Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

As limitações do protesto virtual

A internet, o formidável instrumento de expressão individual e mobilização coletiva que a tecnologia colocou ao alcance da sociedade, pode ser uma faca de dois gumes.

Desde a sexta-feira passada, o ciberespaço brasileiro está tomado por uma infinidade de protestos contra o obsceno presente de Natal que o Congresso se deu.

São, no entanto, manifestações virtuais – em mais de um sentido do termo. Traduzem a indignação de um país inteiro, mas é como se fossem um ponto de chegada e não de partida. Onde a convocação de atos públicos pela revogação do escandaloso aumento? Onde o preparo de um bombardeio de abaixo-assinados contra a infâmia?

A impressão que se tem é de um repúdio que se esgota em si mesmo: as pessoas põem para fora a sua justa ira e vão cuidar da vida – o que é apenas humano. Fica faltando a faisca para iniciar uma reação em cadeia no seu habitat natural: a rua. E isso está além das possibilidades das tecnologias da comunicação.

A internet pode impulsionar a organização da sociedade. Pode ter um papel decisivo para levar a sociedade organizada a agir. Só não pode substituí-la na ação.

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