Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalismo impresso em baixa no Reino Unido

De acordo com um estudo realizado no Reino Unido pela empresa de pesquisa Mori, apenas 16% dos britânicos acreditam que os jornalistas falam a verdade, noticia Guy Dresser [Reuters, 29/4/06]. Até os políticos inspiram mais confiança, com 20% dos entrevistados afirmando acreditar neles, segundo informa Julia Clark, executiva de pesquisa da Mori. ‘Perguntamos em qual profissão as pessoas confiam mais e realizamos esta pesquisa por vários anos’, conta ela. ‘Os números variam, mas a tendência é que os jornalistas se mantêm na parte mais baixa, junto com corretores e vendedores de carros usados’.

Apesar dos resultados em relação a jornalistas de maneira geral, os jornalistas de televisão aparecem como aqueles em que o público mais confia. De dois mil adultos entrevistados, 63% afirmaram acreditar que eles dizem a verdade, colocando-os atrás dos cientistas (70%), padres (73%), juizes (76%), professores universitários (77%), professores (88%) e médicos (91%).

Relatório do Ofcom, entidade que regula a mídia no Reino Unido, divulgado no dia 26/4, apresenta resultados semelhantes. Segundo o estudo, 78% dos adultos confiam nos jornalistas de televisão, 76% nos de rádio, e 46% nos de jornais.

Fiscalização

Justin Lewis, professor de jornalismo da Cardiff University, acredita que os estereótipos são os responsáveis por esta distinção. Já para o professor Adrian Monck, da City University, em Londres, isto ocorre devido às diferenças no sistema regulador. Ele explica que, como os telespectadores sabem que a mídia televisiva é fiscalizada, eles têm mais segurança de que receberão informações corretas e precisas. ‘A mídia impressa britânica se beneficiaria muito se fosse controlada da mesma maneira que a televisiva’, completa.

O jornalista investigativo Donal Macintyre afirma que ele próprio não confia em 70% da mídia. ‘As pessoas não confiam nos tablóides. Muito do que é escrito sobre mim não tem nem meu nome escrito corretamente, que dirá os fatos’, opina.