Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Universal usa Record em novo ataque à Folha

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 7 de abril de 2009


 


BRIGA
Folha de S. Paulo


Universal usa Record para fazer novo ataque à Folha


‘A Rede Record, que pertence ao bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, veiculou no domingo à noite no programa ‘Domingo Espectacular’ mais uma sequência de ataques à Folha.


Durante 13 minutos, a emissora de TV usou depoimentos de vítimas da ditadura militar (1964-1985) para repetir críticas ao termo ‘ditabranda’, empregado recentemente em editorial da Folha e que o jornal retificou a seguir.


O programa destacou que a ‘Folha da Tarde’, hoje extinta e que pertenceu ao Grupo Folha, apoiava no início dos anos 1970 a repressão do governo contra a guerrilha esquerdista.


A Record tem insistido em diversos tipos de ataque contra o jornal. Desde 17 de março, os telejornais da emissora afirmam que a Folha estaria em ‘crise de credibilidade’, não seria isenta na publicação de notícias e promoveria uma campanha contra a Record e a Igreja Universal do Reino de Deus.


A emissora alega que as agressões são resposta a notícias divulgadas pela coluna ‘Outro Canal’, publicada pela Ilustrada.


Escrita por Daniel Castro, a coluna tem como foco os bastidores da TV. Em março, Castro divulgou dados de audiência da Record News, canal de notícias da rede, que resultaram favoráveis à concorrência. Sem invalidar a conclusão, parte dos dados continha erro, que foi corrigido em seguida pelo jornal.


Antes de tentar intimidar o jornalista da Folha, a Record quis contratá-lo. No início de fevereiro, por meio de seu vice-presidente comercial, Walter Zagari, a emissora ofereceu ao colunista o cargo de gerente de comunicação, que foi recusado.


Ações judiciais


Desde o ano passado, a Igreja Universal do Reino de Deus busca intimidar a Folha para que deixe de publicar reportagens a respeito de suas atividades empresariais.


Ao longo de 2008, integrantes da Universal ajuizaram 107 ações na Justiça contra a Folha. Todos alegavam ter sofrido danos morais com a reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada pelo jornal em dezembro de 2007.


Para dificultar a defesa do jornal e aumentar os custos com o deslocamento de advogados e testemunhas, as ações foram propostas em cidades que ficam longe de grandes centros e de difícil acesso.


Até agora, houve 74 sentenças, todas favoráveis à Folha. Em 13 casos, os juízes condenaram os autores por litigância de má-fé, que significa que eles fizeram uso indevido da Justiça.’


 


 


MÁRCIO MOREIRA ALVES
Carlos Heitor Cony


Marcito


‘RIO DE JANEIRO – ‘Pendurada a espada, os velhos marechais deveriam recolher-se a particulares limbos de glória, cercados da ternura de suas famílias e do silêncio de seus concidadãos. Pendurada a espada, os velhos marechais deveriam cristalizar-se como estátuas dignas, merecedoras do respeito dos que por elas passam, mas sem perturbar o fluxo de vida que lhes corre nos pés. Ao fim de uma vida árida e dura, o silêncio é o que lhes convém. E à nossa paciência também’.


Este é o final da crônica de Marcio Moreira Alves publicada no ‘Correio da Manhã’ de 7 de maio de 1964, em cima do golpe daquele ano. Marcito comentava uma entrevista do marechal Odílio Denys, um dos esteios do poder militar que se instalava no país. Em dezembro de 1968, como deputado federal, faria o discurso que serviria de pretexto para o AI-5.


Já não falava diretamente aos marechais, mas aos cadetes de maneira geral, relembrando de certa forma a greve das mulheres de Atenas que se negavam aos covardes da ocasião.


Quando seu primo, Afonso Arinos, telefonou-me para dar a notícia de sua morte, eu já perdera o prazo de mudar minha crônica de domingo. Gostaria de escrever mais e melhor sobre a amizade que nos uniu, nas redações, nas celas da PE, no dia a dia de uma convivência em que conheci um dos homens mais puros e possuídos no seu amor à justiça.


O golpe de 64 contou com o apoio da sociedade e da mídia. Marcito foi a brilhante exceção que, após uma tarefa profissional em Recife, escreveu a série mais tarde publicada em livro: ‘Torturas e Torturados’.


Foi um divisor de águas. A partir das denúncias de Marcito, ninguém teria o direito de ignorar o que se passava e que aumentou com o tempo e o modo.’


 


 


PROPAGANDA
Painel do Leitor


Gráfica do Senado


‘‘Em relação ao texto ‘Senadores usam gráfica do Senado para autopromoção’ (Brasil, 4/4), digo que é canalhice usar o meu nome neste tipo de reportagem, tendo em vista que não sou senadora desde o início de 2007.


Tenho a declarar que ninguém me procurou para me ouvir e para que eu comentasse o assunto.


Em nenhum momento usei a gráfica do Senado depois de 1º de fevereiro de 2007, quando se encerrou o meu mandato de senadora. Isso é uma canalhice, típica da vigarice eleitoral, e essencial à utilização da máquina pública para se promoverem.’


HELOÍSA HELENA, vereadora pelo PSOL (Maceió, AL)


Resposta da jornalista Andreza Matais – A ex-senadora Heloísa Helena foi procurada entre 30/3 e 3/4. A reportagem deixou recados no celular dela, falou com um assessor em Brasília e deixou recado no telefone de uma assessora que a acompanha em Alagoas.


O texto não afirma que ela usou a gráfica após deixar o Senado, apenas relata o conteúdo do livro ‘Palavra de Mulher’, editado quando ela era senadora.’


 


 


TELES
Denise Menchen


Oi demite mais 500 após compra da Brasil Telecom


‘A Oi demitiu ontem cerca de 500 funcionários alegando reestruturação das operações após a fusão com a Brasil Telecom. Cerca de 20% deles serão inseridos no novo plano de aposentadoria incentivada.


Em nota, a Oi disse que as demissões resultam da sobreposição de funções, principalmente nas áreas de mercado e vendas. Em fevereiro, ela já tinha anunciado a eliminação de cerca de 400 postos de gerência. Agora, os cortes chegaram também a cargos inferiores.


‘Assim como previsto e já verificado na etapa anterior, foi identificada necessidade de realocação geográfica de colaboradores, cumprida apenas parcialmente, e foram constatadas sobreposições, que não poderiam ser mantidas no novo desenho da empresa’, afirmou nota da Oi. Ela diz ainda que cerca de 200 vagas seguirão abertas para preenchimento via recrutamento no mercado.


Segundo a Oi, os demitidos terão o seguro de vida e o plano de saúde mantidos até o fim do ano, além de apoio, por um ano, de consultoria para recolocação, redirecionamento orientado de carreira ou aconselhamento de empreendedorismo.


Eles receberão também uma indenização de 0,3 salário para cada ano de trabalho na empresa, com piso de um salário e meio e teto de seis salários.


A empresa disse que as demissões não afetam o compromisso firmado com a Anatel no ano passado, segundo o qual a empresa se comprometia a manter ao menos os 25.542 postos de trabalho de fevereiro de 2008. Em dezembro, as duas empresas tinha, juntas, 31.433 funcionários.


Segundo a analista de marketing Sâmara de Assis, 34, demitida ontem, os boatos sobre o desligamento dos funcionários corriam pela empresa há alguns meses. ‘A informação vazou, e todo mundo estava muito apreensivo. As pessoas nem conseguiam trabalhar direito’, disse ela.


O presidente do Sinttel-RS (Sindicato dos Telefônicos do Rio Grande do Sul), Flávio Rodrigues, criticou as demissões, que, segundo ele, ocorreram principalmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília. ‘Tememos que a redução no quadro de funcionários chegue a 20% a 30% do total até o fim do ano’, disse ele.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


A popularidade do Brasil


‘No topo das buscas de Brasil no Google News, com ‘Wall Street Journal’, Reuters e outros, o salto de 36,2% nas vendas de veículos em março, ‘graças à isenção fiscal do governo’.


No ‘Financial Times’, ontem também, ‘Investidores mantêm fé nos mercados emergentes’, segundo novo levantamento. ‘O Brasil está crescendo em popularidade, com mais de um quarto dos investidores prevendo começar a investir ou aumentar sua exposição no país. China e Índia foram avaliados como os outros dois mercados mais atraentes.’


Por outro lado, no topo das buscas no Yahoo News, com Bloomberg, ‘PIB do Brasil pode encolher pela primeira vez em 17 anos’, segundo pesquisa do Banco Central com economistas brasileiros.


A CHINA QUER


Philip Bowring escreveu no ‘New York Times’ sobre o G20 e sua ‘nova ordem’. Destacou os US$ 40 bilhões da China ao FMI, ela que ‘quer mais poder’ na instituição. Para a nova ordem se concretizar, ‘o caminho deve ser aberto logo para China, Índia, Brasil e outros, com grande redistribuição de votos’ no Fundo.


No ‘FT’, na coluna ‘Uma ordem mais ampla se apresenta’, Quentin Peel lembra o relatório da inteligência americana, meses atrás, que já previa ‘mundo multipolar’ para 2025. A crise, diz o colunista, acelera o processo e ‘inicia um reequilíbrio massivo’, uma ‘transformação geopolítica’, com a China como ‘nação central’. E para começar ela ‘quer mais votos no FMI’.


PNB


Hoje a China tem 3,66% dos votos no FMI, longe dos EUA, com 16,77%, e pouco acima do Brasil, com 2,42%.


Brasil cujo representante, Paulo Nogueira Batista, vem ocupando o noticiário de mudanças no Fundo, de ‘WSJ’ a Bloomberg.


Diz que ‘muitas das ideias lançadas há um ano eram consideradas irrealistas e até utópicas, mas a crise transformou em algo real e que está na mesa’.


FANTASMA


Sob o título ‘Os fantasmas do passado voltam à América Latina’, o espanhol ‘El País’ analisa como a crise ‘obriga a buscar a reconciliação com o FMI’, pois ‘falta protagonismo ao Banco do Sul, que nem começou a funcionar’.


O diretor para América Latina da instituição americana Brookings, liberal, já adianta que ‘alguns países terão que tomar a bebida amarga’ de recorrer ao Fundo.


LOBÃO LÁ


No rasto de Lula, o ministro Edison Lobão deu longa entrevista ao ‘El País’, para responder sobre a Opep ‘em estudo’ e outras ações eventuais do ‘país sul-americano que se tornou peça-chave no mapa energético mundial’, por conta dos biocombustíveis e do campo de Tupi.


MAIS GRUPO


A imprensa espanhola dá cobertura extensa ao Fórum da Aliança de Civilizações, da ONU, que começou em Madri e acontece este ano em Istambul, na Turquia.


Saúda como o ‘grupo de países amigos da aliança’ passou dos cem e, em artigo, ‘A construção de uma consciência cidadã global’. A aliança nasceu em 2005, liderada por Espanha e Turquia, para unir cristãos e muçulmanos. A agência Efe ouviu o chanceler Celso Amorim e confirmou que a terceira edição será no Brasil, em 2010.


MAIS QUARTA FROTA


O jornal ‘Florida Sun-Times’ noticiou e a AP ecoou que ‘navios de dez nações estarão no exercício naval Unitas’, este mês em Mayport. Participam Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Equador, França, Alemanha, México e Peru, com a Quarta Frota recém-relançada pelos EUA como ‘anfitriã’.


‘A BOY IN BRAZIL’


O ‘Washington Post’ deu ontem o editorial ‘Um menino no Brasil’, dizendo que o episódio de Sean Goldman ‘mostra uma falha na lei internacional’. Cobra seu retorno aos EUA e questiona os ataques à ‘reputação’ do pai americano pela ‘mídia local’. Diz que o Brasil poderia ser ‘um exemplo’, no caso.


CELEB


Dias depois de surgir na capa da ‘Vanity Fair’, Gisele Bundchen estava ontem na capa do ‘NYP’, com os tiros contra ‘paparazzi’ dados pelos seguranças de suas ‘núpcias’ na Costa Rica.


CRISE?


Segundo o blog Radar, ‘o investimento do mercado publicitário no primeiro bimestre’ no país, pelo Ibope Monitor, foi de R$ 4,4 bilhões, ‘quase o dobro dos R$ 2,5 bilhões no mesmo período do ano passado’.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘Vídeo Show’ usará vídeos de paparazzi


‘O ‘Vídeo Show’, que a partir de segunda-feira será ao vivo e deixará de falar apenas de artistas e programas da Globo, exibirá vídeos e fotos produzidas por paparazzi -fotógrafos e cinegrafistas independentes que vivem de flagrantes de celebridades em situações íntimas.


Trata-se de uma concessão e tanto para a emissora, tão zelosa de seus artistas. A Globo, no entanto, não aceitará material não-autorizado envolvendo seu elenco e o de outras TVs.


A Globo só exibirá produções de paparazzi que tenham pessoas famosas de outras áreas artísticas, como cantores e modelos. Mesmo assim, não exporá essas celebridades quando elas estiverem em situações vexatórias. Um exemplo de material que o ‘Vídeo Show’ aceitaria seriam imagens do casamento de Gisele Bündchen.


O ‘Vídeo Show’ também usará paparazzi fakes -reportagens com linguagem do gênero, ou seja, com imagens ‘roubadas’, mas tudo previamente acertado com o artista.


O ‘Vídeo Show’ manterá quadros de sucesso, como o ‘Falha Nossa’ (com erros de gravações), mas estenderá sua cobertura a festas e eventos não-televisivos. O programa terá quatro apresentadores -André Marques, Luigi Baricelli, Fiorella Mattheis e Ana Furtado (esta só após o final de ‘Caminho das Índias’). Eventualmente, estrelas do jornalismo, como Zeca Camargo, farão reportagens para o programa.


INTERRUPÇÃO 1


O Universal Channel volta a exibir a terceira temporada de ‘Heroes’ nesta sexta. O canal interrompeu a transmissão de episódios inéditos da série em 20 de fevereiro. Diz que segue o mesmo formato de exibição nos EUA, onde a terceira temporada ‘Heroes’ foi dividida em dois volumes (‘Vilões’ e ‘Fugitivos’) e também parou.


INTERRUPÇÃO 2


O canal também suspendeu a transmissão de inéditos de ‘House’ e de ‘Law & Order: SVU’. ‘House’ retorna dia 23.


INTERRUPÇÃO 3


O Universal teve de parar as séries porque, em algumas semanas, não houve episódio inédito nos EUA. O canal exibe as séries com intervalo muito curto em relação aos EUA (entre um mês e meio e dois).


EMPATE


Às 11h de ontem, a Globo já tinha recebido 5 milhões de votos para a final de ‘BBB 9’. A disputa estava acirrada: Priscila tinha 34% de preferência e Francine e Max, 33% cada um.


ABSTINÊNCIA


Francine não vê a hora de deixar a casa. Ao vivo, no Multishow, ontem de madrugada, deu a entender que gastaria R$ 50 mil de prêmio em maconha.


EFEITO 15 MINUTOS


Comemoração na MTV. A emissora conseguiu na última quinta, pela primeira vez com programação normal (sem considerar eventos como VMB), ficar em terceiro lugar entre telespectadores AB de 15 a 29 anos, seu alvo. Teve 1,7% de audiência nesse público, contra 10% da Globo e 2,8% da Record, entre 22h e 0h.’


 


 


INTERNET
Bruna Bittencourt


O pai do grande irmão


‘‘O maior pioneiro da internet do qual você nunca ouviu falar.’ É assim que o documentário ‘We Live in Public’, vencedor do grande prêmio do júri no Festival Sundance deste ano, apresenta o empresário Josh Harris, já chamado de ‘Warhol da web’ ou ‘playboy extraordinário do pontocom’, por sua excêntrica trajetória.


Harris fez milhões de dólares durante a bolha da internet e não hesitou em gastar sua fortuna e sua sanidade para tentar provar, quase dez anos atrás, como a internet nos faria abdicar de nossa privacidade e anonimato por reconhecimento.


Para isso, promoveu, no fim de 1999, um dos primeiros e mais ambiciosos ‘big brothers’ virtuais, reunindo em um bunker em Nova York cem artistas que para ali se mudaram, cercados por dezenas de câmeras.


‘Quando meus amigos começaram a postar suas vidas no Facebook, atualizando os aspectos mundanos do seu dia a dia em 2006, tudo o que eu havia filmado em 1999 se encaixou e percebi que a história deveria ser contada’, disse à Folha Ondi Timoner, diretora do documentário e contratada na época para filmar o ‘experimento’ de Harris, batizado de Quiet: We Live in Public (silêncio: nós vivemos em público).


Anos antes de promover seu ‘O Show de Truman’, Harris criou uma das primeiras TVs feitas e transmitidas pela internet, a Pseudo.com. O plano de Harris era transformar seu experimento em um filme, um programa diário e um webcast. ‘Andy Warhol estava errado’, disse Harris na época. ‘As pessoas não querem 15 minutos de fama na vida. Elas querem isso toda noite. A audiência quer ser o show’, profetizou.


No bunker, cem artistas iam ao banheiro, tomavam banho, faziam sexo, dividiam um chuveiro na frente das câmeras, com o gozo e o prejuízo que esse tipo de experiência coletiva implica. ‘Um amigo meu contou sobre essa festa que esse milionário estava fazendo toda noite até a virada do milênio’, disse uma das participantes à imprensa na época. ‘Ele disse que haveria comida gratuita e um lugar para ficar.’


Em 1º de janeiro de 2000, depois de 30 dias, o bunker foi invadido pela polícia, que o viu uma espécie de culto.


Harris não desistiu. Ainda no ano de 2000, convenceu sua namorada a transmitir a vida dos dois pela web durante cem dias. Antes disso, ela deixaria o apartamento do casal. Harris, sem dinheiro e perto de uma colapso nervoso, refugiou-se em uma fazenda nos EUA.


‘Acredito que ele se considera um artista acima de tudo. Ele é seu assunto preferido a ser estudado, é um cordeiro a ser sacrificado para seu trabalho, que é a arte da internet’, diz Timoner, que acompanhou Harris por mais de dez anos.


‘Nós todos seremos inevitavelmente expostos. Ele só fez isso para mostrar para onde estávamos indo.’’


 


 


Fernanda Ezabella


Filme entrevista blogueiras do sexo


‘Soa como um pornô leve, mas o filme que o canal pago GNT exibe na madrugada de hoje para amanhã pretende ser uma investigação sobre mulheres que relatam suas experiências sexuais na internet ‘As Blogueiras do Sexo’, documentário britânico de uma hora, foca sua atenção em Zoe Margolis, uma assistente de cinema de 30 e poucos anos, considerada uma das primeiras no país a fazer sucesso com seus relatos picantes, publicados anonimamente por um ano e meio no blog Girl with a One-Track Mind, seguido por mais de 100 mil pessoas por mês.


Até que ela resolveu transformar a brincadeira num livro, em 2006, e sua identidade foi descoberta pela mídia. Sua vida então virou um inferno, foi perseguida e até mesmo chantageada por tabloides. Margolis vai lançar outro livro em agosto sobre o pós-blog. Outras blogueiras anônimas também falam sobre suas atividades, como a prostituta de luxo inglesa que assina o site Belle de Jour, Silva Fox ou a gordinha sádica Bitchey Jones. Editoras de revistas britânicas femininas comentam o dito ‘fenômeno’ com entusiasmo.


Alguns trechos das entrevistas ganham cenas de ficção, dão um tom pornô leve ao filme, que passa na faixa ‘Noites Quentes’ do GNT.


AS BLOGUEIRAS DO SEXO


Quando: hoje, à 0h


Onde: GNT


Classificação: não informada’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 7 de abril de 2009


 


TELEVISÃO
Patrícia Villalba


Monjardim, entre o pastelão de Didi e a fossa de Maysa


‘Depois de toda a intensidade da minissérie Maysa, o diretor Jayme Monjardim lida agora com a leveza do programa A Turma do Didi, de Renato Aragão, que passou a integrar o seu núcleo de criação na Globo e estreia repaginado e cheio de efeitos especiais no dia 19. Ele também já começa a preparar as gravações da próxima novela das 9, Viver a Vida, de Manoel Carlos, mas isso não quer dizer que o furacão Maysa passou. O diretor só aguarda o ‘sim’ do montador Daniel Rezende para levar a história da mãe aos cinemas. E enquanto isso, põe nas lojas o DVD da minissérie, com extras especiais. Nessa entrevista ao Estado, o diretor detalha os projetos.


Qual o desafio em trabalhar uma imagem tão consolidada quanto a de Renato Aragão?


É descobrir a criança nova que está por aí. A primeira preocupação é fazer um levantamento sobre como a criança se comporta em frente da TV. Mas não estamos mexendo nas bases da imagem dele – o improviso, o pastelão. Eu não seria louco.


Você vai dirigir os programas e os especiais diretamente?


Não, o diretor do programa é o Guto Franco e do especial (A Princesa e o Vagabundo), que será gravado na França, é o Marcus Figueiredo. Atuo quase como um produtor.


Maysa vai mesmo virar um filme?


Vai. Mas preciso da opinião de um montador. Fiquei muito absorvido pela história e não gostaria que se fosse um filme mais ou menos. Pedi ajuda ao Daniel Rezende, que vai avaliar o material, e dizer se é possível.


Qual é a dúvida?


Se é possível fazer o filme sem ter de filmar mais nada, só através do corte.


Mas você não pensava em fazer um filme desde o começo?


Pensava, tanto é que tudo foi feito para isso. Só que não quero me enganar. Talvez eu tenha de filmar alguma coisa, para poder reduzir os nove capítulos para um filme de duas horas.


Agora que já passou um pouco, qual a avaliação que faz da repercussão da minissérie e da superexposição que sofreu?


Foi mesmo uma superexposição… Mas não imaginava que faria tanto sucesso, e que teria o impacto que teve nos jovens. Achei que fosse entrar numa nostalgia mas, ao contrário, renovei o desejo de que o filme saia e vou lançar o DVD da série nos próximos dias.


Já, antes do filme?


Já. O cinema não tem nada a ver com o DVD, que é completo. Montei os 18 musicais que aparecem na série, na íntegra. Tem uma entrevista inédita da Maysa, de 15 minutos, e um programa da TV portuguesa sobre ela. Ficou de um jeito que não tem como não lançar. Tenho também o projeto de espetáculo teatral, com o José Possi Neto. Ainda posso fazer muita coisa por ela. Estou muito animado.’


 


 


Keila Jimenez


Ronaldo bomba ppv


‘Alegria da cobertura esportiva local, e das casas noturnas de plantão, Ronaldo Nazário também é motivo de festa para a turma da Globosat.


Desde a chegada do craque ao Corinthians, a venda de pacotes pay-per-view do Campeonato Paulista aumentou consideravelmente.


Apesar da operadora não confirmar a relação do chegada do craque no futebol nacional com o crescimento do ppv, o Paulistão fechou fevereiro com 224 mil pacotes vendidos. O mesmo campeonato encerrou suas vendas no ano passado com 176 mil assinaturas.


O ‘boom’ de vendas no Paulistão veio logo em dezembro, quando o Corinthians anunciou a contratação do ‘fenômeno’.


Vale lembrar que em pesquisa realizada pelo Clube dos 13 no ano passado, os corintianos já apareciam como bons compradores de pay-per-view, capazes até de levantar as vendas da série B.


Segundo o levantamento, 13,84% dos assinantes do ppv do Campeonato Brasileiro em 2008 eram torcedores do Flamengo. Em segundo lugar veio o Timão, com 9,77% de torcedores assinantes, seguido pelo São Paulo, com 9,21%.’


 


 


Luiz Carlos Merten


O Cristo que a tevê fisgou do teatro


‘Durante oito anos, entre 1994 e 2002, o espetáculo A Rua da Amargura cumpriu uma vitoriosa carreira que começou no Rio, percorreu o Brasil e levou o Grupo Galpão, de Minas, sob a direção de Gabriel Villela, a países como Uruguai, Venezuela, Colômbia, Costa Rica, Canadá, Inglaterra, Espanha e Portugal. Em 2001, o espetáculo teatral virou especial da TV Globo que, rebatizado como A Paixão Segundo Ouro Preto, foi veiculado pela emissora na Sexta-Feira Santa daquele ano. Oito anos depois, justamente em outra Semana Santa, A Paixão é lançado em DVD, em Minas. A primeira exibição ocorre hoje em Belo Horizonte, no Cineclube Savassi, e a segunda amanhã, em Ouro Preto, no Teatro Municipal. Gabriel Villela e o Grupo Galpão estão voltando para casa.


Há 15 anos, quando A Rua da Amargura estreou, alguns espectadores poderiam ver na Paixão de Cristo, segundo Villela, ecos do musical Godspell, a Esperança, que David Greene realizara mais de 20 anos antes, transformando Jesus num hippie que pregava entre saltimbancos, no Central Park de Nova York. Hoje, é mais provável que o telespectador veja A Paixão Segundo Ouro Preto como uma espécie de pré-Luiz Fernando Carvalho, pela maneira como o diretor se apropria da cultura popular, o circo-teatro que, com certeza, o marcou muito na infância interiorana. Era o que dois dos mais importantes críticos de teatro da época ressaltavam em suas apreciações sobre A Rua da Amargura.


O lendário Sábato Malgaldi disse que o jovem Gabriel Villela – com 31 anos, em 1994 – conseguiu pegar um texto que ninguém levaria a sério e desencavar, por meio dele, o fundo místico que há no universo popular brasileiro. Macksen Luiz ressaltava como enganosa a declaração, feita pelo próprio Villela, de que seria um diretor de formação assumidamente espontânea, apesar do curso concluído na USP. Para o crítico, os espetáculos que o diretor montara revelavam extrema sensibilidade teatral demonstrada em concepções cênicas de rigor construtivo e projeção poética. Villela se alimentaria (alimenta?) do imaginário mineiro, da cultura popular (o circo-teatro) e do teatro processional (o ritual das cerimônias religiosas).


A Paixão, na TV, não era o espetáculo teatral inteiro, mas uma versão que, partindo da concepção cênica de Gabriel Villela, tinha direção geral de Cininha de Paula e Rogério Gomes. Em sucessivas entrevistas, na época, o diretor contou que sua intenção, ao encenar o texto O Mártir do Calvário, de Eduardo Garrido, de 1902, era fazer um aprofundamento do melodrama, prosseguindo com sua versão de Vem Buscar-me Que Ainda Sou Teu, de Carlos Alberto Soffredini, e com o Romeu e Julieta, de Shakespeare. Esses três espetáculos não deixam de compor uma trilogia, embora a verdadeira trilogia, nunca concluída, de Villela, devesse ser formada por A Rua da Amargura, Romeu e Julieta e A Tempestade, também de Shakespeare. Esse último não foi montado porque o sucesso muito grande de Romeu e Julieta e Rua da Amargura levou o Grupo Galpão a itinerâncias muito longas, de mais de dez anos. O grupo não quis embarcar numa terceira aventura tão longa.


O circo estava presente no palco (e na tela). Em entrevista ao Estado (27 de agosto de 1994), Villela declarava – ‘Abandonamos o picadeiro, mas não saímos debaixo da lona, pois o mais interessante na performance do Galpão é a linguagem circense. Temos desde o tradicional palhaço até personagens que parecem ter entrado na peça errada, usando figurinos diferentes.’ O personagem de Paulo José não existia na peça e surgiu como necessidade de dar unidade ao fracionamento da redução para 43 minutos. Villela permaneceu o tempo todo no set, preparando os atores para as tomadas. Godspell pode ser uma viagem do repórter – ele se lembra que uma influência muito mais forte foi Jesus de Montreal, de Denys Arcand, também calcado num grupo e num espetáculo de teatro, mas a metalinguagem não aparece no especial agora resgatado em DVD, à venda no site www.grupogalpao.com.br por R$ 30.’


 


 


 


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