Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pela moralização

Gostaria de parabenizar o professor Venício A. de Lima pelo texto curto, porém incisivo em que expressa as problemáticas da atividade jornalística. Moro no interior de São Paulo, onde, há dois anos formada por uma universidade pública, vivo a concorrer meus trabalhos com amadores que, por vínculos familiares ou por se encaixarem melhor nos padrões estéticos que a TV exibe (eu sou negra) e que sem pestanejar aceitam a tarefa de informar, formar e mediar os debates sociais por qualquer ajuda de custo mais comissão de vendas. É trágico que numa atividade tão importante como a nossa o profissional seja reconhecido pela empresa em que trabalha mais pelo desempenho como garoto-propaganda do que pela sua competência e ética na lida noticiária do dia-a-dia.

Por essas e outras sou, sim, a favor da criação de um Conselho Federal de Jornalismo e pela exigência do diploma de nível superior para exercício da profissão. Sou a favor do debate, que a proposta da criação deste conselho seja mais bem discutida pela categoria e pela própria sociedade, que é quem sofre com tanta ‘patacoada’ de profissionais mal preparados ou que exercem atividades jornalísticas de modo ilegal. Pela moralização, pela dignidade da nossa profissão.

Luiza Duarte, jornalista, Dobrada, SP



Fiscalização efetiva

Atualmente no Brasil qual a profissão que não tem gente demais e pouco espaço no chamado ‘mercado de trabalho’? Nós jornalistas temos muitos problemas quanto ao exercício da profissão, que precisam ser resolvidos com fiscalização efetiva. Isso não quer dizer, em absoluto, que esta fiscalização será exercida para coibir a liberdade de imprensa ou de expressão. Precisamos de mecanismos melhores que os das DRTs. Os sindicatos hoje não têm esse mecanismo. Precisamos criá-los. Se for pelo conselho, ótimo. Vamos ao debate.

Antonio Pereira, jornalista, Maceió



Sem força sindical

Sem dúvida alguma, se a força sindical dos jornalistas fosse mais atuante, debates acerca do Conselho Federal de Jornalismo nem existiriam.

Lucas S. Gomes, estudante, Viçosa, MG

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Três observações preliminares – Venício A. de Lima



Um bicho-papão

Estranho comentário para quem, como Dines, tem uma página na internet denominada Observatório da Imprensa. Pinta o Conselho Federal de Jornalismo (‘Federal’ é o nome correto desse ‘filhote bastardo’, não ‘Nacional’ como consta no texto) como uma espécie de bicho-papão da sociedade brasileira. Qual o problema dos jornalistas, como trabalhadores organizados, pleitearem uma participação naquilo que Dines mesmo identifica como ‘Quarto Poder’? Se a mídia significa poder é sinal de que ele existe. Se existe, está na mão de alguém, e – por certo – não é na mão dos jornalistas.

Até onde eu sei (talvez Dines saiba mais), esse poder está concentrado na mão dos empresários da comunicação. Assim, os interesses do povo brasileiro ficam sujeitos ‘às suas ambições, idiossincrasias e dogmatismos, raramente bem-intencionados’ (grifei essa frase, porque tenho a impressão de tê-la lido em algum lugar). Para entender-se melhor o que significa ambição e poder dos donos da mídia, sugiro consulta a antigo colaborador do OI, Gilmar Crestani. Ele poderá relatar algumas coisas a respeito do Grupo RBS, só para citar um exemplo. O patronato ‘não brinca em serviço’; a ele não ‘basta dominar’ a mídia nacional. Ele tem também quer, numa manobra claramente manipuladora, típica da grande mídia, distorcer a função do CFJ, que pode ser uma ameaça ao monopólio que eles têm nesse Quarto Poder.

É curioso, eu diria mais, é sintomático, como a grande mídia silenciou, quando o diploma dos jornalistas foi cassado pela infeliz juíza paulista e como, agora, essa mesma mídia se move, em bloco, para atacar o CFJ. A Globo deu uma longa matéria sobre liberdade de imprensa e que tais no Jornal Nacional. Imaginem, a Globo falando em censura e em liberdade de imprensa! Esse terror pela CUT e a Fenaj parece um tanto irracional, visto que donos da ‘verdade absoluta’ nós já temos. São nove famílias que controlam a mídia impressa e/ou eletrônica no Brasil. Preciso dizer mais alguma coisa? Quem sabe se os trabalhadores organizados, furando esse bloqueio, não tornem essa ‘verdade’ menos ‘absoluta’? E, por favor, parem de falar em jornalista imparcial. Isso não existe em lugar nenhum. Quando alguém tenta, sabe-se muito bem o que acontece. Dines que o diga, ou já esqueceu das desventuras no Jornal do Brasil? E tenho a pretensão de fazer uma última recomendação (ou pedido): passem uma flanela nas lentes desse telescópio, ou seja lá o que Dines usa para observar a imprensa brasileira, porque acho que as imagens estão lhes chegando um tanto quanto embaçadas.

Eugênio Neves, cartunista, Porto Alegre