Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Jornal independente é ameaçado pelo governo do Zimbábue

A repressão contra jornalistas no Zimbábue torna-se cada vez mais violenta e preocupante. No dia 3/5, a Comissão de Mídia e Informação do governo ameaçou fechar a Tribune, jornal semanal independente, sob a acusação de que ele não possuía um certificado do governo. Em uma declaração, o chefe da Comissão, Tafataona Mahoso, afirmou que os donos do jornal não haviam recebido aprovação oficial do governo e por isso deveriam parar de publicar.

Em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal do país instituiu que o trabalho de jornalista só é permitido com uma licença concedida pela Comissão. A falta da licença é considerada uma ofensa ao governo, com punições previstas de mais de dois anos de cadeia.

O governo do presidente Robert Mugabe controla os cinco maiores jornais do Zimbábue e a única estação de rádio e televisão. Além disso, acusa os jornalistas independentes de ‘traidores’ por noticiarem as crises econômicas e políticas, incluindo violações dos direitos humanos e democráticos. A Grã-Bretanha também é alvo das críticas do governo, acusada de financiar os três pequenos jornais semanais do Movimento pela Mudança Democrática.

O Herald, principal jornal do governo, defendeu recentemente a prisão dos ‘zimbabuenses que ajudam os inimigos do país’. Afirmou também que ‘existem zimbabuenses, a maioria deles conhecidos, que estão sendo pagos para envergonhar o país na imprensa internacional e na mídia eletrônica’. Quatro jornalistas estrangeiros foram deportados nos últimos anos.

Em fevereiro, o governo fechou o Daily News, único jornal independente diário do Zimbábue, sob alegação de ele não possuía licença de funcionamento. Por três anos, o Daily News foi a plataforma de oposição ao autoritarismo do presidente Mugabe. Em janeiro de 2001, a gráfica que imprimia o jornal foi bombardeada logo após o ministro da Informação, Jonathan Moyo, descrevê-lo como ‘uma ameaça à segurança nacional que deveria ser silenciada’. Ninguém foi punido pelo ataque.

Nas últimas semanas, Kindness Paradza, executivo do Africa Tribune Newspapers, empresa dona do Tribune, foi acusado de buscar ajuda britânica para expandir a companhia e possivelmente fazer um jornal diário independente. Membros do partido de Mugabe também acusaram o executivo de pedir conselhos a ex-diretores do Daily News sobre como conseguir apoio estrangeiro. Informações da AP [3/5/04].