Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

A cara do agricultor brasileiro

Recebi os seguintes comentários sobre o artigo “Buracos da safra”, que trata dos impactos das péssimas condições de nossas estradas à competitividade do agricultor brasileiro.



PÔ, meu, eu já estava morrendo de saudades de seus comentários e informações sobre essa área fundamental na vida da gente.
Sandra  Sabella, professora, São Paulo-SP


O grande buraco encontra-se no bolso do povo carente. Os agricultores ganham muito dinheiro explorando o trabalhador brasileiro. Portanto, eles têm por obrigação remendar os buracos que eles mesmos provocam.
Marco Costa Costa, São Caetano do Sul-SP


Assino embaixo o seu comentário, entra ano, passa ano e o choro é o mesmo dos pecuaristas e grandes agricultores aqui do RS, tivemos prejuízo, portanto precisamos de subsídio do governo federal para poder plantar e investir em equipamentos. Acontece que nos anos de lucro – 99% – a população que paga a conta dos benefícios não vê a cor do dinheiro. Sugiro que usem o mesmo peso, quando tiverem lucro – 50% – devem voltar aos cofres públicos, Banco do Brasil, Banrisul etc. Os prejuízos nós pagamos SEMPRE. O prejuízo não se estende a compra de coberturas de luxo, viagens ao exterior, frota de carros importados etc e tal, para isso nunca falta, mas para pagar o financiamento…
Carmen Silvia  Fusquine, Porto Alegre-RS


E antes da operação tapa buracos (deixados como herança pelo PSDB) havia centenas de milhares de buracos nos meios dos caminhos todos do Brasil. Os agricultores têm que cobrar melhorias sim, mas também têm que trabalhar duro para pagar seus empréstimos ao Banco do Brasil. Acabou o tempo que se tomava dinheiro emprestado e nunca pagavam. Agora o Brasil tem governo.
Marnei  Fernando, Anápolis-GO



Curioso. Até a pouco tempo desprezado pela mídia, o agronegócio brasileiro ganhou destaque nos últimos anos e virou capa das grandes revistas nacionais (Veja, Exame e Época), reportagem especial do Jornal da Globo e até artigos de publicações influentes como a The Economist e Financial Times. Mesmo assim, na cabeça de boa parte dos brasileiros, principalmente do público urbano, a imagem da agricultura e dos agricultores é negativa. Um bando de caloteiros, que recebe ajuda do governo para comprar picapes de luxo e tratores de alta tecnologia.
Mas não é bem assim. Se o agronegócio fosse mesmo coisa de malandro, o Brasil não seria hoje o maior produtor mundial de soja, carnes, açúcar e álcool, café, entre outros alimentos.  Mesmo enfrentando concorrência de agricultores que recebem elevadíssimos subsídios de seus governos, caso dos EUA e da Europa, o agricultor brasileiro consegue dominar o mercado internacional e trazer divisas ao seu país. E a grande maioria dessa gente nem picape tem. Quando muito um Fiat 147 velho e enferrujado. São pequenos agricultores, que cultivam em seus sítios milho, arroz, feijão, além de cuidar de uma ou duas vaquinhas e, quando muito, mais uns porcos. Agricultores que produzem para a sua própria subsistência e, quando dá, vendem o excedente. A agricultura brasileira tem vários perfis: pequenos, médios e grandes. Lógico que existe também os chorões e os malandros. Mas é uma minoria.