Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Morales tira o gás da política externa de Lula

A bombástica decisão do presidente da Bolívia, Evo Morales, de estatizar o setor de hidrocarbonetos – enquanto, para esfregar sal na ferida, tropas bolivianas ocupavam uma das duas refinarias da Petrobras no país – tira o gás dos que acusavam a mídia de criticar por motivos espúrios a política externa do governo Lula.

O presidente brasileiro apoiou abertamente a candidatura Morales. Eleito, o líder indígena o esnobou. Escolheu como seus interlocutores na América do Sul o venezuelano Hugo Chávez e o cubano Fidel Castro, nesta ordem.

Em busca de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e da liderança de uma confederação sul-americana, Lula se entregou a um tal protagonismo, como dizem os argentinos, que só realimentou entre os vizinhos arraigados temores sobre as aspirações brasileiras à hegemonia regional.

Deu no que deu. Como escreve hoje o jornalista Igor Gielow, da Folha em Brasília, o Brasil acabou criando corvos na América do Sul. “Crie corvos que eles te arrancarão os olhos”, adverte um ditado espanhol.

O artigo de Gielow é um dos quatro que analisam a crise na página 6 do caderno de economia do jornal. “A Petrobras e a Bolívia”, de Luís Nassif, “É o primeiro ato de esquerda desde a queda do Muro de Berlim”, de Clóvis Rossi, e “Alinhado com Chávez, Morales se afasta de Lula”, assinado FM, completam um conjunto de textos que, sem esgotar o assunto, não podem deixar de ser lidos.

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