Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Volta por cima de um quase cassado

Senador Renan Calheiros, quem há de esquecê-lo?


Pois é. O ex-presidente do Senado, que já caminhou sobre a corda bamba da cassação por conta de um punhado de suspeitas, está de volta ao topo do noticiário político. Ele é um dos negociadores mais destacados na disputa entre o PMDB e o PT pela presidência do Senado. E agora quer ser o líder do PMDB no Senado. Tem grandes possibilidades.


Com sua enorme capacidade de digestão, o partido que já teve em suas fileiras o falecido deputado Ulysses Guimarães cresceu nas eleições municipais e ganhou peso para a sucessão presidencial de 2010. Seu apoio está sendo disputado desde já pelas principais forças que se digladiam na política nacional.


Com o esfacelamento do Partido Democratas, antigo PFL, nos últimos anos, PT e PSDB tendem a polarizar a disputa. E o PMDB, com sua vocação para comer as sobras e sem um nome de respeito para apresentar, vai para a mesa disposto a tirar o máximo que puder.


E quem aparece costurando de um lado e de outro? Renan Calheiros.


Acusações esquecidas


Ele é um dos aliados do ex-presidente José Sarney, outra figura-símbolo da nossa política, que pretende colocar sua filha Roseana no posto de líder do governo no Senado.


Isso seria um sintoma de que o PMDB seguirá apoiando o atual presidente até 2010? Certamente que não.


O PMDB tem agora essa natureza de camaleão: dá uma no cravo, outra na ferradura, apóia o PT em Brasília e o PSDB em São Paulo. Vai para onde farejar as melhores vantagens.


Se Renan Calheiros volta à cena, convém à imprensa manter o leitor informado. Mas não custava nada lembrar por onde andava o senador alagoano um ano atrás. Afinal, foi a imprensa que tentou convencer a opinião pública de que Renan era culpado em meia dúzia de processos, e a maioria dos seus acusadores era do PSDB e do Democratas.


Ele foi absolvido com a ajuda do governo, as acusações foram esquecidas, e o leitor fica com aquela impressão de que tudo na política é encenação.