Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornais escondem os bons índices sobre emprego

Os principais jornais brasileiros não deram muita bola para os excelentes números da evolução do emprego no País, divulgados nas quarta-feira (25/4) em duas pesquisas distintas. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados) revelaram que em março foram criados 146 mil novos empregos com carteira assinada, resultado 91,15% superior ao verificado no mesmo mês de 2006 e recorde histórico desde 1992, quando a pesquisa começou a ser feita.


Também a pesquisa do Seade/Dieese, que apontou um aumento no desemprego nas regiões metropolitatas em março é positiva, porque trata-se da menor taxa de desemprego para o mês de março em 10 anos. O desemprego normalmente aumenta nos três primeiros meses do ano porque é a época em que muita gente entra no mercado de trabalho para procurar emprego, provocando um efeito estatístico nas taxas. O correto, portanto, é comparar o nível com o de anos passados, e não com os meses anteriores.


Outros recordes


Na Folha de S. Paulo, o assunto sequer rendeu chamada na primeira página e ficou escondido no meio do caderno Dinheiro. A chamada para a pesquisa do Dieese é um primor de manipulação: ‘Desemprego em S. Paulo tem taxa recorde no mês’. Quem não atentar para o texto da nota (‘A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu para 15,9% em março, mas o patamar é o menor para o mês em dez anos, divulgaram ontem a Fundação Seade e o Dieese.’) vai achar que o recorde é negativo – o maior desemprego para mês de março…


No Estado de S.Paulo, o assunto rendeu chamada de primeira página, mas a retranca sobre os dados da Fundação Seade simplesmente não explica que o índice foi o mais baixo em dez anos nem que o aumento em março se deve à sazonalidade. O Globo deu uma matéria honesta, em abre de página, mas também preferiu não dar o assunto na primeira.


Os jornais podem se preparar: segundo o professor Cláudio De Decca revelou ao DCI, o atual aumento no emprego está se dando com uma taxa de crescimento do PIB de algo em torno de 3,3% a 3,5% ao ano. Ao longo de 2007, esta taxa anualizada deve subir até chegar aos 4% ou 4,5% previstos para o ano todo e o mercado de trabalho deverá refletir o crescimento. Mais recordes serão quebrados em breve. O presidente Lula, portanto, terá o que comemorar. Resta saber se os jornais terão coragem de dar o merecido destaque à recuperação do emprego no país.

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Blog do autor: Entrelinhas