Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A Veja e os males da adolescência

A Veja é engraçada. Insistentemente procurada pelo Observatório, ano após ano, para que respondesse a críticas de nossos leitores ou colaboradores, ignorou-nos sistematicamente, enquanto diferentes veículos se davam conta do mérito e da importância, para a imprensa brasileira, desse gênero do jornalismo chamado media criticism, já trivial em sociedades mais organizadas – e não só respondem às solicitações, como vêm a nós voluntariamente para suas justificativas. O que demonstra o amadurecimento das redações quanto ao valor do controle social sobre um serviço público tão fundamental quanto a mídia. Mas, diante da postura negativista da Veja, que alguns consideram arrogância, e na verdade é ignorância, desistimos de procurar a revista.


Ocorre que a Veja assiste religiosamente ao Observatório na TV, lê pontualmente nossas edições. E, de repente, quando alguma crítica nossa a atinge, em vez de responder civilizadamente publica umas coisas estranhíssimas, umas agressões pessoais sem pé nem cabeça, que os leitores dela (e eles são ‘um milhão’!) com certeza não entendem, já que são recados cifrados de uma parte da redação à ‘vítima’. Comportamento adolescente. E adolescente caipira, com mil perdões aos ilustres caipiras. Sim, porque só no interior dono de jornal manda recadinhos malcriados a desafetos. Como pode agir assim uma revista que já completou 35 anos e tem ‘um milhão de leitores’?


Pois a Veja o faz, e seu ‘milhão de leitores’ que se danem para entender o enigma. Foi assim em 1999, quando publicou foto do apresentador do Observatório na TV nesse contexto bizarro, codificado, incluindo nosso programa entre os quatro mais ‘vulgares’ da televisão. Profissionais da própria revista sentiram vergonha, e enviaram mensagens de solidariedade a Alberto Dines. Que, em sua resposta [‘Veja começa 99 com os coices de 98‘], lembrou que a agressão pessoal era injustificável: em suas críticas não cita nomes. E disse que a Veja andava precisando de um analista.


Passados seis anos (pelo jeito, não procurou o analista), seu alvo é nosso observador Luiz Weis, pelo artigo ‘Palocci desmoraliza a Veja‘. ‘Maturidade zero’, lembrava um telespectador em 1999. Em 2005, continuam visíveis os transtornos hebefrênicos…


Não recebi procuração de quem quer que seja para este comentário, até porque Luiz Weis já deu resposta bem dada no blog dele, Verbo Solto. Mas esse jornalismozinho provinciano causa espanto. Se ainda fosse a Trombeta de Deus Me Livre…!


Tome tino, Veja! Você é crescida, vive na maior metrópole da América do Sul e tem ‘um milhão de leitores’!