Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Elis Monteiro

‘‘Sempre fui um crítico de digital, achava que não era fotografia. Um dia, em 2002, meu filho me mostrou uma foto que tinha tirado no metrô de Nova York, numa noite de Halloween. Ela tinha foco de um metro de distância até 15 metros. Fotografei metrôs em Nova York a vida inteira e nunca tinha conseguido fazer isso. Sempre tinha que fazer foco seletivo. Naquele dia, pensei em comprar a minha primeira digital. Comprei 15 dias depois’.

O depoimento é do fotógrafo Frederico Mendes, adepto fervoroso da fotografia digital e do tratamento de imagens no Photoshop. Se antes Frederico levava mais de uma hora para ver se sua foto tinha alcançado o resultado pretendido, à espera da revelação, agora ele confere na hora se os cliques foram ou não bem-sucedidos. E pode refazê-los quantas vezes forem necessárias.

Ao mesmo tempo que pode ser uma bênção, a digital também trouxe uma mudança radical no dia-a-dia dos profissionais. Por incrível que pareça, os fotógrafos são unânimes ao declarar que, hoje, gastam mais tempo ‘trabalhando’ numa imagem, já que ela sai da câmera digital e, na maior parte das vezes, passa por uma ‘maquiagem’ no Photoshop, ou em algum outro programa de tratamento de imagens. Hoje, para trabalhar com foto, um bom conhecimento de Photoshop é fundamental.

– Deve-se pensar a fotografia digital como uma revolução do software. Mais do que nunca, devemos nos aproximar da informática e entender a câmera digital como hardware. Daqui para a frente o que vai definir a fotografia digital não será mais a quantidade de megapixels de uma câmera – diz o fotógrafo Fábio Seixo.

Ele convive com o Photoshop desde antes da popularização das câmeras digitais. Antes, usava um velho scanner para brincar com imagens:

– Eu escaneava qualquer coisa: revistas, desenhos, folhas, insetos e também as minhas fotos previamente ampliadas no meu laboratório caseiro. É preciso lembrar que a imagem digital é muito anterior à fotografia digital. Mesmo naquela época, lá na metade dos anos 90, muitos profissionais já eram feras no Photoshop e quase todos os impressos já passavam por uma digitalização.

Não foi só em casa que Fábio Seixo, que é repórter fotográfico do GLOBO, sentiu o impacto da adoção das câmeras digitais. Segundo ele, em sua vida profissional o uso de câmeras digitais está ficando cada vez mais irreversível.

– Para o trabalho no jornal não poderia ser mais adequado. Podemos enviar as fotos da rua. Elas chegam ao jornal minutos depois do clique. Pode-se ter uma idéia do trabalho de forma mais instantânea, facilitando o controle técnico sobre os temas.

Marco Antônio Teixeira, colega de Fábio no GLOBO, também comenta a mudança:

– A câmera digital permite ver o resultado na hora e apurar mais a imagem, ver o quanto de luz está entrando, etc. – diz. – A facilidade de você mesmo poder editar seu material, colocar tudo num CD, elimina vários processos no caminho: ir ao laboratório, fazer o contato, aguardar o resultado.

O fotógrafo profissional André Arruda lembra que o advento das digitais também tem um ônus.

– Existe a paranóia do armazenamento, do backup, de salvar em CD, DVD, de HDs que vão pifar. Acompanho uma meia dúzia de sites diariamente e sempre tem algo novo acontecendo. Quem não estiver pronto para esse jogo pesado vai ficar para trás – diz.

Outra mudança impactante foi a adoção da web como meio de transporte para imagens, que agora navegam nos mares de bytes.

– A possibilidade de envio de fotos pela web já é parte do cotidiano de qualquer fotógrafo, amador ou profissional – diz André Arruda. – O fotojornalista Robert Capa perdeu suas melhores fotos do célebre desembarque aliado na Normandia porque um laboratorista queimou os filmes na secadeira. Hoje as fotos são enviadas por laptop e telefone, com a ajuda de satélites.

Se conseguem imaginar seu trabalho sem a digital? Fruto da ‘Geração Leica’, Frederico diz que sim, mas que seria um retrocesso.

– Talvez no futuro em um acesso de nostalgia eu volte a usar as minhas analógicas – diz.

André Arruda é mais enfático ao assumir sua paixão:

– Já acordei várias vezes no meio da noite com uma idéia e fui fotografar. É recompensador e estimulante poder ver o resultado minutos depois, brilhando ali na tela. Sempre detestei esperar para revelar o filme – confessa André.

Fábio Seixo conta que já aposentou o laboratório doméstico. Para os trabalhos pessoais ainda usa filme preto e branco escaneado, mas adianta que em breve terá que aposentar os filmes:

– Estamos vivendo uma puberdade tecnológica, não sabemos muito bem o futuro do formato das câmeras, sabemos somente que dependendo do formato se chega a um determinado resultado – diz.’



GLAUBER SEM CENSURA
Marcio Pinheiro

‘‘Di’, de Glauber Rocha, ainda proibido de ser exibido no Brasil, estréia na internet’, copyright Folha de S. Paulo, 29/04/04

‘Há 25 anos impedido pela Justiça de ser exibido em território brasileiro, o curta-metragem ‘Di’ estréia oficialmente na internet. O filme de Glauber Rocha, que mostra o velório e o enterro do pintor Di Cavalcanti (1897-1976), era disponibilizado na rede por anônimos e sem tratamento de imagem.

Agora, João Rocha, 28, sobrinho de Glauber, dribla o processo judicial ao disponibilizar o filme em um provedor norte-americano. O site é www.di cavalcantidiglauber.us. O curta, de 16 minutos, teve a exibição proibida a pedido da família de Di, que alega que a obra fere a imagem do artista modernista. O filme ganhou o prêmio especial no Festival de Cannes em 1977. A família de Glauber também não permitiu por 18 anos o uso das imagens do velório e do enterro do cineasta. As cenas, no entanto, foram liberadas em 1999 para o documentarista Silvio Tendler, que lançou neste ano ‘Glauber, o Filme – Labirinto do Brasil’. Com isso, segundo João Rocha, a família de Di fica ‘numa posição delicada, pois perde o respaldo em não liberar o filme’. Para ele, a liberação do filme na rede é ‘a correção de uma injustiça’. Elisabeth Di Cavalcanti não foi encontrada para comentar o caso.’



CHE DE MOTOCICLETA
Miriam Abreu

‘Uma feliz coincidência’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 29/04/04

‘Coincidências acontecem. Que o digam o jornalista Roniwalter Jatobá e o cineasta Walter Salles. O livro de Roni ‘O jovem Che Guevara’, com lançamento marcado para o final de maio, tem características comuns com o filme Diários de motocicleta, com estréia prevista para 07/05. Tanto o filme como a obra literária abordam a juventude daquele que foi um dos maiores revolucionários de todos os tempos.

‘Foi um desafio escrever o livro. Conheci a infância e a juventude de Che, um homem carismático e com muita força de vontade para superar obstáculos. Che sofria de asma, que o acompanhou até a morte’, comenta o autor.

Para escrever a obra, Jatobá leu biografias de Che Guevara e diários de viagem do revolucionário. ‘Eu nem sabia que Walter Salles ia fazer o filme. Foi uma feliz coincidência. O livro é mais completo do que o filme porque trata desde o nascimento de Che Guevara até a sua morte. Dei mais ênfase à juventude dele e pinceladas dos momentos mais marcantes desde que conheceu Fidel Castro’.

O jornalista mostra o nascimento de Che Guevara numa família argentina aristocrática, apesar de decadente e empobrecida, e as viagens que fez pela América Latina quando era jovem, época em que traçou o caminho revolucionário.

Che Guevara percorreu de bicicleta as regiões Norte e Oeste da Argentina. Quando ainda estudava Medicina, ele e seu amigo Alberto Granados viajaram pelo Chile, Peru e Venezuela. Nessas viagens, ele viu de perto a situação de miséria e exploração dos países latino-americanos. Formado em Medicina em Buenos Aires, o protagonista partiu para a Venezuela, para encontrar o amigo Alberto. Foi a partir daí que acabou embarcando para a Guatemala e em seguida para o México, onde conheceu Fidel.

‘O jovem Che Guevara’ é uma biografia escrita para jovens, com um pouco de ficção. ‘Procurei falar um pouco dos momentos da infância dele, com diálogos inventados, mas baseados na verdade, em documentos’.

O livro faz parte da Coleção Jovens Sem Fronteiras, da Editora Nova Alexandria, cuja proposta é possibilitar ao leitor conhecer os anos de formação de grandes personagens – a coleção conta com os livros ‘Jovem Lennon’ e ‘Jovem Noel Rosa’. Seu lançamento está previsto para o dia 25/05, no Restaurante Soteropolitano, em Vila Madalena, São Paulo.

‘O jovem Che Guevara’, de Roniwalter Jatobá Editora Nova Alexandria Preço sugerido pela editora: R$ 23,00 160 páginas’



JORNALISMO & ACADEMIA
Antonio Brasil

‘Professores de jornalismo nas redações’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 30/04/04

‘‘Você tem dois tipos de jornalistas. Os que fazem jornalismo e os que ensinam. Escolha.’(Helio Costa)

E imaginar que essa ‘pérola’ do preconceito contra os professores de jornalismo foi proferida por um jornalista e senador da República aqui mesmo no nosso Comunique-se na última quarta-feira. A declaração faz parte de uma entrevista coletiva online com título sutil e enigmático: ‘Ética é ética’ (sic). Pasmem! Mas seguindo essa mesma linha de pensamento gostaria de acrescentar que jornalismo é jornalismo e ‘respeito é respeito’. Nós, os jornalistas e professores de jornalismo, somos contemplados com mais esse exemplo de injustiça e preconceito.

Mas ainda tem mais. Paulo Markun, comentarista do TV Terra, âncora da TV Cultura e diretor da Agência Deadline, durante o recente Congresso de Jornalismo Empresarial realizado em São Paulo, declarou que ‘nas faculdades de jornalismo, todos os alunos têm bloggers e não lêem jornais, e os professores não têm a menor idéia do que seja um blog e Internet’, completa.

Li esses comentários e, obviamente, não concordo. Sou jornalista, exerço a minha profissão e também sou professor de jornalismo. Uma coisa não impede a outra. Muitos professores de jornalismo se dedicam exclusivamente ao ensino e são excelentes educadores. Creio que esse tipo de comentário, não só não ajuda em nada, como estabelece mais uma divisão profunda entre a prática e o ensino e o presente e o futuro da nossa profissão.

Teoria ou ‘mão na massa’

O jornalismo está em crise de valores e de identidade. Mas, pelo jeito, o ensino de jornalismo também está sendo questionado e menosprezado. Podemos continuar insistindo nas críticas ou podemos buscar soluções. Esses comentários, apesar de injustos, nos alertam para um problema grave. Eles devem ter alguma razão para serem tão recorrentes. Assim como o jornalismo, as escolas de jornalismo também estão em crise de identidade e objetivos. Existem, mas não sabem muito bem para que servem ou como ensinar um jornalismo em constante evolução. Esse problema obviamente não se restringe ao Brasil. Em entrevista recente, o novo diretor da prestigiosa Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, Nick Lemann, fez questão de apontar os diversos problemas enfrentados pela instituição. Em um cenário de muitas críticas ao jornalismo e com a introdução de novas linguagens e tecnologias, ensinar jornalismo para as novas gerações se torna um desafio cada vez mais difícil.

No Brasil as escolas de jornalismo enfrentam sérios problemas e antigos preconceitos. É óbvio que há um excesso de teoria e deficiências significativas na prática dos nossos cursos de jornalismo. É sempre mais fácil e econômico dedicar centenas de horas a discussões intermináveis sobre questões herméticas do que ‘colocar a mão massa’ do jornalismo universitário.

Segundo o professor Nelson Traquina em discurso proferido durante a abertura do 7º Fórum dos professores de jornalismo, que aconteceu em Florianópolis na semana passada (aqui), ‘a melhor preparação para os futuros jornalistas era uma formação sólida nas ciências sociais e humanas, incluindo as ciências da comunicação, complementada com uma especialização em jornalismo com disciplinas teóricas e práticas que fornecem aos alunos, não só com saberes de fazer (‘know-how to do’) mas também uma compreensão histórica e teórica a cerca desta profissão cada vez mais central nas sociedades contemporâneas’. Sábias palavras, mas provavelmente lançadas ao vento em muitas das nossas melhores universidades. A prática demanda altos investimentos e um corpo docente experiente e qualificado.

Mas o que seria um ‘bom’ professor de jornalismo? Como poderíamos recrutar e preparar jornalistas competentes e experientes para se tornarem bons professores de jornalismo?

O problema é que muitos desses profissionais que ainda estão na ‘ativa’ também são muito disputados pelo ‘mercado’. Eles não costumam se interessar pelos baixos salários oferecidos pelas nossas universidades. Além disso, faltam oportunidades reais para uma reciclagem dos profissionais da ‘ativa’ para que se tornem bons professores. Os nossos cursos de mestrado, por exemplo, têm um problema crítico. Eles ensinam de tudo, menos ‘como ensinar jornalismo’.

Por outro lado, temos excelentes professores nas faculdades de jornalismo que são considerados ‘teóricos’. Eles possuem talento para o ensino, mas são considerados jovens e inexperientes. Em tempos de crise e desemprego, não tiveram larga experiência na profissão. Porém, possuem outras qualificações importantes: são dedicados, têm talento para o ensino e para pesquisa. Talvez, muito cedo, fizeram a opção pelo ensino, mas isso não deveria ser motivo para críticas negativas e injustas. Temos ótimos exemplos de bons professores de jornalismo nesta categoria.

Professores-estrelas

Mas também conheço diversos exemplos de jornalistas excelentes, profissionais tarimbados em muitos anos de mercado que aceitaram a peso de ouro se tornarem ‘estrelas’ de alguns cursos superiores de jornalismo. O problema é que eram ótimos jornalistas e se tornaram péssimos professores. Não gostam de dar aulas, odeiam os alunos e as universidades. Muitos desprezam o ensino e adorariam mesmo voltar ao mercado de trabalho. O problema é a maldita crise.

Os professores estrelas costumam atrair centenas de alunos ambiciosos de famílias ingênuas para as nossas ‘fábricas de diplomas’. Eles se tornam ‘truques mercadológicos’ ou factóides publicitários em um lucrativo negócio de milhões. Mas também temos diversos casos de excelentes jornalistas que gostariam de se tornar professores mas não encontram condições ou oportunidades para aprenderem a ensinar. A maioria acaba se tornando professor de jornalismo na ‘marra’. A crise no jornalismo, a necessidade e o desemprego fazem verdadeiros milagres!

Creio que o maior problema não é necessariamente a divisão entre teoria e prática no ensino de jornalismo. Considero essa discussão ultrapassada, a não ser, é claro, na cabeça de certos jornalistas desinformados. A questão relevante é como incentivar a prática do jornalismo dentro das nossas universidades? Como evitar que alguns ‘velhos’ jornalistas, alguns deles, hoje, excelentes professores, continuem vivendo em um mundo de saudosismos e ‘linotipos’? Como ‘reciclar’ os nossos professores de jornalismo, principalmente aqueles responsáveis pelas disciplinas importantes como ‘telejornalismo’ ou áreas novas e experimentais como jornalismo online?

Educadores voltam às redações

Aqui nos EUA, a Radio and TV News Director Foundation, ao invés de criticar e desprezar o ensino de jornalismo de TV, tenta colaborar na reciclagem dos professores americanos de telejornalismo. Eles oferecem um programa chamado ‘Educators in the Newsroom’ ou ‘Educadores na Redação’. A idéia do programa é bastante simples. Um comitê de profissionais de TV, jornalistas e acadêmicos selecionam professores de telejornalismo das universidades americanas que estejam interessados em ser ‘reciclados’. É um processo de seleção longo, detalhado e muito competitivo. Este ano, centenas de professores americanos de telejornalismo tentaram uma vaga no programa. Eu, com a maior cara-de-pau e mesmo sendo um professor brasileiro visitante em universidade americana, resolvi me inscrever e… voilah! Para minha surpresa, fui selecionado. Volto ao telejornalismo da era digital nas próximas semanas. Estou me preparando para enfrentar uma realidade totalmente diferente dos ‘velhos’ tempos do telejornalismo. Mas, os meus alunos, certamente serão os principais beneficiados com essa ‘reciclagem’.

Esse programa tem o cuidado de preparar os professores para o inevitável choque cultural e tecnológico. Os organizadores também oferecem uma série de palestras e workshops na sede da fundação em Washington para que os professores veteranos aproveitem ao máximo essa oportunidade. Esse encontro preparativo também é uma chance para que a velha guarda possa interagir com outros professores nas mesmas condições e com jovens profissionais do mercado. Depois, cada um dos professores selecionados será designado para trabalhar em uma TV local americana durante quatro semanas. A idéia é substituir um jornalista da ativa que esteja em período de ferias. A RTNDF e as TVs locais dividem as despesas e pagam um salário condizente com as funções. Para a empresa, é um ótimo negócio. Eles recebem na redação um jornalista veterano disposto a aprender, trocar experiências e fazer uma consultoria externa. Em troca, os jornalistas na redação têm a oportunidade de conviver com uma visão mais acadêmica, critica e até mesmo histórica de questões importantes para a profissão.

A idéia do programa é realmente simples. Todos saem ganhando com essa parceria entre as TVs, os professores e a instituição de apoio, a RTNDF. O programa já existe há 5 anos, tem atualizado inúmeros professores, além de ser responsável pela publicação de diversas pesquisas e bons livros sobre essa experiência de mestiçagem entre os jovens e velhos jornalistas. É claro que tem muito jornalista que deve chegar na redação procurando o linotipo, o telex, as câmeras de filmagem ou os velhos preconceitos. Os alunos que precisam de professores atualizados e menos saudosistas, obviamente, agradecem.

Diplomas e tapinhas nas costas

Fico pensando por que não temos algo parecido no Brasil? Como seria importante que professores de jornalismo brasileiros tivessem a oportunidade de ‘voltar à redação’, mesmo que somente durante algumas poucas semanas. Não só para uma ‘reciclagem’, mas para aprenderem novas práticas e relembrarem as duras realidades de uma profissão em crise de identidade e valores. Mas uma profissão com jovens talentos que se beneficiariam muito da presença de jornalistas ‘precocemente’ eliminados das redações por motivos econômicos.

Fica aqui a sugestão para o nossos senadores, empresários, sindicalistas ou gestores de nossas agências de capacitação para professores. Tenho certeza de que instituições como a FENAJ ou demais sindicatos poderiam desenvolver programas semelhantes no Brasil.

Criticar por criticar, certamente não leva a nada. Temos que lutar por mudanças com idéias novas e possíveis. Um programa como esse traria muitos benefícios para o nosso jornalismo e para o ensino da nossa profissão. Não custa caro nem é complicado. Mas exige vontade de fazer alguma coisa. Diplomas, reconhecimentos, críticas ou tapinhas nas costas de presidentes simpáticos são importantes. Mas certamente não garantem a qualidade do ensino de jornalismo. Não garantem sequer o futuro da profissao.

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Notícia de última hora

Os mortos no Iraque agora invadem a TV. Ted Koppel, âncora de um dos mais importantes programas do jornalismo da TV americana, o Nightline, resolveu ler os nomes e mostrar as fotos de 530 soldados americanos mortos no Iraque (aqui). Obviamente, se fossem também ler os nomes de todos os iraquianos mortos, o programa levaria semanas.

Mas, aqui nos EUA, a reação foi imediata. Varias estações locais afiliadas à rede ABC já declararam que não vão transmitir o Nightline. Eles consideram o ‘tributo aos mortos no Iraque’ uma jogada política da ABC contra a guerra e o governo Bush. A guerra das imagens na mídia americana só está começando.

No Brasil, deveríamos ler os nomes e mostrar as fotos de todos as vítimas da violência em nossas cidades. Quem sabe, faça alguma diferença.’