Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalismo cativo e desculpa esfarrapada

Gracinha, como diria a Hebe, o título da matéria no Estadão de hoje sobre um encontro do candidato presidencial tucano, anteontem à noite:

”Alckmin cativa artistas e intelectuais do Rio”.

O texto diz que ele saiu “bem avaliado” da reunião promovida pelo ex-ministro da Cultura de FH, Francisco Weffort, na casa de uma produtora de cinema, para aproximar o ex-governador dos “formadores de opinião simpatizantes da sua candidatura”.

Ou seja, Alckmin foi pregar para os convertidos.

E estes, pensassem o que pensassem no íntimo, não deixariam de dizer à mídia que ele é “viável”, “bem informado sobre o Rio”, “realmente mostrou que tem conhecimento efetivo do país” e “é uma pessoa ética”.

Em suma, um chuchu de candidato, a julgar por essa pequena obra-prima de jornalismo engajado que leva a assinatura do repórter Alexandre Rodrigues e poderia perfeitamente bem ter sido escrita para a publicação eletrônica Newsletter Geraldo Alckmin.

Compare-se isso com a matéria da Folha “Alckmin diz que vai morrer gente no combate ao crime”.

Tendo conseguido assistir ao encontro fechado – o que não parece ter sido o caso do seu colega do Estadão –, a repórter free-lancer Cristina Tardáguila descreveu o ambiente, o que ali se comia e bebia. Sobretudo, contou o que o candidato disse. Como as suas idéias sobre o combate ao crime, “sem medo de reação”, que foram parar no título da matéria.

O leitor da Folha ficou sabendo ainda que o tucano previu que “todos os candidatos vão falar coisas iguais [no horário eleitoral] por causa das pesquisas qualitativas e da atuação dos marqueteiros”.

O melhor da festa, por assim dizer, foi a sua hipótese sobre o que, diante da anunciada pasteurização da propaganda, fará o eleitor se decidir por um e não por outro candidato:

”Acho que vai ser pela empatia, aquela coisa que não dá para explicar, mas que conta.”

E por falar em eleições e TV, uma gracinha também a desculpa esfarrapada de Lula, na entrevista à jornalista Ana Paula Padrão, do SBT, para a sua relutância em participar dos debates que as emissoras programam:

”Num debate, as pessoas agem com insanidade, num jogo eleitoral. Se tem uma coisa que gosto é debate. Mas não estou indo lá como Lula candidato, mas como o presidente. É preciso preservar a instituição.”

Então, tá.

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