Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

A grande notícia que só o Estado deu

Golaço do Estado, ao dar com exclusividade e chamar no lugar de honra da primeira página, no alto à direita, a mais importante notícia dos últimos tempos no Brasil – sem desmerecer o valor jornalístico dos principais fatos da véspera.

A saber: a enésima reunião do presidente Lula para resolver, com ‘prazo, dia e hora’, o apagão aéreo; a desastrada declaração da ministra da Igualdade Racial sobre o que é, ou não, racismo nas relações entre negros e brancos; e a decisão do Tribunal Superior Eleitoral segundo a qual os partidos e não os políticos é que são os donos das cadeiras que eles ocupam no Legislativo.

Mas a grande notícia é que em um ano mais de 8 milhões de brasileiros deixaram de ser muito pobres ou miseráveis.

Uma pesquisa do respeitado instituto Ipsos Public Affairs para uma financeira francesa revelou que de 2005 para 2006, pelos critérios de poder de compra e posse de bens, o número de brasileiros enquadrados na categoria baixa renda diminuiu de 92,9 milhões para 84,8 milhões. Proporcionalmente à população inteira, a redução foi de 51% para 46%.

O melhor da festa é que a pobreza e a miséria diminuíram mais onde mais precisavam diminuir: no Nordeste, onde vive um de cada quatro brasileiros. Na região, segundo a pesquisa, o dinheiro dos pobres já não acaba antes do fim do mês: no dia 30, ainda sobra um trocadinho.

‘Tudo melhorou no Nordeste’, diz um diretor da empresa que encomendou o levantamento. ‘A intenção de ter computador em casa mais do que dobrou em um ano, de 7% para 15%. O interesse em comprar casa própria passou de 6% para 10%.

O efeito dominó se reflete em toda a estrutura social, descobriu também o estudo. Com a ascensão dos de baixo, estão hoje na classe C mais 4 milhões de brasileiros. Nas classes A e B, mais 6,3 milhões. Mas, nesses grupos, a renda disponível no fim do mês caiu 18%, de R$ 631 para R$ 518.

As explicações para a mudança:

Aumento da massa salarial, inflação controlada e, especialmente, crescimento do crédito. ‘Por meio de prazos esticados e juros cadentes’, informa a repórter Márcia de Chiara, ‘o crédito fez o dinheiro render mais nas mãos do consumidor’.

Agora é só juntar esses números com os números da última eleição presidencial.

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