Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Raio-X de assessores pelegos

Este Observatório da Imprensa desde a sua fundação adotou o princípio de não publicar matérias apócrifas ou anônimas. Escrever um texto e não assiná-lo não é apenas indício de covardia pessoal, mas conflita com uma cláusula pétrea do jornalismo universal: a responsabilidade pelo que se escreve.


Os pelegos que emitiram a nota em nome do SJPDF (‘Resposta ao crítico Alberto Dines‘) desconhecem estes princípios elementares de uma profissão que não lhes é familiar, treinados apenas para funcionar como sanguessugas dos sanguessugas do Congresso. Ou mensaleiros dos mensaleiros da Capital Federal.


Queriam ofender por isso designaram este observador como ‘crítico’. Queriam ignorar 54 anos de atividade jornalística contínua por que não conseguiram argumentos para explicar a súbita transformação de uma agremiação sindical de jornalistas num grupo de militância política, a serviço de interesses estrangeiros voltados para a disseminação do ódio e dos preconceitos entre brasileiros. Os pelegos brasilienses cuspiram para o alto e sujaram as respectivas carecas e perucas. Estão acostumados, não se importam.


Um avanço


Todo jornalista é necessariamente um crítico da imprensa. O fazer jornalismo pressupõe uma consciência crítica da própria profissão. É isso que distingue os jornalistas profissionais. Um assessor de imprensa não tem condições de fazer a crítica da mídia porque com isso fecharia automaticamente as portas das redações para a publicação dos seus contrabandos. O negócio dos assessores-lobistas é bajular os donos do status quo e denegrir aqueles que desmascaram os bastidores do poder.


A melhor prova de que os comentários deste observador estavam corretos foi dada pela segunda convocação para a manifestação de solidariedade aos palestinos e libaneses. Agora – mesmo desagradando seus patrocinadores iranianos – já reconhecem a existência de Israel. É um avanço.


Mas classificam Kofi Anan como ‘inerme’. Decididamente não gostam da ONU. Como não gostavam do brasileiro Sergio Vieira de Mello, que antes de morrer condenou o uso da mídia internacional pelos terroristas. Devem ter detestado a denúncia do oficial canadense a serviço da Finul onde se evidenciou a estratégia do heróico Hezbollah de colocar seus Katiushas ao lado do posto da fiscalização das Nações Unidas para que a resposta israelense provocasse vítimas fatais.


Solidariedade, linchamento


Quando pelegos e lobistas metem-se a experts em política internacional os vexames são inevitáveis. Este observador estava juridicamente correto quando designou como ‘árabes isralenses’ algumas vítimas dos cruéis bombardeios do Hezbollah no norte de Israel. A condição de palestinos implicaria uma nacionalidade, eles são há 58 anos cidadãos israelenses mas de etnia árabe ou drusa. A inevitável criação de um Estado Palestino (que este observador defende desde a sua adolescência) permitirá que eles se naturalizem como palestinos.


Os pelegos marrons e anônimos que produziram a nota ofensiva desafiam este observador para um debate em Brasília. Não têm autoridade moral, intelectual e – considerando a covardia implícita na agressão – não têm as qualificações humanas para iniciar uma empreitada desatinada a desarmar os espíritos e promover a paz. Insistem na velha tecla dos agitadores de outras ocasiões para os quais jornalistas judeus não podem ser isentos.


O SJPDF é hoje um bunker a favor do ressentimento. Fala em solidariedade, mas promove o linchamento. Com ódio não se empunha a bandeira pacifista. Com engajamento a favor da beligerância só se obtém mais beligerância.