Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Colunista do O Globo erra: quem abasteceu ACM Neto sobre Land Rover de Silvinho foi a co-irmã Rede Globo


O colunista Merval Pereira, O Globo, explica-se hoje às críticas que recebeu de ‘leitores mais sensíveis’, por conta de seu comentário de ontem que criticou a afoiteza dos deputados ACM Neto (PFL-BA), Rodrigo Maia (PFL-RJ) e Eduardo Paes (PSDB-RJ).



Ele diz:
‘Como essa avaliação injusta não corresponde ao conceito que faço da atuação dos três, quero registrar que a ‘afoiteza’ dos ‘garotos’ foi responsável por alguns passos fundamentais nas investigações.


‘Foi graças a ACM Neto que o Land Rover de Silvinho Pereira surgiu; foi o cruzamento de dados feito por Rodrigo Maia que identificou os petistas que sacaram na boca do caixa no Banco Rural de Brasília; e Eduardo Paes foi o primeiro a levantar questões sobre a Gamecorp, a empresa do filho de Lula que recebeu uma injeção financeira de R$ 5 milhões da Telemar.’



Em pelo menos ‘dois passos fundamentais’ por ele apontados, há erros cometidos consciente ou inconscientemente.



Não é verdade que foi graças a ACM Neto que veio a público o Land Rover do ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira. O deputado baiano foi abastecido com informações que haviam sido apuradas pela Rede Globo de Televisão. O relatório lhe foi entregue por uma jornalista da emissora, em Brasília, com a intenção de consumar o fato e forçar fontes reticentes a abrir totalmente o jogo – o que efetivamente aconteceu. ACM Neto foi o primeiro parlamentar a interrogar Silvio Pereira, na CPMI dos Correios, já de posse das informações apuradas pela reportagem da emissora.



Quanto ao cruzamento de dados de Rodrigo Maia, o caso ainda se mantém nebuloso. O parlamentar cruzou os dados e, segundo se defendeu em reportagem ao O Estado de S.Paulo, foi a repórter Cristiana Lobo, do O Globo e da Globo News, quem separou apenas os petistas da lista de pessoas que passaram pelo Banco Rural de Brasília. A lista do parlamentar continha, inclusive, um funcionário de seu gabinete que fora ao Banco Rural sacar dinheiro– mas a imprensa não se preocupou em aprofundar a investigação. A lista de Maia lhe rendeu uma representação por quebra de decoro parlamentar, aberta por deputados do PT que se sentiram injustiçados. Maia, em última instância, pode perder o mandato por causa da molecagem.



Desde que o episódio da lista veio a público, o parlamentar vem sendo beneficiado com longos minutos nos telejornais da emissora. A última aparição ocorreu na última segunda-feira, quando Rodrigo Maia leu, no plenário da Câmara, a denúncia preparada por seu pai, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, acusando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de ter mentido na entrevista do último domingo. Era segunda-feira – e não é necessário frisar que o Congresso estava às moscas. Maia leu a denúncia para ninguém, mas a Rede Globo registrou.