Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Associated Press cria DNA da notícia e ameaça a Google

A agência de noticias Associated Press disparou os primeiros tiros reais numa batalha por cifrões que até agora tinha se limitado ao terreno verbal. A centenária AP passará a embutir em todos os seus textos publicados na Web um código secreto que permite identificar quem usou o material sem pagar direitos autorais.


 


A decisão vai afetar  milhares de sites e weblogs que reproduzem notícias da AP, mas o verdadeiro alvo é o Google que há anos vem sendo acusado pela agência de lucrar com material produzido por outras empresas.


 


O diretor da AP não deixou dúvidas sobre o objetivo estratégico da medida anunciada esta semana. “Se é possível criar uma indústria multibilionária para desenvolver mecanismos de busca, nós também podemos gastar milhões de dólares para proteger nosso material”, proclamou Tom Curley, o principal executivo da agência.


 


Com isto a agência espera faturar alguns milhares de dólares adicionais ao processar judicialmente publicações online e offline que reproduzem textos, fotos e vídeos da AP, fornecidos a clientes como grandes jornais, revistas e emissoras de TV.


 


A decisão já havia sido anunciada em abril, durante a reunião anual dos sócios da cooperativa de empresas jornalísticas que controla a  Associated Press. Mas ela foi feita mais em tom de ameaça, mas agora foi apresentada como fato consumado, o que gerou de imediato uma apaixonada polêmica na internet.


 


O chamado DNA da notícia foi desenvolvido pelo Media Standards Trust , uma fundação inglesa, e tem como alvo principal os noticiários automáticos online, como o Google News, bem como os mecanismos de buscas na Web, que indexam e reproduzem o título e o lead das matérias publicadas por jornais com base em material da AP.


 


A decisão de iniciar uma guerra para proteger textos, fotos e vídeos distribuídos pela AP surpreendeu a muita gente porque se acreditava que a agência não estaria disposta a enfrentar uma complexa batalha judicial em torno da definição dos limites do direito de autoria na Web.


 


Trata-se de uma área jurídica nova ainda sujeita a muitas interpretações divergentes e que dificilmente será definida a curto prazo. Assim, caso a AP abra processos contra o mecanismo de buscas Google e outros similares, estes certamente reagirão e ao que tudo indica a agência não terá como aumentar rapidamente as suas combalidas receitas.


 

Além disso há outro complicador. A Associated Press é uma cooperativa de jornais que tem 1.800 clientes no mundo inteiro, muitos destes clientes não são adeptos incondicionais do DNA da notícia. Eles temem que os efeitos de uma guerra aberta entre a AP e o Google acabem contaminando a blogosfera, provocando uma polarização entre internautas pró e contra o acesso livre às noticias.