Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Um silêncio constrangedor

Cuiabá, 24 de janeiro de 2007, quarta-feira. Na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção de Mato Grosso, as entidades que convocaram uma entrevista coletiva – para informar que iriam distribuir aos deputados da Assembléia Legislativa de Mato Grosso um CD com todas as ações propostas pelo Ministério Público contra três deputados estaduais –, recebem os repórteres de diversos veículos.

Explicam que o motivo da denúncia era tentar sensibilizar os deputados para não eleger para a Mesa Diretora aqueles acusados de desvios de verba pública.

Estavam presentes jornalistas e fotógrafos dos três jornais diários da capital: Diário de Cuiabá, A Gazeta e Folha do Estado. Também presentes um canal de TV, a Record, uma emissora de rádio, a Cultura de Cuiabá, e um site de notícias, Olhar Direto. Todos formularam perguntas e fizeram entrevistas.

Presentes também dois indivíduos estranhos que se apresentaram como acadêmicos de Direito. Um deles, identificado como guarda-costas do deputado José Riva, um dos acusados, bateu boca se dizendo cidadão e provocou os membros das entidades a também se candidatarem. Desmascarado, saiu esbravejando impropérios.

Como é possível?

As entidades que estavam representadas e assinaram o documento encaminhando as cópias das ações são o Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), o Fórum de Controle Social (FOCOS) e o Movimento Organizado pela Moralidade Pública e Cidadania (MORAL-MT).

No dia seguinte, uma grave constatação: com exceção do site Olhar Direto e da Rádio Cultura, nenhum dos outros veículos presentes à coletiva noticiou o fato. Ou seja, a influência do deputado Riva calou quase toda a mídia mato-grossense. Até a Rede Globo se omitiu e sequer cobriu a coletiva.

Como é possível que deputados acusados de desviar dinheiro do erário, continuem impunes e mandando na imprensa do estado?

É necessário que as autoridades e a sociedade civil deste país se manifestem, pois, em Mato Grosso, como diria a música, ‘tá tudo dominado’.

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Jornalista