Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Em entrevista de leitura imprescindível, Veja engole a seco tese que condenou


Está lá, na área nobre das páginas amarelas desta semana, a entrevista com o senador Tasso Jereissati. O resultado do embate pergunta-resposta é favorável ao cardeal tucano de melhores relações com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na p 14, a repórter Thais Oyama intercede:



Veja – Faltou falar sobre a hipótese de que o PSDB teria evitado uma postura mais agressiva diante da crise por causa do envolvimento do seu ex-presidente Eduardo Azeredo com o valerioduto.
Jereissati – Eu não concordo porque esse, sim, é um problema de caixa dois. Que é sério e precisa ser investigado, mas que não é um problema com a dimensão daquele que atingiu o PT. O problema do PT é de corrupção e de desvio de dinheiro público – o maior já feito no Brasil de forma sistemática. E que funcionava a partir da mais alta cúpula do governo: a Casa Civil. É diferente de caixa dois.

Veja – Que não deixa de ser um crime, como o senhor mesmo afirma. Ainda assim, o senhor foi um dos maiores defensores da permanência de Azeredo no comando do partido.
Jereissati – Eu não defendi a permanência dele. Apenas coloquei que o Eduardo Azeredo deveria decidir de acordo com sua consciência. Depois, nesse caso, o crime – eleitoral, é bom frisar – ocorreu quando ele foi candidato ao governo de Minas, antes de assumir a presidência do partido. Não houve, portanto, um comprometimento do PSDB nacional.
  


Como se vê três linhas acima, o senador diferencia o crime eleitoral de outros – ‘é bom frisar’, adverte. A revista engoliu a seco tese contrária a um de seus caros princípios: lutar contra a impunidade ao crime eleitoral.

A bandeira é nobre: os condenados por crimes eleitorais pagam, no máximo, com penas de caráter social. Os crimes prescrevem em três anos. Não há sequer um registro de prisão. Meter a mão no dinheiro alheio, seja público ou privado, termina em amena contravenção. E os escândalos políticos se sucedem…

A entrevista é de leitura imprescindível, mesmo porque indica alguns movimentos futuros do PSDB, e traz o reconhecimento de Tasso Jeiressati de que os parlamentares seguiram a reboque da imprensa.
Mas faltou a réplica e o esclarecimento do porquê o senador diferencia crime eleitoral dos demais. Afinal, esse foi o assunto central da série recorde de capas consecutivas da revista.