Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O esquecimento global

Menos de dois meses depois de a imprensa anunciar o fim do mundo, divulgando com estardalhaço o relatório do IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas) sobre o aquecimento global, o desastre ambiental caiu no esquecimento. Prova disso é que a Folha de hoje traz uma reportagem extremamente preocupante sobre crescimento da frotas de veículos, sem dedicar uma única linha ao seu impacto ambiental.



Diz a Folha que a frota de veículos no Estado de São Paulo cresceu num ritmo quatro vezes superior ao da população entre 2002 e 2006, segundo levantamento da Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).
Neste período, São Paulo ganhou mais 3,2 milhões de veículos, um aumento de 26%, e atingiu, no total, a marca de 15 milhões de carros, motocicletas, caminhões e ônibus. O número de habitantes no Estado, por sua vez, cresceu somente 6,2 % no mesmo período -de 38,1 milhões para 40,4 milhões. O crescimento da frota paulista foi ainda maior com as motocicletas, que saltaram 67%, de 1,4 milhão para 2,4 milhões. Haja espelho retrovisor!


Quais são as consequências?


Segundo o pessoal da Folha, apenas mais trânsito. ‘Os números preocupam especialistas em transporte. Para eles, os sistemas viários municipais não têm conseguido absorver os aumentos consecutivos da frota. Resultado: mais riscos de engarrafamentos, mais acidentes e mais mortes.O urbanista Marcos Pimentel Bicalho, superintendente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos), diz que as cidades estão se tornando reféns de veículos individuais, como autos e motos’. Nenhuma referência à poluição.


Um estudo coordenado pelo professor Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, mostra que a cada ano a poluição mata cerca de 3.500 pessoas na cidade de São Paulo. O ar poluído prejudica principalmente as gestantes, os bebês e os marronzinhos.
Por conta do álcool e dos catalisadores, é bem verdade, houve uma melhoria na qualidade do ar de cinco anos para cá, como me disse em junho de 2006 José Goldemberg, à época secretário do Meio Ambiente de São Paulo. Mas os autómoveis continuam sendo a principal fonte de poluição de ar na Grande São Paulo, principalmente no inverno, quando ocorrem as inversões térmicas.


Viva o etanol!


Enquanto Chávez espalha a pólvora da revolução pelo Continente, o guardião do capitalismo, o The Wall Street Journal, ataca de álcool. Na edição desta quarta-feira, o jornal propõe um movimento pela libertação do etanol. Para o jornal, o etanol brasileiro não deveria enfrentar restrições para entrar nos EUA.