Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O público é detalhe

Excelente matéria, à qual tenho a acrescentar que, no período eleitoral, o desgaste dos marqueteiros na política tem muito a ver com incrustação do marketing no jornalismo. O jornalismo profissionalizou-se, da década de 90 para cá, como uma atividade de marketing diário, em que tudo é ideológico, principalmente, nos principais jornais de São Paulo: Folha e Estadão, e em emissoras de TV como a Bandeirantes, que até mesmo na sadia e necessária campanha de desarmamento em curso mostrou-se contrária, fazendo o desserviço de uma insistente campanha contrária, com o argumento de que somente o bandido teria direito de usar armas, deixando o cidadão de bem indefeso.

Não se fica sabendo quem tanto patrocina tais comerciais, com interesses tão escusos, que veiculam a desinformação de estar sendo proibido o uso de armas, quando a lei propõe, na realidade, um mínimo e, evidentemente, necessário controle em seu uso, apenas um cadastramento.

Nenhum marqueteiro consegue depois, às vésperas das eleições, mudar as percepções subjetivas consubstanciadas nos fatos narrados pela mídia. Também, ao ensejar debates sobre os governantes, devem os jornalistas especificar as competências dos diversos níveis de poder, o que é da responsabilidade das prefeituras, dos governos estaduais e do federal, assim como, os impostos devidos aos respectivos; e não contribuir para gerar e perpetuar confusões como se vê diariamente. O que mais o jornalismo tem feito é aumentar a confusão, de modo que nos momentos decisivos, como nestes de eleições, alguns governantes, mesmo com a obviedade de suas obras, acham-se em maus lençóis.

Há, portanto, que haver regras para a difusão das notícias, porque, inclusive, os órgãos da mídia parecem prescindir do público, da venda, da comercialização de seus produtos. Se recebem recursos de outras fontes, não há por que zelarem pela qualidade do seu produto. Fizeram de seus jornais meios de vender idéias, imagens etc., e dos fatos matéria-prima para tal manipulação. São recorrentes na mídia comentários desairosos contra profissionais corporativistas, que se protegem entre si, como médicos, funcionários públicos, juízes etc., num clamor para que sejam controlados não só pelos pares. Ora, se assim é, por que só os jornalistas e empresários da mídia não podem sofrer controle semelhante?

Nilce Marcondes, socióloga, São Paulo

Transparência da própria imprensa – José Antônio Silva



O mestre e os focas

O assunto abordado por Alexandre e Eduardo é excelente. Muitos recém-formados chegam às redações, quando conseguem romper a barreira do desemprego, e pensam já saber de tudo. Já vi vários que chegam e não querem saber de aceitar conselho nenhum. Pelo contrário, se mantêm arrogantes e esquecem da lição que dizia que precisamos ser humildes para saber ouvir, ver e aprender com a experiência de quem tem experiência. Eles jamais devem, é claro, deixar de fazer valer suas idéias, seus conceitos, seus sonhos e desejos. Até porque, todos têm algo a dizer e algo a inovar.

A convivência pode ser pacífica e profícua, desde que os recém-chegados e recém-iniciados na profissão saibam ouvir e refletir sobre o que os mais experientes têm a dizer e mostrar. Se isso ocorresse com mais freqüência, quem ganharia seria o próprio leitor, ouvinte, telespectador, internauta, enfim, aquele que recebe a informação. Todos têm algo a aprender. Basta ser humilde para aceitar isso.

Vanderlei Orso, repórter, Tupã, SP

Aprender com os conselhos – Alexandre Costa Nascimento e Eduardo Mariot Araújo



Dúvida sobre censura

Caro Alberto Dines, em seu texto ‘Naufrágio à vista’ o senhor descreve a certeza do uso do termo censura no projeto do CFJ. ‘E não se pense que a abominável expressão está lá no sentido de repreensão. Antes, quando se tratou das penalidades, mencionou-se a advertência (inciso I)’. Acontece que outras ordens e conselhos (como a OAB) também estipulam como penas a censura, a advertência, a multa, a exclusão da entidade etc., porém tratam a censura como uma penalidade pública (advertência severa, enérgica; exprobração, repreensão, pena de caráter leve, us. em corporações sujeitas a regime disciplinar, que consiste em se advertir severamente o inferior faltoso). Não seria essa a definição a ser aplicada pelo CFJ?

Alexandre Pamar, jornalista, Foz do Iguaçu, PR

Naufrágio à vista – Alberto Dines



Além da profissão

Espero que seja de fato o fim do reinado do coronel ACM. Isto seria um sinal concreto de que o povo está se conscientizando de que cada candidato eleito é mero funcionário, e não patrão do povo, como muitos se comportam. A imprensa precisa de homens e mulheres corajosos. O jornalismo deve ser não uma mera profissão, mas uma vocação.

Andre Luiz Araujo de Souza, estudante, Salvador