Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Nem organizado, nem normal, nem sob controle

Vários termos e expressões correntes no noticiário precisam ser reavaliados. Quatro exemplos:


Primeiro, crime organizado. Essa expressão surgiu nos Estados Unidos pela primeira vez em 1929, num estudo a propósito de Chicago. Voltou nas décadas de 1960-1980, principalmente depois que uma comissão governamental publicou um relatório sobre “Crime Organizado”, em 1967. Há uma explicação no verbete ‘Organized crime’, do The Oxford Companion to United States History, editado por Paul S. Boyer. Segundo o livro, foi a mídia americana que criou o mito.


Segundo, normal, normalidade. Tal como está nos dicionários, o conceito não se aplica à realidade paulista e brasileira. Melhor usar rotina.


Terceiro, sob controle. Dispensa comentários.


Quarto, segurança máxima. Para haver plena segurança seria preciso, entre outras coisas, que os agentes da lei fossem 100% solidários com esse objetivo.


Também é preciso cuidado para não colocar na conta do tráfico de drogas toda a criminalidade. A realidade dos fatos está bem distante disso, sobretudo porque o Brasil é um entreposto, não uma praça expressiva de consumo. Muitas outras modalidades criminosas, como se sabe, são altamente rentáveis.