Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

JB noticia sumiço de papéis do caso NossaCaixa; jornais paulistas mantêm silêncio

De novo, o caso do sumiço dos documentos da investigação sobre negócios da NossaCaixa com políticos de São Paulo do escritório político do deputado e corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo, Romeu Tuma Júnior (PMDB). O Jornal Nacional deu a notícia na segunda-feira à noite e chamou a atenção do Contrapauta por não ter sido registrada pelos maiores jornais paulistas – Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.


Ontem, diante de informações de que o roubo estava sendo noticiado pela Folha Online, esperava-se que, hoje, os grandes jornais paulistas entrariam no assunto. Ledo engano. Quem rompe o silêncio é o Jornal do Brasil. A Folha de S.Paulo traz duas notas na seção ‘Painel’, sem ter dado a notícia antes. Seus leitores não devem ter entendido lhufas. Na primeira nota, de 31 palavras, noticia a ‘invasão’ do escritório do deputado; na segunda, com 41 palavras, crava que o pedido do senador Tião Viana para que a Polícia Federal entre no caso emenda que ‘o interesse do petista no assunto tem razão eleitoral’ (veja a íntegra ao final).


A publicação da notícia pelo JB derruba uma das hipóteses levantadas pelo Contrapauta – a de que o Jornal Nacional teria se enganado – e amplia as informações. Segundo a reportagem ‘apenas documentos do processo que apura denúncias de irregularidades na doação de peças do estilista Rogério Figueiredo para a ex-primeira-dama Lu Alckmin e dois mouses foram roubados’.



O silêncio dos jornais paulistas é resultado do Importância Zero, programa implantado pelos jornais na cobertura do que ocorre na Assembléia Legislativa.



Íntegra da reportagem do Jornal do Brasil

Papéis somem de escritório
Josie Jeronimo


Documentos do caso Nossa Caixa foram roubados, na madrugada de segunda-feira, do escritório político do deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB). Ele atua nas investigações que apuram supostas irregularidades no direcionamento de verbas do banco estatal para empreendimentos de aliados do tucano Geraldo Alckmin.


Tuma registrou a ocorrência terça-feira. No boletim, o deputado estadual alega que apenas dois volumes da sindicância da Nossa Caixa, documentos do processo que apura denúncias de irregularidades na doação de peças do estilista Rogério Figueiredo para a ex-primeira-dama Lu Alckmin e dois mouses foram roubados.


Segundo o delegado titular do 36º Distrito Policial do bairro Paraíso, Mário Guilherme Carvalho, o escritório foi arrombado. A polícia recolheu impressões digitais e outros indícios para analisar o o caso.


– Nenhum objeto de valor foi levado. Apenas os documentos sumiram – disse o delegado.


O deputado requisitou ao delegado o histórico de arrombamentos da região. O levantamento mostrou que em cinco anos apenas dois estabelecimentos políticos foram assaltados. Essa é a segunda vez que o escritório do peemedebista é invadido.


Tuma é corregedor da Assembléia de São Paulo. Além da função, o deputado se aliou à bancada petista na tentativa de conseguir instalar uma CPI que investigue as denúncias do caso Nossa Caixa. Os petistas também suspeitam de que a invasão do escritório teve motivações políticas. O deputado, autor do requerimento que pede explicações a Alckmin sobre os vestidos que a ex-primeira dama teria recebido do estilista Rogério Figueiredo, disse ontem que o assalto foi uma tentativa de intimidação.


– Não tenho nenhuma dúvida de que foi represália para me intimidar. Em uma relação custo-benefício, se os documentos não tivessem cópias, se perderia muito nas investigações. Seria impossível reconstituir os dados. Como nós temos cópias do material, o assalto valeu só como intimidação – observou o deputado, que acompanhava, ontem à tarde, o depoimento do ex-gerente de marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro ao promotor Sérgio Turra, do Ministério Público Estadual.


No depoimento, o ex-gerente disse que ´´em alguns casos´´, as ´´orientações´` da assessoria especial de Comunicação do estado seriam para que o banco fizesse anúncios em veículos ligados a deputados estaduais da base de Alckmin. O volume desses anúncios, no entanto, corresponderia ao porte e à capacidade de circulação dos veículos. As informações são do promotor Sérgio Turra Sobrane, que tomou o depoimento de Jaime de Castro.



Notas do ‘Painel’ da Folha de S.Paulo


De volta à cena
O senador Tião Viana (PT-AC) pediu ao ministro Márcio Thomaz Bastos que a Polícia Federal participe das apurações sobre a invasão, segunda-feira, do escritório do deputado estadual Romeu Tuma Jr. (PMDB).


Não desiste nunca
O interesse do petista no assunto tem razão eleitoral: o PT tentará caracterizar a invasão do gabinete de Tuma como tentativa de impedir investigações de irregularidades na Nossa Caixa na gestão Alckmin. E ameaça levar o caso à CPI dos Bingos.