Custou, mas a imprensa foi conferir se é verdade que a legislação ambiental e o Ibama (leia-se, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente) são entraves à modernização e ao desenvolvimento da infra-estrutura nacional, sobretudo no que se refere à expansão da oferta de energia no país. É o que acha o presidente Lula.
Hoje o Globo deixou o achismo que parece pôr no mesmo campo o presidente petista e a página de editoriais do Estado, na demonização da ministra.
As repórteres Patrícia Duarte e Mônica Tavares apuraram junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que a área de meio-ambiente não é, para dizer o menos, ‘a única responsável pelos atrasos nos megaprojetos do Executivo’.
A prova está nos números: das 38 hidrelétricas em obras ou na prancheta, apenas treze – ou 1/3 do total – estão com problemas para serem concluídas ou começadas. ‘Detalhe’, como diz a reportagem, com uma ponta de ironia: ‘Todas essas treze usinas já têm licença ambiental prévia concedida pelo governo.’
A matéria do Globo vem na esteira de dois artigos contundentes em defesa das leis de defesa do ambiente e da ministra.
Dela, por sinal, se pode dizer a sério, apenas passando do masculino para o feminino, o que dizia de mentira a propaganda eleitoral de Jânio Quadros para governador de São Paulo em 1958:’É pequenino, é pobrezinho, é quase nada, mas não tem outro como ele para lutar.’
Duas declarações recentes da brava guerreira:
‘Perco o pescoço, mas não perco o juízo’.
‘Flexibilizar o Ibama não é o termo adequado. Você flexibilizaria uma cirurgia do coração?’
Os artigos mencionados saíram sábado na Folha. O primeiro, do jornalista de ciência e tecnologia Marcelo Leite, tem o título amargo ‘Sai daí, Marina’. O segundo, do professor José Eli da Veiga, titular e coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da USP, se chama ‘Da ingenuidade à covardia’.
Nem em sonho qualquer deles pode ser rotulado de ecoxiita ou fundamentalista ecológico, expressões que o Estadão, por exemplo, usa frequentemente para se referir à ministra e à sua equipe.
O link para o primeiro é http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0912200606.htm
O link para o segundo é http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0912200608.htm
O acesso aos textos, infelizmente, é limitado aos assinantes da Folha ou aos que usam o UOL para entrar na internet. [Dos grandes jornais brasileiros, apenas o Globo tem entrada franca.]
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