Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Estado da Imprensa 2008 aponta recuo do jornalismo-cidadão e mudança acelerada na função dos jornais

O relatório do State of the News Media 2008 (Estado da Imprensa 2008) divulgado na segunda-feira (17/3) nos Estados Unidos constatou uma desaceleração no crescimento do chamado jornalismo-cidadão contrariando as expectativas surgidas em 2007.


 


O documento produzido pelo Projeto pela Excelência no Jornalismo, além de identificar um arrefecimento na produção de conteúdos informativos por internautas, afirma que há uma tendência entre os weblogs e páginas informativas independentes de assimilar os mesmos vícios e rotinas do jornalismo profissional. Entre estes erros, o texto destaca uma tendência a limitar a participação de leitores.


 


Em compensação, o informe destaca o aprofundamento de mudanças qualitativas no conceito de notícia e na funcionalidade dos veículos de comunicação de massa. A notícia está deixando de ser um produto para tornar-se um serviço ao mesmo tempo em que os jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, bem como os próprios sites de notícias na web, estão rapidamente deixando de ser destinos finais para ganharem características de escala na busca de informações pelos internautas.


 


Estas são as conclusões mais destacadas do Estado da Imprensa 2008, que publica também uma pesquisa entre jornalistas norte-americanos na qual eles se mostram muito pessimistas sobre o futuro da sua profissão. Seis em cada dez profissionais entrevistados acreditam que o jornalismo norte-americano está indo na direção errada.


 


Se, por um lado, o documento afirma que houve um superdimensionamento da evolução imediata do chamado jornalismo-cidadão, por outro nota que a mídia convencional corre cada vez mais riscos de ser atropelada pelas mudanças no modelo de negócios da imprensa. As empresas se mostram demasiado lentas no reconhecimento de mudanças na natureza da atividade informativa.


 


Mas enquanto os executivos batem cabeça na busca de alternativas para a crise gerada pelo descolamento entre publicidade e audiências, as redações se transformaram no ambiente mais dinâmico e criativo dos veículos de comunicação jornalística. Segundo o State of the Media News 2008, a maioria das redações norte-americanas testa, em maior ou menor escala, o uso de recursos multimídia na produção de conteúdos jornalísticos.


 


Outra conclusão do estudo coordenado por Amy Mitchell e Tom Rosenstiel constata que a produção jornalística, em vez de tornar-se mais diversificada por conta da sobre oferta informativa, está na verdade encolhendo e se concentrando numa agenda comum à maioria dos veículos. Cada vez mais os veículos publicam  as mesmas informações usando as mesmas fontes.


 

O relatório é uma fotografia do jornalismo norte-americano nos 12 meses anteriores à sua publicação e os próprios autores admitem que a ecologia informativa contemporânea está sujeita a mudanças constantes. Ou seja, as constatações feitas em 2008 podem não se repetir em 2009.