Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Cada macaco no seu galho

Sobre o artigo ‘Os melhores remédios estão na feira, e não na farmácia’, recebi e agradeço as criticas abaixo.


Ernani Porto, Professor (Piracicaba/SP), diz: ‘Realmente, não sei quanto um psiquiatra sabe de nutrição animal, nutrição humana, zootecnia e tecnologia de alimentos para fazer tantas afirmativas. Como veterinário e doutor em Ciências de Alimentos, sei que atribuir ao consumo de soja pelos animais o aumento da agrassividade entre humanos é uma estultice. Aliás, nem precisa de diploma para chegar a essa conclusão. Bilhões de chineses provam o contrário. Fontes jornalísticas devem ter as devidas credenciais para serem utilizadas. Como cientista na área de alimentos, não faria o caminho inverso. Não iria dar palpite do que conheço (alimentos, nutrição, tecnologia de alimentos e veterinária) sobre o que desconheço; psiquiatria´´.


O Dr. Célio Levyman, médico e mestre em neurologia pela Unifesp, emenda: ‘Realmente há opiniões as mais estranhas possíveis.A questão de alimentos orgânicos e os genéticamente modificados deixo para os especialistas – a questão efetivamente,como o Prof. Ernani colocou,é afeita à area médica.Objetivamente:depressão não é um diagnóstico simples,fácil.Pode ser exclusivamente psicológica,até mesmo natural (como o período de luto,por exemplo),a um complexo desarranjo bioquímico cerebral,com pouca ou nenhuma interferência do meio ambiente,ao contrário do que certa corrente ultra-psicoterápica-não-medicamentosa quer fazer crer.A relação entre o ômega-3 e a depressão é risível,sem evidência científica.As bases neuroquímicas da depressão não se encontram nos radicais livres,tampouco nos alimentos,e sim na produção e nos receptores de um neurotransmissor denominado serotonina – é por aí que os medicamentos atuam.Depois da II Guerra até pode ter se modificado a alimentação dos animais,mas o aumento de casos de depressão encontra explicação mais simples na própria mudança social,das relações familiares e financeiras e até mesmo do diagnóstico,feito em maior número por se pensar mais no mesmo.Cada macaco no seu galho´´.


Aqui, do alto do meu galho, eu faço algumas considerações. Embora leigo, acredito que haja alguma relação entre as mudanças dos hábitos alimentares e o aumento de doenças como o câncer e a depressão. No último sábado, o Dr. Dráuzio Varella, em artigo na Folha de S.Paulo, comentou pesquisa realizada nos EUA que demonstra uma maior incidência de câncer entre as pessoas sedentárias, que não praticam qualquer tipo de esporte ou atividades físicas como correr ou caminhar.


Ele mostraa ainda que a maioria das pessoas que tiveram câncer, que passaram a ter como hábito a caminhada ou a corrida, após receber tratamento médico, apresentou menor índice de recidiva. Ora, da mesma forma uma alimentação saudável pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida e, inclusive, para melhorar o ânimo e o humor das pessoas.


Ou não?


Na Europa, até anos atrás, os criadores de gado alimentavam seus animais, que são naturalmente herbívoros, com farinha de ossos e outros produtos de origem animal. Deu no que deu: na chamada doença da vaca louca, que causou muitas mortes não apenas de animais como de humanos.


Vale a pena continuar discutindo este tema.