’


LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Folha de S. Paulo


ANJ diz que censura persiste de forma sutil


‘O presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Nelson Sirotsky, dirá hoje na abertura da conferência sobre o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), na Câmara dos Deputados, que a censura ainda persiste no Brasil e citará como exemplo decisões da Justiça que proíbem a divulgação de reportagens.


‘Não é a censura nos seus moldes tradicionais, de empastelar jornais. A preocupação hoje recai em formas mais sutis, sofisticadas e, portanto, mais insidiosas’, dirá Sirotsky, que é diretor-presidente da RBS. Realizado pela ANJ e pela SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), o evento contará com a presença de Diana Daniels, presidente da SIP, e da ministra Ellen Gracie, presidente do STF.


A conferência de hoje terá dois painéis: ‘acesso à informação pública’, às 11h, que será moderado pelo colunista da Folha Fernando Rodrigues, e ‘interferência nos conteúdos da imprensa e dano moral’, que será mediado por Josemar Gimenez, diretor de redação dos jornais ‘Estado de Minas’ e ‘Correio Braziliense’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Jurado produziu CD de finalista de ‘Ídolos’


‘Atual sensação da TV brasileira, o ‘reality show’ musical ‘Ídolos’, do SBT, está sob suspeita de favorecimento. Um dos jurados do programa, o ‘ranzinza’ Arnaldo Saccomani, foi produtor de um CD de uma das 30 finalistas, a paulista Karina Mathias.


Karina já tem dois CDs gravados. Em um site de venda de CDs, o mais recente deles é apresentado como obra do ‘competente produtor Arnaldo Saccomani’.


Por meio da assessoria de imprensa do SBT, Saccomani confirma que produziu o CD de Karina e argumentou que, entre 10 mil candidatos, seria impossível ele não conhecer nenhum deles.


De fato, vários outros participantes do programa eram conhecidos dos dois jurados, mas apenas Karina chegou aos 30 finalistas _que, a partir de hoje, vão se dividir em grupos de dez e disputar a preferência do público.


A ‘bíblia’ (conjunto de regras internacionais do ‘reality show’) de ‘Ídolos’ não impede ninguém que já tenha CDs de participar dele. Só veta quem tem contratos com empresários ou gravadoras.


A audição _fase inicial do programa em que cada participante foi analisado pelo júri_ de Karina Mathias não foi exibida pelo SBT. A candidata teria ganho ‘sim’ dos quatro jurados.


O SBT informou oficialmente ontem que estava ‘apurando os fatos’ e que, ‘se existir alguma irregularidade contratual, tomará as devidas providências’.


OUTRO CANAL


Laboratório Silvio Santos já fez novas mudanças na grade do SBT, de novo sem aviso. Anteontem, o ‘SBT Brasil’ voltou para as 20h, depois de uma semana às 19h30. E a novela ‘Rebelde’, que estava às 20h, retornou para as 19h, horário em que se dá melhor no Ibope.


Salsicha Já a enxuta equipe que produz as duas edições do ‘Jornal do SBT’, com Carlos Nascimento, ficou sabendo só na manhã de segunda que o jornal das 22h ganhou mais dez minutos no ar.


Automático Acostumado a apresentar o ‘Jornal Nacional’ sempre aos sábados, em escala para substituir William Bonner e Fátima Bernardes, Heraldo Pereira se despediu da edição de segunda-feira, em que apresentou o ‘JN’ ao lado de Carla Vilhena, com um ‘Boa noite, um bom domingo’.


Onã Foi bem a estréia do ‘reality show’ erótico (a Band prefere ‘sensual’) ‘Jogo da Sedução’. O programa, exibido na madrugada de sábado para domingo, marcou média de seis pontos e garantiu à Band o segundo lugar no Ibope. O programa chegou a ficar dez minutos empatado com a Globo (‘Altas Horas’).


Borracha Felipe Folgosi e Walquíria Ribeiro vão entrar no elenco de ‘Prova de Amor’, novela da Record que foi esticada em quase 60 capítulos e que não sofreu nenhum abalo com a estréia de ‘Cobras & Lagartos’, na Globo. Continua dando 19, 20 pontos em SP.’


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O Globo


Quarta-feira, 3 de maio de 2006


GAROTINHO EM GREVE
Artur Xexéo


Uma certa greve de fome que envergonha o Rio


‘Eu apóio integralmente a greve de fome do Garotinho. Mas tem que ser pra valer. Até o fim. E tem mais: acho que a governadora, dona Rosângela Matheus, deveria ser solidária e acompanhar o marido no jejum. Eles não se casaram para estar unidos na saúde e na doença? Então, só água para dona Rosângela também. Até o fim. Isto é, até que os organismos internacionais cheguem ao Brasil para acompanhar o processo pré-eleitoral, como reivindica o ex-governador.


A greve que mobiliza a política fluminense foi o assunto recordista de mensagens no e-mail do colunista nos últimos dias. Todos anunciavam que já estavam morrendo de rir com o que eu escreveria a respeito. Será? É claro que a foto de dona Rosângela com a cabecinha no ombro do marido sentada num sofá tipo Casas Bahia, diante de um frigobar repleto de garrafas de água mineral, e de uma televisão ligada, com ar compungido renderia uma crônica, mas… qual é a graça mesmo?


Na verdade, não acho graça na atitude do ex-governador e de sua mulher. Não sei fazer piada com isso. Morro de vergonha de ser de um estado que, há oito anos, enfrenta este tipo de comportamento no comando da administração pública. Talvez, apesar de todo o ridículo da situação, Garotinho tenha tomado uma atitude conseqüente: uma greve de fome. Tomara que dê certo!


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Como tudo tem dois lados, deixo aqui a mensagem do leitor Fernando Sampaio, que tem lá seus motivos para ser contra a criação do vagão só para mulheres nos trens fluminenses: ‘Sou usuário do metrô. Quem pensa que só a mulherada sofre de abusos dentro dos vagões está enganado. Cansei de sofrer abusos por parte de mulheres ‘assanhadas’. Confesso que, quando é gostosa, eu deixo, mas, quando não, faço logo cara feia. O sarro já estava institucionalizado. Era democrático. As viagens na hora de pico nos trens e metrôs não serão tão divertidas como antes. Resumo: menos uma diversão para a classe trabalhadora dessa cidade.’


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Dona Candoca manda uma mensagem. Como todo mundo sabe, dona Candoca é noveleira arretada. Não perde uma trama em capítulos desde… bem, ninguém sabe ao certo a idade de dona Candoca. mas é certo que ela esteve no Maracanãzinho quando a TV Rio transmitiu ao vivo o último episódio de ‘O direito de nascer’. Ela queria se despedir de Albertinho Limonta e Isabel Cristina. Pois dona Candoca, ultimamente, tem se dedicado a acompanhar ‘Cobras & lagartos’. E já torce por um final feliz entre Duda e Bel (dona Candoca decora os nomes dos personagens rapidinho). Mas há algo na novela que dona Candoca não está entendendo direito.


‘Prezado colunista, Duda, personagem de Daniel Oliveira, é músico e, nas horas vagas, toca clarinete. Mas seu quarto, no sobradinho da Saara, tem as paredes cobertas por retratos de artistas tocando flauta transversa. Por que esta obsessão de um clarinetista por flauta transversa?’


Xi, dona Candoca, acho melhor a gente não falar disso, não.


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Entrevistar anônimos na televisão não é exatamente uma experiência que alcance bons resultados. Ou o entrevistador não sabe o que perguntar ou o entrevistado não rende. Por isso foi surpreendente a estréia, no último sábado, de um quadro do programa de Luciano Huck em que ele, passando-se por taxista, entrevista os passageiros de seu carro. Foi muito bom. Toda vida é interessante, e Huck soube como descobrir o que havia de atraente em cada um de seus passageiros. Uma bola dentro na programação vespertina da TV.


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A notícia chegou na sexta-feira passada. Inesperadamente, como chegam as boas notícias. E trazendo a prova de que as assessorias de imprensa de nossos grandes astros continuam ativas. Reproduzo-a:


‘Para evitar constrangimentos, o ator Marcos Pasquim não comparecerá ao aniversário de 2 anos de sua filha, Allicia, hoje em São Paulo. O ator está em momento muito particular e reservado.’


Ah, quem dera o colunista também pudesse viver um momento particular e reservado.


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Em resposta a comentário sobre o novo talk-show da escritora, roteirista, apresentadora, enfim, mulher Fernanda Young, esta coluna recebeu um e-mail do publicitário, roteirista, humorista, enfim, marido de Fernanda Young, Alexandre Machado. Reproduzo-o:


‘Caro babaca:


Só mesmo um ‘in the closet’ invejoso para conseguir ser grosseiro e acovardado numa mesma frase.


Parabéns. Você deve se deliciar nesses momentos, né?


Aliás, como vai a sua carreira televisiva? Continue tentando — seus programas eram muito melhores que os da Fernanda.


Alexandre Machado’


Como se vê, o casal está com o humor cada vez mais refinado.’


IMPRENSA & CREDIBILIDADE
O Globo


Brasil: mídia é mais confiável que governo


‘Os brasileiros acreditam mais na mídia do que no governo, revela uma pesquisa da agência de notícias Reuters, da rede britânica BBC e do Media Center Poll da GlobeScan feita em dez países. E entre os meios de comunicação mais confiáveis, a TV Globo aparece em primeiro lugar, seguida pelo O GLOBO – o primeiro entre os jornais.


No Brasil, a pesquisa ouviu cerca de mil pessoas em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Ela mostra que 45% dos brasileiros acreditam que a mídia é confiável, mais do que o governo, que ficou com apenas 30%.


As fontes de informação mais importantes para os brasileiros são a TV (mencionada em primeiro lugar por 56% dos entrevistados), os jornais (19%) e o rádio e a internet (ambos com 10%). A pesquisa mostra também que os homens tendem a usar mais jornais e internet para se informarem, enquanto mulheres preferem TV e rádios.


Nos EUA governo é mais confiável do que a imprensa


Quando perguntados em que meios de comunicação acreditam mais, os brasileiros colocam em nível mais alto os jornais nacionais ou regionais (68% acreditam muito ou relativamente), seguidos de perto pela TV (66%), jornais locais (64%), familiares e amigos (57%). Ficaram com índices mais baixos os blogs (20%), jornais estrangeiros (40%), sites de notícias (40%) e emissoras de TV estrangeiras (45%).


As fontes mais confiáveis citadas espontaneamente incluem a Rede Globo (52%), O GLOBO (4%), TV Record (3%) e ‘Folha de S. Paulo’ (3%).


Curiosamente, o país tem também um alto índice de descontentamento com a mídia: para 18% (o mais alto entre os dez países) a imprensa cobre muito notícias ruins, enquanto 64% dizem não encontrar as notícias de que gostam na grande mídia.


Junto com os americanos e os britânicos, os brasileiros são também relativamente céticos quanto à precisão nas notícias apresentadas, com este índice chegando a 45%.


Além de Brasil, EUA e Reino Unido, a pesquisa ouviu também pessoas em Nigéria, Indonésia, Índia, Egito, Rússia, Coréia do Sul e Alemanha. Em geral, mais pessoas acreditam na mídia (61%) do que em seus governos (52%), especialmente em países em desenvolvimento.


Na contramão vão os EUA, onde o governo aparece na frente da mídia (67% a 59%) e o Reino Unido (51% a 47%).


Os nigerianos são os que mais confiam na mídia, com 88% contra 34% no governo; seguidos por indonésios (86% a 71%), indianos (82% a 66%), egípcios (74%, sem que tenha sido feita a pergunta sobre o governo) e russos (58% a 54%).


São também os nigerianos os que acreditam mais fortemente que o governo interfere demais na mídia (75%), seguidos pelos sul-coreanos (71%), brasileiros (64%), indonésios (59%), britânicos (58%), indianos (56%) e americanos (52%).


A TV nacional é a fonte de notícias mais confiável para 82% dos ouvidos em geral, seguida pelos jornais nacionais e regionais (75%), jornais locais (69%) rádio (67%) e TV por satélite (56%). A exceção fica com o Brasil, onde os jornais nacionais e locais vêm antes dela.


– A TV nacional ainda é considerado o meio mais confiável por uma ampla margem, embora a internet esteja crescendo entre os jovens – observou Doug Miller, presidente da GlobeScan.


Nos índices por países é possível observar que para os egípcios o meio de comunicação mais confiável é a TV al-Jazeera. Nos Estados Unidos, a Fox News vem junto com a CNN. Um total de 10.230 adultos foram ouvidos nos dez países.’


CASO PIMENTA NEVES
Cristina Christiano


Julgamento de Pimenta Neves começa hoje


‘O jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves enfrenta hoje o Tribunal do Júri de Ibiúna (cidade a 70 quilômetros de São Paulo), quase seis anos após matar, com dois tiros à queima-roupa, a ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide. A expectativa da acusação é que o réu seja condenado a 16 anos de prisão. Pimenta Neves pode sair preso do tribunal, já que ontem o Tribunal de Justiça (TJ) negou liminar ao hábeas-corpus preventivo impetrado pela defesa para que ele pudesse recorrer da decisão dos jurados em liberdade.


O julgamento começará às 8h e a previsão é de que dure de um a três dias. O juiz Diego Ferreira Mendes vai sortear os sete jurados que decidirão o destino do réu. Tanto a defesa quanto a acusação poderão pedir a troca de até três jurados cada. O júri será escolhido entre 21 pessoas previamente selecionadas de uma lista com nove mil nomes cadastrados no TJ.


Homicídio duplamente qualificado e motivo torpe


O processo tem dez volumes e duas mil folhas. A defesa exige que os autos sejam lidos na íntegra e também pretende apresentar aos jurados vídeos que foram incluídos de última hora entre as peças do processo. A acusação apresentará quatro testemunhas e a defesa, outras cinco. O réu deverá depor antes delas.


Após a tomada dos depoimentos haverá a fase de debates entre a defesa e a acusação. Como representante do réu está a advogada Ilana Muller e, do Ministério Público estadual, o promotor Carlos Sergio Rodrigues Horta Filho. Em seguida os jurados se reunirão na sala secreta para responder aos quesitos formulados pelo juiz Diego Mendes e anunciar a decisão. Com base nos quesitos, o magistrado fixará a pena do réu.


Pimenta Neves será julgado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A defesa bate na tese de homicídio privilegiado. A argumentação da advogada é de que seu cliente agiu movido por forte emoção. Ontem, em entrevista à TV Bandeirantes, Pimenta alegou perda de sentidos:


– Até hoje eu não sei o que aconteceu e por que chegou a esse ponto. Só posso atribuir isso a uma perda dos sentidos – disse ele.


Pimenta disse ainda que deu em Sandra ‘dois tiros praticamente em seguida’.


‘Réu agiu com intenção e obsessão’, diz acusação


O advogado Sergei Cobra Arbex, assistente de acusação, afirma que está demonstrado nos autos que ‘o réu agiu com intenção e obsessão, em atitude que não coaduna com quem ama’. Ilana Muller, advogada de Pimenta Neves não quis comentar a sua linha de defesa.


Arbex explica que as duas qualificadoras do homicídio tornam o crime hediondo. Com isso, se for condenado, Pimenta Neves deverá cumprir pelo menos metade da pena para ter direito à progressão de regime. Ele ficou sete meses preso.


– A pena do réu pode ser fixada entre 12 e 30 anos de reclusão – afirma Arbex, acrescentando que pedirá para que o réu aguarde preso ao recurso da sentença.


O pai de Sandra Gomide, João Gomide, diz esperar apenas que a justiça seja feita.


– Esse já homem destruiu a minha vida e a da minha família – disse ele.


* Do Diário de S.Paulo’


TELEVISÃO
Lilian Fernandes


Tesoura, tecidos e briga de egos


‘A guerra vai começar com US$ 20 e 18 metros de musselina. Antes de partir para o front, 16 estilistas terão como primeira missão criar uma peça de roupa que seja representativa do seu trabalho. Este é o ponto de partida da segunda temporada de ‘Project Runway’, reality show de moda exibido pelo People+Arts. O prêmio, de US$ 100 mil, deverá ser usado pelo vencedor para lançar sua primeira coleção. Como bônus, um estágio com os designers da grife Banana Republic.


A estrutura da atração, que reestréia amanhã, às 22h, continua a mesma. Os 16 concorrentes, com idades entre 22 e 51 anos, passarão 16 semanas na Parsons School of Design, em Nova York. A cada semana, um será eliminado. E a prova de fogo dos três finalistas será apresentar uma coleção na New York Fall Fashion Week, prestigiado evento de moda.


A âncora de ‘Project Runway’ é a modelo alemã Heidi Blum. Ajudam-na a selecionar e orientar os concorrentes um grupo que inclui o estilista de roupas masculinas Michael Kors; Nina Garcia, editora de moda da revista ‘Elle’; e Tim Gunn, diretor da Parsons New School of Design.


Como antes, haverá disse-me-disses e briga de egos. Enquanto se digladiam, os participantes enfrentam desafios como vestir a boneca Barbie e criar um modelo que agrade à socialite Nicky Hilton. O vencedor da primeira temporada, Jay McCarroll, fará parte do júri de uma das provas. E a modelo Iman vestirá, numa festa de gala, o melhor traje criado no 11 capítulo.


No total, são 14 episódios. No 12, os concorrentes, inclusive os já eliminados, reúnem-se para lavar roupa suja. Também serão exibidas cenas inéditas de provas anteriores. No penúltimo, o enfoque é sobre a vida pessoal dos finalistas, que voltam para casa, onde se concentrarão na criação da coleção para a prova decisiva. O último mostrará o desfile na New York Fall Fashion Week.


Para fazer barulho em torno da estréia, o People+Arts lançará um concurso para os telespectadores em 18 de maio. O teor ainda não foi divulgado, mas o prêmio é uma viagem a Nova York.’


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No Mínimo (www.nominimo.com.br)


Quarta-feira, 3 de maio de 2006


CRISE POLÍTICA
Guilherme Fiuza


Por que choras, Torloni?


‘Gilberto Braga pegou o clássico ‘Os carbonários’, de Alfredo Sirkis, escreveu em cima dele outro clássico, ‘Anos rebeldes’, e lançou na TV a semente do impeachment de Collor. John Lennon vestiu um pijama, foi para a cama com Yoko Ono, chamou a imprensa e criou o hino decisivo contra a guerra do Vietnã. Os sociólogos sempre procuram uma lógica coletiva (sociológica!) para a marcha da história, mas a singela verdade é que quem gira essa roda são os indivíduos. Christiane Torloni precisa saber disso.


Torloni é um símbolo brasileiro, menos badalado do que deveria. Ótima atriz de teatro, cinema e TV, tem uma bagagem na dramaturgia brasileira impressionante para uma mulher ainda em pleno vigor de sua beleza e sensualidade. Conhecida no Brasil inteiro, já participou da cena política, já ultrapassou pesados dramas pessoais, já encantou o público fora do palco e das telas com entrevistas impactantes, marcadas por uma mistura de espontaneidade e profundidade. Enfim, uma personagem importante da vida brasileira.


Christiane Torloni está indignada com a apatia da sociedade brasileira diante do escândalo do mensalão. Acha que as pessoas estão anestesiadas, ou algo assim. Disse isso um dia desses na TV à apresentadora Ana Maria Braga. Mais uma vez, um bonito depoimento. Num cenário realmente apático diante dos últimos acontecimentos políticos, foi bom ouvir de novo a voz sincera, independente, destemida de uma brasileira sensível e, portanto, indignada. O problema é que, de gritos indignados, a prateleira do mercado anda cheia.


A indignação de Herbert de Souza, o Betinho, ficou famosa nos últimos anos do regime militar. Tempo em que não se podia dizer tudo o que se queria, e Betinho foi ajudando a abrir espaço, especialmente com seus artigos no ‘Jornal do Brasil’, para a disseminação de uma voz ultrajada pelos abusos da ditadura. A partir de um certo momento, porém, os artigos do Betinho já não faziam mais efeito algum. A mensagem já estava assimilada, e quando isso acontece, o que era indignação começa a virar queixa. Foi aí que Betinho acordou, trocou a indignação pela ação e criou a Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida, a famosa Campanha da Fome, maior movimento de solidariedade do Brasil contemporâneo.


O protesto de Christiane Torloni na tela da Globo deve ter levado conforto a muitos corações alvoroçados com os escândalos recentes. ‘Ela disse tudo o que eu penso’, devem ter balbuciado milhares de almas impotentes, tão ultrajadas quanto caladas diante dos acontecimentos em Brasília. Uma voz pública e respeitável funciona sempre um pouco como uma espécie de superego para as pessoas comuns. Em termos de mover a roda da história, porém, essa equação é igual a zero.


Torloni está inconformada com o fato dessa indignação não formar uma onda coletiva, sincronizada, que transborde para as ruas e inunde os palácios, removendo-lhes o encardido moral. É preciso dizer a ela que, apesar de suas declarações sensíveis e esforçadas, essa onda não vai avançar um milímetro sobre o Planalto Central após sua entrevista a Ana Maria Braga e ao Louro José.


O que Christiane Torloni fez foi dizer um ‘basta’. O problema é que, em tempos de liberdade de expressão plenamente exercida, falada, escrita e escarrada, a sociedade ouve um basta por minuto. A coisa lembra um pouco a música de protesto que o jovem e talentoso José Luiz Segneri, mais tarde saxofonista de Caetano, Cazuza e outros, inscreveu num daqueles festivais de MPB e que repetia dezenas de vezes um só verso: ‘Eu não agüento mais! Eu não agüento mais!’ Etc etc.


Torloni não agüenta mais, muito gente que a assistiu também não agüenta mais, a imprensa não agüenta mais estampar as manchetes com detalhes das mamatas dos 40 ladrões, Arnaldo Jabor não agüenta mais dizer que a velha esquerda seqüestrou o Estado, a oposição não agüenta mais se esgoelar contra as já famosas tramóias do valerioduto. Ou seja: a indignação, pura ou com batatas, está saindo mais barata que um cacho de banana prata.


O que falta é a centelha original, uma sacada de Lennon, Gilberto Braga ou Betinho, uma forma criativa e eficaz de capturar no ar o basta etéreo e solidificá-lo em ação. O que falta é alguém capaz de fazer história. Deputados ‘mensaleiros’ são absolvidos e, em reação, deputados bonzinhos renunciam ao Conselho de Ética e reclamam da pizza. Nesse ritmo, de fato, a história não sairá do lugar. Christiane Torloni tem capacidade de mobilizar Deus e o mundo para uma boa causa. A atriz poderia fazer por menos: deixar Deus e o resto do mundo fora dessa, e brindar os brasileiros, apenas os brasileiros, com uma idéia original e um roteiro de ação contra a crise.’


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