Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Críticas à imprensa: Onde há fumaça pode haver fogo


(Antes de tudo uma explicação: estive fora do ar desde sábado devido a um travamento no meu computador que impediu o acesso ao disco duro. Já foi tudo resolvido)


Os comentários feitos ao texto anterior sobre os xingamentos em weblogs reforçaram uma dúvida ou inquietação surgida desde que o escândalo mensalão contaminou a blogosfera brasileira. Há tempos venho me dedicando à leitura dos comentários nos blogs políticos nacionais porque fiquei impressionado com dois fenômenos: a profunda frustração com os políticos; e a crescente irritação em relação à imprensa.


A primeira é bem conhecida mas a segunda é mais dificil de ser constatada porque a visibilidade das críticas só poderia acontecer através da própria imprensa. Os blogs passaram então a funcionar como uma espécie de válvula de escape da opinião pública e, embora não possam ser considerados uma amostra científica da opinião pública, servem, pelo menos, como uma fumaça capaz de identificar onde pode haver fogo.


É possivel ver muita fumaça em comentários sobre o caso da infeliz expressão ‘idiotas de plantão’, que tocou num nervo sensível de várias pessoas. Ressentimentos vieram a tona mostrando que nem tudo são flores na relação entre os jornalistas e seu público.


O simples fato desta fumaça ter sido percebida gera, na minha opinião, a necessidade de uma análise do problema porque ele envolve a própria essência do jornalismo, já que nossa profissão não existe sem o público. A necessidade desta avaliação da nossa realidade informativa aumenta ainda mais quando se percebe claramente em vários comentários que muita gente já associa os jornais aos políticos e ao governo, embora as pesquisas dêem à imprensa um grau de credibilidade muito superior ao dos partidos, do poder executivo e do legislativo.


As críticas à imprensa nos comentários de blogs podem ser vistas como uma manifestação de uma minoria e portanto desconsideradas ou como a expressão de que algo não funciona bem na relação entre os jornalistas e seu público. A primeira hipótese significa assumir que o problema não existe, enquanto a segunda implica um exame de consciência num momento bastante difícil por conta da radicalização que normalmente surge em períodos pré-eleitorais.


Os leitores acham que os jornalistas são donos da verdade, enquanto os profissionais da informação reagem às críticas como se fossem agressões pessoais. O importante, e que pode ser feito, é procurar analisar e contextualizar o que o outro lado está dizendo. Sem isto caminharemos para o distanciamento mútuo, que prejudica mais o jornalista do que seu leitor.


Me arrisquei muito neste post porque mexi numa abelheira, mas acho que tenho o dever de dialogar com os leitores mesmo correndo o risco de errar ou ser mal interpretado. Eu acredito no jornalismo como uma grande conversa e não como um discurso ex-catedra.


Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.