Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O compadre do presidente

Virou mania chamar o advogado e empresário Roberto Teixeira de ‘compadre do presidente Lula’, consoante o inevitável espírito de manada que comanda os reflexos condicionados da mídia.


Isso se chama, em bom português, estigmatização.


Seria aceitável que todos os laços de compadrio, amizade e parentesco constituíssem agora a maneira de apresentar as pessoas nos noticiários?


O fato é que Roberto Teixeira fez muitos negócios com prefeituras petistas. E que o presidente Lula morou anos, sem pagar aluguel, num apartamento de Roberto Teixeira.


Outras passagens da biografia de Teixeira podem ser sugestivas. O repórter Alceu Luís Castilho (parece fusão dos nomes dos três blogueiros meus vizinhos), da agência Repórter Social, reproduziu em 18 de janeiro, de depoimento do economista Paulo de Tarso no Senado:


“Que Lula explique sua amizade com Antônio Celso Cipriani, que foi investigador do Deops e torturador do Fleury – e hoje é homem de confiança do Roberto Teixeira”.


‘Antônio Celso Cipriani era segurança do Omar Fontana, tinha caso com a filha dele e se tornou seu genro. Acabou herdando a Transbrasil. O advogado dele é Roberto Teixeira. E o PT hoje opta por relações com os Ciprianis da vida e Robertos Teixeiras da vida.’


Clique aqui para ler o tópico.


O assunto já havia sido abordado em reportagem de Luiz Maklouf Carvalho para o Estado de S. Paulo, publicada em 2002.


Saiu depois na coluna de Ancelmo Gois, em 4 de julho de 2004:


‘Do Dops à CPI


O senador Antero Paes de Barros vai voltar à tribuna para falar de Antônio Celso Cipriani, dono da finada Transbrasil, suspeito de ter remetido US$ 25 milhões para o exterior ilegalmente.


O escândalo é requentado. Mas tem poder explosivo. É que Cipriani, que foi da equipe do delegado Sérgio Fleury na repressão, seria ligado ao advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula’.


Nada disso valida a designação de ´compadre do presidente Lula´ dada a Roberto Teixeira. Assim como não teria sentido passar a chamar o presidente de ‘compadre do advogado Roberto Teixeira’. A não ser em contexto de estigmatização.