Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Conversa com os leitores sobre o caso Nardoni

A série de comentários publicados por leitores do Código , a propósito do post sobre o caso Nardoni, vale uma reflexão porque mostrou como o público está ocupando seu lugar na produção coletiva de conhecimentos.


 


A primeira constatação é a de que está crescendo rapidamente a freqüência de discussões entre leitores. Antes, predominava a confrontação de opiniões, o popular bate-boca. Agora, aumenta a preocupação em entender a contraparte para poder discutir melhor. É um comportamento diferente da tradicional atitude de ouvir para descobrir os pontos fracos, como se ambas as partes estivessem numa luta livre.


 


A outra constatação é a de que o autor do post já não é a referência única. Isto também é um avanço importante porque diversifica as opiniões submetidas ao debate e enriquece a experiência de cada um. Quanto mais diversificadas forem as opiniões, maior o ganho de cada participante porque ele terá mais elementos para tomar a sua decisão.


 


É importante levar em conta que a formação de uma opinião pessoal não é sinônimo de imposição desta mesma opinião sobre as demais pessoas. Nós temos o hábito de procurar “ganhar” discussões, ou seja, fazer com que o nosso ponto de vista predomine. Só que esta é uma falsa sensação de “vitória”  porque, no final das contas, cada interlocutor vive numa realidade específica e vai acabar tomando a sua própria decisão, seja ela ou não concordante com a nossa.


 


Outra observação. Não se trata de avaliar resultados, mas sim de acompanhar a participação dos leitores. Os resultados não podem ser medidos pela “vitória” de uma ou outra opinião, mas pelo impacto que a troca de idéias terá na vida de cada um. Assim, o resultado é muito pessoal e difícil de ser medido no desfecho da discussão.


 


Finalmente, o aumento da participação e da qualidade das intervenções fortalece o processo de formação de redes de leitores e usuários. Esta é a função de um blog. Não é servir de púlpito para “discursos” do autor, mas de “banquinho” para ele começar uma conversa. Qualquer coisa a mais do que isto é mera pretensão, já que os leitores têm hoje cada vez mais o controle desta “mesa de boteco” surgida em torno da área de comentários do Código.