Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Boa viagem, Zeca

Agüentar o Zeca Camargo já é fogo. Agora, ter de eleger o destino do apresentador (ou o que valha) em suas andanças pelo mundo… Haja estômago para mais essa pílula glamourizante da profissão de jornalista.

Nina Moraes, estudante de Jornalismo, Rio Grande do Sul



Abuso fantástico

Tenho que denunciar o abuso que sofri. Domingo, 11 de junho, fui agredida pelo Fantástico! Em princípio uma revista semanal que apresenta informação e entretenimento, está se transformando em lixo! Há tempos estamos tendo de agüentar o quadro Lições do amor, uma baixaria! E agora a programação extrapolou, divulgando a pesquisa sobre como se comporta o corpo humano ao fazer sexo! A narração do Cid Moreira anunciando ‘quando o pênis entra na mulher’… foi o fim para mim e minha família.

Minha filha não deveria receber sua primeira orientação sexual pela TV! Ela não fazia idéia de que aquele entrava naquela! Mas agora, graças ao Fantástico, tudo ficou explícito! O único problema é que ela tem 7 anos e quer saber o porquê. É fantástico?

Patricia Schmidt, jornalista, Curitiba



Sem reciprocidade

Certamente Arnaldo Dines não está bem-informado das exigências brasileiras para renovação do visto de permanência de jornalista. A Polícia Federal renova aqui mesmo o visto de permanência do jornalista americano sem quaisquer exigências que não sejam as previstas em lei para todos. Não há reciprocidade com o que é exigido ao jornalista brasileiro para trabalhar nos EUA. O Brasil sempre acolheu bem todos que aqui chegam, sem fazer descriminações de raça, credo ou ideologia, talvez um dos nossos males, porque alguns acabam cuspindo no prato de sopa que lhes é servido. Mas o que atrapalha mesmo é o espírito de submissão e entreguismo de alguns, só vendo virtudes naqueles que teimam em nos subjugar e explorar como colônia do século 17.

Marcos Pinto Basto, São Vicente, SP

Leia também

Governo brasileiro atrapalha – Arnaldo Dines



Manchete obscura

What is this? Embora temendo ser tachado de xenófobo, anglófobo, purista ou ranzinza, não posso deixar de opinar acerca da manchete de hoje (16/7) de alguns jornais brasileiros, dentre os quais o Estado de Minas: ‘Ranking da ONU vira briga entre Lula e FHC’. A utilização de termos estrangeiros é um recurso legítimo em toda e qualquer língua, uma vez que há palavras intraduzíveis ou tão conhecidas que vão sendo assimiladas e enriquecem o vocabulário. Certas traduções, é verdade, forçam a barra, tal como os lusitanos fazem com termos da computação: empregam rato em vez de mouse, por exemplo. Outros povos igualmente se utilizam de termos portugueses (ou brasileiros), quando não há equivalente ou para transmitir o espírito próprio original.

Pois bem, a manchete (do francês, manchette, que pode significar título de notícia, notícia principal e modalidade de receber a bola, no voleibol) traz a palavra ranking (do inglês, rank = fila, fileira, classe. Daí: ranking: classificação, placar etc.). Minha implicância (má vontade; quizila, embirração, birra) vem da suposição de que uma importante notícia deveria ser transmitida claramente, inteligível à maior parte dos prováveis leitores. O tal Índice de Desenvolvimento Humano, fator da suposta discórdia entre assessores – e não entre o atual presidente com seu antecessor – restou obscurecido. Creio que muitos alfabetizados passaram os olhos rapidamente sobre o sujeito da oração (ranking) e foram logo atraídos para o complemento (briga entre Lula e FHC).

Se essa foi a intenção do editor, sobrou-lhe sutileza, pois pode ser mais interessante discutir as brigas entre poderosos do que levar os leitores a se conscientizarem do baixíssimo nível de desenvolvimento e suas causas. Caso contrário, acho que foi um anglicismo desnecessário.

Cláudio Costa (http://prascabecas.blogspot.com), psicanalista, Belo Horizonte