Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Comida ou combustível?

A expansão da agroenergia nos EUA, conseqüência da alta do preço do barril do petróleo (principal) e da preocupação com a poluição do ar nos grandes centros urbanos (secundária), já se reflete nos preços de matérias-primas como o milho e o açúcar. Na edição de 18 de julho, o Financial Times adverte que indústrias de alimentos como a Unilever, a Nestlé e a Cadbury Adams devem enfrentar custos mais elevados a longo prazo para a compra de milho e açúcar e seus derivados. As indústrias de alimentos, daqui para frente, vão disputar sua matéria-prima com os postos de combustíveis.


Citando um relatório do Goldman Sachs, o Financial Times adverte que a demanda por biocombustíveis está forçando elevação nos preços das safras, tornando mais dispendioso para as companhias de alimentos obter as matérias-primas que usam em seus produtos.


O assunto é capa da edição de julho da revista Agroanalysis, que chega à casa dos assinantes na próxima semana. Leonardo Sologuren, engenheiro agrônomo e diretor da consultoria Céleres, apresenta algumas projeções importantes sobre a disputa entre alimentos e biocombustíveis por milho e cana.


1- Nos Estados Unidos, a estimativa de milho esmagado para a produção de etanol 2006/07 é crescer 50,4% e chegar a 66 milhões de toneladas em 2010. Essa tendência preocupa o abastecimento futuro do cereal. Haverá uma forte disputa para adquirir matéria-prima entre as indústrias de etanol e as indústrias de ração e de processamento industrial;


2- A Produção de etanol nos EUA vai saltar de 15,1 bilhões de litros, este ano, para 26,5 bilhões de litros;


3- Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que o consumo interno de milho nos EUA, de 2005 a 2010, passaria de 228,7 milhões de toneladas para 251,10 milhões de toneladas.


Este ano, os EUA praticamente empatam com o Brasil na produção de álcool. O Brasil deve produzir 17,5 bilhões de litros, contra 17,20 bilhões dos EUA.